O nascimento de Cellina
Naquele dia, Cilius chegava do evento que realizou. Estava cansado e estressado, além de carregar consigo alguns pergaminhos e nem deu atenção à Cellia, que o aguardava ansiosamente pelo anúncio de que ele seria pai.
-- Nossa.-- dizia a moça, pondo a mão na barriga.-- Não se preocupe, meu bebê, tenho certeza que seu pai mudará o humor quando souber de sua futura existência.
Cilius estava trancado em seu escritório. Cellia batia na porta.
-- O que foi?-- indaga o shizen.
-- Amor, queria lhe contar uma coisa.-- dizia Cellia.
- Agora não posso. Preciso fazer uns registros.
-- Mas é rápido. Por favor, abra a porta.
- Cellia, você vai me atrapalhar.
-- Vou atrapalhar você para sempre, se for o caso, até que me dê atenção. Abra agora esta porta ou eu mesma irei invadir seu local de trabalho, sem pensar duas vezes.-- Cellia falava em um tom sério e intimidador.
Imediatamente, Cilius abria a porta e colocava a cabeça para fora.
-- O que foi?-- indaga o shizen.
Cellia sorria, se contorcendo e dizia:
- Estou grávida.
-- O quê?-- Cilius se surpreende com a notícia.
-- Seremos pai e mãe.
O shizen estava impressionado com a notícia. Ele sai do escritório e começa a contemplar aquele grande momento.
-- Você já decidiu os nomes?- indaga o shizen.
- Se for menina, se chamará Cellina.- disse Cellia.-- Mas caso for menino, você decidirá.
- Minha nossa, eu nem sei qual nome botar, mas garanto que irei pensar o mais breve possível. Aliás, Cellina se for menina? Gostei do nome. Ela seria uma versão "mirim" sua.-- Cilius ri, assim como sua esposa.
-- Mais ou menos isso. Pelo visto, você gostou da notícia.
- Se gostei? Eu adorei! Um dos meus objetivos mais esperados era ser pai e parece que finalmente irei realizar esse sonho.
Cellia sorri e dizia:
- Eu sempre quis ser mãe. Nunca tive uma família que me apoiasse e que cuidasse de mim. Mas agora, tendo essa chance de construir minha família com você, vou me esforçar para ser a melhor mãe de todas.
-- E eu o melhor pai. Mesmo tendo sempre muito trabalho, farei o possível para conciliar os meus compromissos.
Ambos se abraçam e depois se beijam.
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Nove meses depois.
Dia 26 de dezembro de 1839.
Estavam todos os shizens reunidos para contemplar o nascimento do filho de Cellia e Cilius.
Tudo começou em um dia normal, todos estavam realizando os seus afazeres, quando de repente, a bolsa estoura. Assim como os humanos, os shizens também comemoram o Natal, mas para eles, seria uma confraternização com cada espécie ou então tudo junto. Um dia após o Natal, todos ainda estavam tendo algum ritmo desta data comemorativa. Por conta disso, estavam todos reunidos para contemplar o nascimento deste filho de Cellia e Cilius.
Havia nascido. Cheio de saúde. Tinha a beleza da mãe e aparentava possuir o perfil do pai, a personalidade e a boa vontade de cuidar dos shizens. Praticamente um herdeiro, ao mesmo tempo que um belo filho.
- Não acredito. É menina!-- disse Cellia.
-- Menina? Cellina?-- dizia Cilius.
-- Isso mesmo. A todos os shizens, eu anuncio o nascimento de Cellina! A herdeira do trono do Rei Cilius!
Todos gritam de alegria e se curvam para aquela que seria praticamente a princesa dos shizens, Cellina.
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Passado um tempo após o nascimento de Cellina, estavam Cellia e Cilius admirando o seu bebê.
-- Ela é tão linda.-- disse o rei dos shizens.
-- Ela puxou a minha beleza. -- disse Cellia.-- Eu sinto que a aura dela é confortável e aconchegante. Com uma pureza inigualável e pelo visto, ela será muito gentil. Ela terá sua personalidade, Cilius. Eu sinto isso.
O shizen sorri e fala:
- Vou dedicar mais tempo à ela. Prometo.
-- Promete mesmo?-- indaga Cellia, que se vira para ele.
Cilius assentiu que sim e em seguida, chegou uma shizen água, que também tinha um bebê em seu colo.
-- Parece que nasceu o seu filho, ou melhor, a sua filha.
-- Oceânica.-- Cellia sorri.-- Fico feliz que tenha contemplado o nascimento de Cellina.
-- Por que eu perderia? Somos amigas. Sempre apoiei você em momentos muito delicados em sua vida, além de ajudá-la no que precisasse. -- Oceânica olhava para o seu bebê.-- Tenho certeza que meu filho irá proteger sua filha. Eles serão amigos e irão se cuidar. Um ao outro.
Cellia olhava para o bebê de sua amiga e dizia:
-- E quem é essa coisa fofa? Como ele se chama?
-- Hidras. Ele será mais forte do que o falecido pai dele.
Ambas faziam uma pausa. Logo, Cellia dizia:
- Também torço para que nossos filhos se dêem bem um com o outro.
-- Se darão sim. Estou segura disso.
Elas então começaram a conversar, enquanto que Cilius brincava com a sua nova filha.
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Cem anos se passam.
O ano é de 1939.
Cellina já estava com 100 anos de idade e tinha 10 anos, se considerarmos a idade humana. Ela estaria brincando com algumas crianças perto do castelo. Diferente do que Cellia e Cilius pensavam, por Cellina ser a princesa dos shizens, as outras crianças iam começar a tratá-la de uma forma mais distinta do que o costume, porém não. Estavam todas se divertindo com ela e nem mesmo os próprios pais tinham preconceito com Cellina. Por que disso? Será por causa de sua aura que apresenta uma pureza e uma gentileza inigualáveis? Não se sabe ao certo.
-- Cellina, vem tomar banho! Está ficando tarde!-- Gritava Cellia para a sua filha. Todas as outras crianças se despediram dela e saíram.
Cellia, ao ver sua filha, sorri e fala:
- Você se divertiu muito?
- Sim, mamãe. Estou até mais cansada.-- dizia a pequena, que se sentava no chão, de tão exausta que se encontrava.
-- Venha, vamos tomar um banho.-- disse Cellia.
-- Mas e o papai? Por que ele vive trancado naquela salinha?-- indagava a pequena.
Cellia dava uma risadinha pela referência que sua filha fazia ao escritório e dizia:
-- É que o papai trabalha muito. Mas não se preocupe, minha filha. Ele ama você. Adoraria estar com você naquele momento, mas ele é muito ocupado.
-- Entendo.-- disse Cellina, um pouco triste.
Depois de ter levado sua filha para o banho e terem ido para a sacada, observar as estrelas o que era costume delas, aparecia Oceânica, acenando para ambas, com Hidras ao seu lado.
-- Por que vocês não vêm aqui?- -indaga a shizen água.
Cellia adorava Oceânica. Sempre esteve ao seu lado e ambas sempre se ajudaram, mas a shizen água foi a que mais se dispôs a ajudá-la no que precisasse.
Ambas desceram para sair do castelo e começaram a caminhar.
-- Cilius não fica preocupado?-- indaga Oceânica.
-- Olha, amiga, ele está tão focado no trabalho que já deve ter esquecido da minha existência e da filha dele.-- disse Cellia, que pensava em algo.-- Ou talvez tenha esquecido apenas de minha existência. Vai entender.
Oceânica ri e fala:
-- Sim, a gente sabe que ele é o rei e tem trabalho, mas desse jeito, vai acabar ficando estressado e correr o risco de prejudicar a própria família.
- Nisso eu concordo. Cellina passa mais tempo comigo do que com ele. Mesmo assim, quando os dois estão passando um tempo um com o outro, parece que é todo dia. Eles se adoram muito, mesmo que estejam distantes.
-- Acho que é sinal de que Cellina nasceu para ser realmente a filha dele. Talvez para ajudá-lo em alguma dificuldade ou então para seguir os seus passos. Pode ser também que ela sente falta dele mesmo.
- Se for isso mesmo, eu vou na terceira opção. Ela sente falta de seu pai. Ele trabalha tanto que nem dá muita atenção para nós duas.
Ambas olhavam para os seus filhos, que brincavam, enquanto caminhavam com as suas mães.
-- Só sei de uma coisa, Cellia.-- disse Oceânica.-- Você é uma mulher de sorte por ter alguém como o Cilius. Eu já estou à procura de outra pessoa, mas fico pensando: Hidras vai aceitar essa pessoa? Eu tenho que fazer o melhor para ele agora, fazendo com que ele fique confortável com a sua vida. Não posso administrar a minha se não sei se irá impactar ou não a vida dele.
- Nisso você tem razão. Mas até lá, acredito que virá alguém bom para vocês.
- Assim espero. Sempre que ele comenta sobre o paradeiro de seu pai, não sei se conto para ele ou não a respeito dele ter morrido na mão do rei anterior, o Leon.
- Quem sabe quando ele ficar mais velho. Isso aconteceu há mais de cem anos.
-- Sim. Acho que ele consegue esperar mais um século.
-- Você que sabe. -- Cellia ri.
Elas ficaram caminhando com os seus filhos, onde depois, pararam em um campo aberto para eles brincarem e assim, elas ficaram sentadas em um canto de árvore e ficaram conversando.
Depois de algumas horas, percebendo que estava ficando tarde, elas voltaram para o castelo, junto com os seus filhos.
-- Obrigada pelo passeio, Oceânica. Adorei muito.-- disse Cellia.
- Eu que agradeço pela companhia. Nos vemos na próxima.-- disse Oceânica e assim, ela e seu filho saíram.
Cellia levava Cellina para a sala e dizia que iria fazer o jantar. Estava a pequena shizen sentada em uma almofada esperando pela comida, pois estava com fome.
Às vezes ela olhava para o escritório onde estava Cilius e se perguntava por que ele trabalhava tanto. Estava em altas horas ainda realizando o seu dever, que mal sabia que era para com o povo.
-- Não acredito que Cilius ainda está trabalhando. Chamarei ele para jantar.-- disse Cellia, que saía da cozinha.
Normalmente, Makk fazia a comida para os reis, mas quando ele não estava presente no momento, Cellia era quem fazia. Os reis shizens são mais independentes do que os reis humanos. Faziam o que queriam, como se fossem plebeus, mas não faziam muita coisa, se for considerar isso.
Cilius saía irritado. Não gostava de ser atrapalhado em seu trabalho. Se sentava na frente de sua filha e a garota estava animada em ver seu pai.
-- Oi, filha.-- Cilius sorri.
Cellia, que fazia o jantar, olhava para os dois, que se divertiam em sua presença. Em seguida, ela voltou a fazer o que tinha planejado.
Mas vamos narrar o que acontece em seguida no próximo capítulo.