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Surge uma nova amiga

No dia seguinte, sequer havia aviso de luto, pois quem havia matado Cilius fora Cellia, na qual assumiria o trono. Por ter um passado sofrido e por não ter os seus desejos realizados, acabou por se tornar uma ditadora e assim impor as suas regras, além de adotar ódio pelos shizens.

Iria acontecer o "toque de recolhimento" deles, onde poderiam ficar circulando pela floresta até às dez horas da noite e depois, iriam para as suas casas, onde tinham semelhanças com as casas dos humanos, mas eram feitas de palha, madeira ou folhas de bananeira, além de alguns móveis serem quase do mesmo material. Tinham um estilo parecido de vida com os dos humanos, mas lembrava muito ainda na época da Idade Média mais ou menos.

Os shizens só podiam fazer duas refeições ao dia, enquanto que ela realizava as quatro normalmente. Quem se impor contra ela, mandará os cavaleiros atrás de seus opositores para matá-los. 

Cellina era quem mais sofria em suas mãos. Acordava às seis da manhã e já começava a trabalhar. Eles não tinham mais empregados, já que Cellia os demitiu e mandou sua filha fazer as tarefas que eram impostas. Estava sempre usando a mesma roupa, uma manga curta amarela, já rasgada e suja e shorts também rasgados. Estava sempre com os pés descalços e cansada, além de sentir fome toda hora, já que só fazia também duas refeições ao dia. Na maior parte do tempo, sua mãe ficava a monitorando. Quando Cellina parava para descansar ou simplesmente aparentava sinais de exaustão, Cellia a chicoteava. Quando queria chorar, ela a chicoteava. Quando queria pedir para descansar, também era chicoteada. Cellia não queria que Cellina parasse com o trabalho e sempre que via sua filha, agora sua escrava, relaxar, lhe dava chicoteadas. Quando estava sem seu chicote, usava sua força bruta. Estrangulava Cellina ou então a agredia fisicamente. A pequena ficava com hematomas e sentia dores muitas vezes, mas não podia nem mesmo apresentar emoções, senão Cellia a castigava com mais agressões. Ninguém sabia que a princesa dos shizens estaria sofrendo esses abusos, tanto que foi espalhado um boato de que ela morreu junto com Cilius.

Um dia, naquele terrível castigo, Cellina estava colhendo legumes dos campos agrícolas, que tinha atrás do castelo. Estava cansada, mas não podia apresentar isso ou Cellia iria dar chicoteadas nela. Sua mãe olhava para ela, que tinha Makk, o conselheiro do rei ao seu lado. Nada ele podia falar, senão ele poderia sofrer as consequências e não se sabe ao certo o que poderia acontecer com ele. Eis que o conselheiro decide tomar coragem.

-- Majestade, posso falar com a senhora sobre um assunto?-- indaga Makk.

Cellia olhava feio para ele e depois olhava para Cellina, dizendo:

-- O que foi?

-- Bem, me impressiona que a senhora esteja realizando esses atos. Não sei por qual motivo, mas me preocupo com Cellina, afinal ela é uma criança frágil, inocente e delicada.

Cellia olhava de uma forma intimidadora para Makk, que ficava um pouco receioso e dizia:

-- O que está querendo dizer com isso? 

-- Bem, é que...-- Makk estava nervoso.-- ... Pode me escravizar, se for o caso.

-- E aquela imprestável que tem a personalidade de Cilius seria minha conselheira? Não, obrigada. Cellina continuará sendo minha fiel escrava. -- disse Cellia, que estava sacudindo o chicote em sua mão.-- E se voltar a me questionar de novo sobre meus atos, Makk, não hesitarei em tirar sua vida.

O conselheiro ficou mais intimidado ainda. Ele assentiu com a cabeça e apenas olhava Cellina trabalhar.

A garota caia no chão cansada. Estava deitada com a barriga para cima e havia derrubado os legumes que havia recolhido. Um sol forte estava sobre si e ela não aguentava mais. Estava com o corpo e as roupas sujas e ofegante.

-- Você ousou parar?-- Cellia para na frente dela. Estava com uma mão em sua cintura e a outra com o chicote.

-- Mãe, por favor, não me bate mais. Eu não aguento.-- Cellina começou a chorar e agarrou a perna de Cellia.

-- Me solte! -- Ela a empurra com a perna.-- Por ser igual a Cilius, vai sofrer. Aquele miserável do seu pai só se preocupava com o trabalho. E os shizens o tirou de mim. Agora você vai sofrer. Justamente por lembrar ele!

Entre lágrimas, Cellina gritava de muita dor. Não aguentava mais receber as chicotadas. Estava em seu limite, mas o que iria fazer? 

Makk decidiu não olhar. Tinha tanta pena de Cellina, que não queria vê-la sofrer, pois quem iria se machucar mais, seria ele.

-- Mãe... Chega, por favor...-- A pequena chorava muito.

Cellia a empurra com o pé e ficava agachada em cima dela.

-- Você está dizendo o que eu devo fazer?-- indaga a shizen, com um olhar intimidador e com uma voz macabra.

-- N-não.

- Eu acho bom.

Ela a pega pelo pescoço e a joga do outro lado do campo.

- Pegue estes legumes e leve para a cozinha! O cozinheiro está lhe aguardando.

A pequena teve que obedecer. Pegava os legumes e colocava na cesta, enquanto ia até o destino indicado.

Makk estava caminhando pelo castelo e via Cellina, que mancava por sentir dor no tornozelo carregando a cesta de legumes. Ele a olhava com pena e pensava:

--"Por que alguém dócil como ela tem que sofrer isso? Se pelo menos aparecesse algo ou alguém para livrá-la dessa situação. Eu não me importo de sofrer nas mãos de Cellia, mas tenho pena de Cellina. Ela ainda é uma criança."

-- Senhor Makk.-- A pequena ia até o conselheiro.-- Por favor, faça algo para me salvar.-- dizia entre lágrimas.-- Eu não aguento mais.

-- Cellina...-- o conselheiro estava pensativo.-- ... Não sei o que fazer. Tenho medo de Cellia me matar.

-- Sim...

Uma sombra da shizen era vista e Makk pediu para ir logo para o seu destino. Ela fez e Cellia apareceu, encarando o conselheiro, na qual este lhe olhava e depois desviava o olhar. A shizen continuou seu trajeto, indo em direção à cozinha.

Naquela noite, Cellina estava dormindo. Seu horário para descansar era às dez horas. Naquele momento, ela estava chorando. Tinha uma foto de seu pai consigo ainda. Nela, estava ele, ela e Cellia. Os três estavam sentados em um tronco de árvore sorrindo abraçados. Cellina estava no meio. Cellia estava no lado esquerdo da foto, enquanto que Cilius estava no lado direito.

-- Pai...-- A pequena chorava de uma forma mais intensa.-- Por quê? Por que isso está acontecendo comigo?-- Cellina abraçava a foto e estava de barriga para cima. Chorava em silêncio, pois tinha medo de que Cellia aparecesse já com um chicote na mão e fizesse seu trabalho.

Naquele momento, a pequena estaria refletindo um pouco:

-- "Eu quero uma vida melhor para mim. Que as coisas possam ser como antes. Eu não aguento mais essa vida..."

-- Quem está aí?- uma voz era escutada embaixo de sua janela.

Cellina tinha seu quarto no topo do castelo, como na maioria das histórias de princesas. A pequena olhava para a porta e a trancava. Não queria que Cellia aparecesse naquele momento. Ela foi ver quem era e via uma garotinha. Ela tinha a pele rosa clara e os cabelos, assim como o seu quimono eram rosa forte. Tinha os olhos rosados também e o chamado "coque de gueixa".

-- Estava falando comigo?-- indaga Cellina.

A pequena garotinha olhava para cima e se assustava. Via que era Cellina, a princesa dos shizens, mas estava em péssimo estado. Roupas e corpo sujos, além de apresentar uma expressão cansada e sofrida.

- Princesa? É você?-- indagou a garota.

-- Sim, sou eu. -- disse a pequena.-- Por favor, não se assuste. 

-- O que aconteceu?

Cellina decidiu contar e entre lágrimas. Não podia fazer muita espontaneidade, pois tinha medo de que Cellia viesse a aparecer.

-- Entendo.-- disse a garota.-- Me chamo Sakura e sou um dos últimos shizens cerejeira que restou.

-- Sinto muito.-- dizia Celina.-- Sei que logo irão se restabelecer. Infelizmente, muitas espécies de shizen estão morrendo.

-- Sim...- dizia Sakura, cabisbaixa.-- Mas não se preocupe. Vou conseguir ajuda para lhe tirar daí.

-- Obrigada.

Sakura corria e nisso, aparece uma onda de água gigante, que estava em movimento, ela entra no castelo e isso surpreende Cellina.

A onda apareceu na frente de Cellia, que caminhava pela sala.

-- Mas o que é isso?-- indaga a mãe de Cellina.

Aparecia ela, Oceânica. Estava irritada e dizia:

-- Cellia, já chega dessa palhaçada. Os shizens estão ficando cada vez mais extintos e você não está se importando. O que passa na sua cabeça?

-- Olha, não sei, talvez eu esteja cansada de sofrer e decidi fazer com que os outros sofram em meu lugar.

Oceânica estava mesmo irritada. Dizia:

-- Você esqueceu de tudo o que eu falei? Cellia, volte a ser quem era antes. O que está ganhando com isso? Eu sei que você mantém Cellina em escravidão e só não contei ainda porque eu ainda acredito que você ainda vai voltar atrás.

Cellia agarra seu pescoço e fala:

 -- Você até me deu bons conselhos, mas agora só quero ouvir aquilo que eu acho que é necessário ouvir. E acredito que seria melhor eu matar você.

Oceânica se desfaz em água e se transforma em uma bolha, tentando tirar o ar de Cellia. Esta libera uma aura forte e se livra da bolha, decompondo Oceânica. 

Esta se refaz e fala:

-- Se é luta que você quer, é o que terá.

-- Mesmo?-- Cellia sorri.-- Fico feliz por isso. Vamos nos enfrentar até a morte.

-- Certo.-- Oceânica parecia um pouco receosa, mas particularmente estava fazendo isso por Cellina, porque pelo o que pode perceber, esta estava sofrendo na mão de sua própria mãe, o que não era bom.

Oceânica e Cellia se preparam para um duelo. Será que a shizen água conseguirá derrotá-la?

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