1- Cataleya Winchester McAll(1)
– Por favorzinho, eu prometo chegar cedo, Mãe. – Faço a cara mais fofa que tenho, encarando os meus pais. Estou há uma semana implorando para ir a uma festa com a minha amiga Selena e meus irmãos, mas meus pais são muito rígidos com a minha segurança e dos meus irmãos. Mais rígidos ainda para com a minha segurança por eu não ser igual a eles. Os meus irmãos podem até sair de vez em quando. Mas e eu? Para mim é um “Não” na certa.
Eu quero tanto ir para nessa festa. Quero ver como é uma... se é como meus irmãos e a Selena falam.
– Não podemos ariscar a sua segurança princesa, você sabe disso – diz meu pai a olhar-me cheio de pena e amor.
Meu pai é o melhor, sempre carinhoso, fazendo nossas vontades, nos mimando muito. Ele é o coração mole que nos defende sempre que aprontamos alguma besteira. No entanto a minha mãe é outra história. Ela é a que nos põe na linha, que nos faz pagar por cada trapaça que fazemos. Ela nos ensina a ser fortes para podermos enfrentar o nosso mundo.
– Eu não vou arriscar a sua segurança, você não vai e acabou o assunto. – Diz a senhora minha mãe me dirigindo um olhar decidido, o que significa que acabou o assunto. Mas hoje não, hoje não irei aceitar. Estou cansada disso tudo.
– Por que não mãe? Eu quero ver pela primeira vez na minha vida como é uma festa de adolescentes. Estou cansada de passar a vida trancada nesse lugar, de não poder ir aonde quero, de não poder fazer o que quero, por causa da minha segurança. Eu tenho vinte anos mãe, já sou maior de idade, posso cuidar de mim mesma sozinha. Estou cansada de ouvir dos meus irmãos mais novos como é uma festa, como é na cidade, como é tudo que não posso ver, por causa da minha segurança. Eu aceitei tudo que vocês mandaram por vinte anos e quando vos peço pela primeira vez para ir a uma festa, vocês negam? Deveria fugir como me disseram? Foi errado eu vos pedir permissão como me ensinaram? – Digo tudo de uma vez e vejo-os de olhos arregalados e arrependidos me encarando.
– O que foi isso?
Eu nunca falei desse jeito com ninguém e vou logo falar assim com os meus pais. Que tipo de filha estou-me a tornar?
O arrependimento chega e baixo a cabeça arrependida, olhando o meu All Star vermelho.
– Desculpem-me, eu não queria dizer isso tudo – digo baixo sentindo minhas bochechas corarem de vergonha. – Já não quero ir à festa – digo isso sem encará-los, a sentir-me mal por brigar com eles por causa de uma festa.
– Podes ir à festa. – Levanto a cabeça sem acreditar e encaro a minha mãe.
– Sério? – Questiono sem acreditar e minha mãe acena em concordância sorrindo, os meus lábios também se abrem em um grande sorriso e abraço a minha mãe.
– Obrigada mãe. Amo-te! – Digo abraçando-a forte e ela devolve o abraço na igual intensidade.
– Eu também te amo querida – diz sorrindo, mas logo fica séria. – Eu estou a deixar você ir porque disse tudo o que estava a sentir e eu quero que converse com a gente sobre o que se passa nessa cabecinha e nesse coração. – Diz séria, mas sorri quando vê a cara de papai se fechar quando ouviu a palavra “Coração”.
– Isso mesmo querida. Eu e sua mãe não sabíamos como te sentias em relação a isso. E lembre-se que somos os seus pais e não seus inimigos. – Diz papai se juntando ao nosso abraço. – Esquece a parte do Coração só daqui a 30 milénios – resmunga me fazendo rir baixo.
– Eu te amo papai. – Sinto o sorriso de papai próximo.
– Eu também te amo, agora vai se arrumar afinal a festa é daqui a três horas. – Assim que ele acaba de falar solto-me deles subindo escadas às pressas e ouvindo ainda os seus risos. Apesar da obsessão deles pela nossa segurança, eles são os melhores pais do mundo e os melhores Alfas que já existiram.
Assim que abro a porta do meu quarto me deparo com três pares de olhos me encarando. – O que fazem aqui? – Pergunto a Selena e meus irmãos David e Katrina.
– Eu não sei, só quero que isto acabe logo, estava a fazer algo importante - diz David jogado na minha cama entediado.
– Cala a boca David, desde quando pegar uma vadia é importante? – Pergunta Katrina irritada o fuzilando com seus grandes olhos verdes. Katrina é a que mais se parece com a mamãe, os cabelos castanhos pouco cacheados e os olhos verdes. Já eu e David temos os mesmos olhos castanhos de papai, como os cabelos morenos, mas os de David são pouco mais claros.
– Calem-se os dois - diz Selena e levanta da cama. – Estamos aqui para organizarmos tudo para a Cat. – Diz sorridente e a olhamos sem entender.
– Hoje a Cat irá para uma festa de verdade em vinte anos. – Assim que ela acaba de falar oiço o grito dos meus irmãos.
– Não brinca – grita Katrina pondo a mão no peito. – A mamãe deixou? – Aceno em concordância e eles começam a saltar de um lado para o outro falando coisas.
David pega minha cintura, me girando e a rir pelo quarto.
– Nos iremos divertir muito maninha – me dá um beijo na bochecha me fazendo rir.
– A gente tem que procurar uma roupa perfeita. – Diz Katrina eufórica e Selena concorda.
– Por favor, gente. Eu quero vestir-me do meu jeito. – Digo e elas olham-me desanimadas.
– Mas o seu jeito é delicado demais, Cat. – Diz Katrina e aceno negativamente com a cabeça.
– Não, Cat, eu quero ir do meu jeito. – Dou a minha palavra final e elas concordam mesmo relutantes.
– Eu gosto do seu jeito delicado, mana – David diz sorrindo. – Aliás, todos homens gostam. – Pisca um olho para mim, fazendo-me corar e todos riem.
– Saiam daqui, eu quero me arrumar – digo isto empurrando-os até a porta.
– Fica bem gatinha mana, talvez você desencalhe hoje. – É David a falar-me essas palavras, a sorrir e piscando o seu olho direito para mim.
Fecho a porta na sua cara e oiço David reclamando da minha falta de educação. Sorrio pelo que ele disse e vou me preparar