Capítulo 1 - O Começo
Parte 2...
— Fiz negócios com seu pai.
— Não! Corrija sua frase. Você roubou nosso pai - Raphaele liberou a raiva — Ele acreditou em sua amizade e experiência nos negócios. Você o usou e depois deu o golpe na empresa, roubando milhões que desviou. Só que seus movimentos foram descobertos.
— Vai devolver tudo. Não deixaremos que saia impune.
Paolo estava irritado com o homem, com a ousadia dele em enganar seu pai, que sempre o tratou como um amigo.
— Quer que eu chame a polícia agora, senhor? - John pegou o celular para ligar.
— Não! - gritou William erguendo a mão — Esperem... Eu, eu... Vou pagar tudo. Cada centavo - suspirou fundo — Só não tenho como fazer isso agora... Tão rápido assim.
— E por que não? - Paolo ergueu a sobrancelha desconfiado disso.
— Não está em meu nome - ele sentou em uma cadeira de cabeça baixa, nervoso — Coloquei em nome de outra pessoa.
— Um laranja? - Raphaele perguntou — Eu sabia! Por isso investigamos seu patrimônio e não encontramos o valor desviado. Quem é a pessoa?
— Uma mulher - respondeu baixo.
— Sua esposa? Uma amante? - ele só negava com a cabeça — Quem?
— Minha... Minha filha - confessou.
Paolo riu alto.
— Mentira. Seus filhos são crianças pequenas e não há nada em nome deles. Eu chequei isso também.
— Minha... Outra filha.
Os irmãos se olharam e depois para John. Não havia registro de outra criança.
— E quem seria essa filha?
— É Melissa - ele alisou a testa — Ela mora um pouco antes de chegar aqui. Não mora comigo.
— Pois então a chame. Resolveremos isso aqui mesmo - Paolo disse querendo resolver logo.
— Não posso - gesticulou nervoso.
— Como não? - Paolo apertou os olhos e se aproximou com os punhos fechados — Faz ideia do quanto eu quero machucar você? Do quanto eu quero vê-lo preso?
— Ela não entra aqui - ele a cabeça entre as mãos — Minha esposa nunca permitiria. Ela é filha de outra mulher. Não se dão bem.
Raphaele deu uma risadinha cínica.
— Seus problemas pessoais não nos interessam. Queremos o dinheiro de volta agora. Mande chamá-la aqui.
— Não posso - ele repetiu.
Tudo bem - Paolo puxou o celular — De acordo com os nossos advogados, você pegará de vinte e cinco a trinta anos pelo desvio do dinheiro. Vai ter bastante tempo para pensar no que fez.
— Não esqueça que tem mais doze a quinze pelo dano moral e emocional que nosso pai sofreu - Raphaele completou.
— Exato! - Paolo estalou os dedos — E como tem uma cúmplice, acho que podemos acrescentar algo a mais, já que foi tudo premeditado.
Raphaele fez uma careta, pensativo.
— Hum... Acho que no final você vai sair com mais de quarenta anos de prisão. Talvez se tiver bom comportamento ainda saia com uns vinte anos. Sua família vai ter de pagar o que você roubou, mais os juros de danos morais - coçou o queixo — É, acho que não valeu a pena.
William pediu, implorou que eles lhe dessem mais tempo. Garantiu que iria devolver tudo, cada centavo.
— Para que você quer tempo? - Paolo riu — Não vai nos convencer. O que quer é tempo extra para fugir.
— Fugir? Quem vai fugir?
Todos se viraram para a porta atrás deles. Uma morena muito bonita, de seus quarenta e poucos anos, estava parada, olhando para eles, confusa com os olhos bem abertos.
— O que é isso William? - foi até ele — Quem são vocês?
William explicou sem detalhes o que acontecia e quem eram. A mulher ficou sem ação. Apenas os olhava como se fosse algum tipo de brincadeira. Apesar dos pedidos dele, os irmãos não saíram da sala.
— Eu preciso de privacidade para falar com minha esposa. É meu direito. Tenho que explicar, ela não sabe de nada.
— Seu único direito é pagar pelo que fez - Paolo apontou o dedo, irritado — Por mim já estaria preso agora. Chame logo essa tal Melissa.
— O que tem ela? - olhou com raiva para o marido — O que ela fez agora William?
— Nada - falou alto — Ela não fez nada.
— Ela está com o que nos pertence - Raphaele disse — É cúmplice de seu marido.
— Não! Pelo amor de Deus, ela é inocente.
— Será possível William... Essa gente de novo? - Diana falava com raiva — Sabe que não quero essa garota aqui.
— Melissa não sabe de nada - repetiu agitado.
Os dois começaram a discutir e por alguns minutos foi divertido. Mas eles não estavam ali pra isso. Queriam vingança pelo golpe.
— Chega! - Paolo gritou.
— Ligue para ela e diga que venha - Raphaele olhou-o feio.
— Não! - Diana o segurou pelo braço — Não quero aquela bastarda aqui. Sabe o que combinamos, William.
Voltaram a discutir. Ao que parecia a garota não poderia nunca pisar na casa e era filha de outra mulher, desprezada por Diana. William mantinha pouco contato, visitando-a de vez em quando. Era um assunto proibido e só aceitava seu contato com os filhos porque não tinha jeito.
— Se ela não vem, nós iremos até ela - Raphaele pegou de novo a pasta — Me diga onde posso encontrar essa garota.