Capítulo 2 - Raphaele - Cobrança
Parte 2...
Ela andou nervosa, a respiração acelerada. Sua cabeça começou a pesar. De tudo o que não queria fazer, servir de amante a um homem machista e abusivo estava no topo da lista.
— Você me vendeu... Como um objeto descartável. Isso é nojento.
— Não é bem assim... Eu só quero...
Ela começou a chorar. Não via como sair desse problemas agora, sem prejudicar pessoas inocentes.
— É bem assim – secou os olhos — Nunca, nunca na minha vida você agiu como um pai de verdade, mas isso já é demais. É de uma canalhice sem tamanho. Eu sou sua filha - disse alto, perturbada pela emoção.
— Melissa, entenda minha situação. Pense na situação dos seus irmãos. Só você pode evitar que eles sofram.
— Quem tem que fazer isso é você – ela correu para o quarto — Tudo o que fez com minha mãe, quer que eu repita com um desconhecido.
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_ Não acredito nisso, Raphaele. Por que tem que ser ela sua nova amante? - Paolo estava chateado com o irmão — Isso só vai nos atrasar ainda mais. Eu preciso voltar com urgência.
— Já disse, eu senti algo diferente.
— Ah, pelo amor de Deus! – bateu a mão na testa — Você está é louco, isso sim - olhou o celular — E eu tenho compromisso, sabia? Viemos aqui apenas para pegar o safado do William.
— Vamos recuperar o dinheiro - torceu a boca.
— Mas de acordo com essa sua ideia, ele não vai pra cadeia. E não é isso que eu quero.
Jonh viu quando William saiu pela cozinha e os avisou.
— Ele está lá atrás - apontou.
— Fique de olho nele - Raphaele mandou.
Jonh assentiu e saiu atrás de William.
— O que nós queríamos era a restituição do dinheiro, isso já conseguimos - moveu o pescoço, apertando a nuca.
— É, mas eu queria mais por toda dor de cabeça que nos causou. O que vamos dizer ao pai quando voltarmos?
— A verdade.
— Toda a verdade? - cruzou os braços — Inclusive essa novidade?
Ele entendeu o irmão mais novo. Quando saíram, prometeram resolver tudo e isso significava a prisão de William.
— Eu explico tudo ao pai - soltou um suspiro.
— Acho bom. Eu tenho coisas a fazer ao voltar.
Paolo queria muito ver Manuela. Ela já estava de volta de sua viagem ao Brasil, com certeza. Estava com muita saudade dela e queria vê-la.
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— E então? - Raphaele perguntou quando William se aproximou.
— Eu não consegui convencê-la.
— Ótimo - Paolo bateu as mãos _ Voltamos ao plano inicial.
— Não... Não posso ir para a cadeia - ergueu as mãos na frente do corpo — Esperem um pouco, ela vai aceitar, sei que vai.
— John, pode me trazer o notebook para a transferência - pediu Paolo — Sabe, você é um homem ridículo - ele disse com desprezo.
— Claro, vou pegar - John foi até o carro.
— Quando ele voltar você vai fazer imediatamente a transferência.
— Raphaele, você desistiu do combinado? - William estava nervoso.
— Não - e como ele poderia? Só de saber que ela estava ali perto, seu corpo formigava. Nunca na vida sentiu algo assim — Onde ela está?
— No quarto dela. O primeiro depois do corredor.
A cada passo ficava mais apressado em vê-la. Era como uma droga. Seu coração batia acelerado. Bateu na porta.
— Vá embora - ela gritou lá de dentro.
Raphaele abriu a porta devagar.
Ela estava deitada de bruços na cama. As pernas bem torneadas, o bumbum empinado. Sentiu pulsar seu membro dentro das calças. Era de admirar como ele estava encantado com sua figura.
— Melissa!
Ela deu um salto no colchão assustada e sentou, se se encostando à cabeceira.
— Saia! - apontou para a porta.
Ele não lhe deu atenção. Foi até a cama e sentou.
— Temos que conversar.
— Não temos, não - encolheu as pernas — Não sou culpada de atos insanos de William.
— Chama seu pai pelo nome?
— Às vezes... Na maioria das vezes - ela torceu a boca contrariada.
— Sabe que ele me pediu que a levasse daqui? - disse de propósito — Faz parte do acordo de quitação da dívida.
A decepção foi grande, mas foi só mais uma entre outras que seu pai já lhe dera. Sempre soube que era um incômodo morar tão perto da família dele, mas querer que um estranho a levasse para longe, aí já era demais.
Respirou fundo. Balançou a cabeça triste.
— Sabe no que implica a prisão de William?
É claro que ela sabia. Mas se sacrificar tanto? Valeria a pena realmente?
— Eu não tenho que pagar pelos erros dele - disse séria.
— Mas e seus irmãos? - atiçou, querendo que ela se comprometesse — Vai deixar que eles paguem? Vão ficar sem nada.
Melissa começou a respirar muito rápido. Seu nervosismo aumentou sua pressão. Começava a sentir tontura.
— Por que está me pressionando?
— Porque a quero em minha cama - foi honesto.
— É louco, por acaso? Como decide algo assim? E se eu tiver um namorado? Isso é absurdo - gesticulou nervosa.