Prólogo
– Tens que ir atrás dela – diz a minha irmã pela centésima quarta vez.
– Eu sei – dou de ombros, colocando os meus pés por cima da mesa do escritório e encaro os seus olhos azuis pegando fogo.
– “Eu sei”, foi o que disseste há dois anos e até agora nada.
Meche as mãos nervosamente.
– Eu sei o que disse – Solto um suspiro passando a mão pelo meu cabelo nervosamente.
– Então? – Levanta a sobrancelha para mim.
Leslie é tão irritante que se não fosse minha irmã já a teria matado há muito tempo, só pela boca grande.
– Então, que ainda não é a hora – Levanto e caminho em direção a janela do escritório, de onde posso ver todo o meu reino.
– Eu não escutei isso – dá uma risada amarga. – Eles irão atrás dela, e mesmo assim você fica aí sentado, nessa cadeira, sem se preocupar com a sua prometida.
Eleva o tom da sua voz, mais baixa assim que a encaro.
– Eu não me preocupo com aquela piralha, mandei os meus homens a protegerem. Isso já basta! – digo e ela balança a cabeça discordando.
– Você está se esquecendo de algo, todos nós dependemos dela e o nosso povo está perdendo as esperanças. –viro-me para ela.
– Oque achas que eu deva fazer?
– Ir atrás dela e trazê-la para nós. Nunca viste sequer uma foto dela – diz e mexe nalgo na bolsa em cima da mesa.
– Eu não preciso ver uma foto dela. Minha opinião não irá mudar sobre ela. – Digo exasperado sem olhá-la.
– Estás mais frio, não pareces o meu irmão e sim o Cavaleiro Negro que todo o mundo teme.
Com um rápido movimento a prendo na parede com a minha mão ao redor do seu pescoço bloqueando a respiração.
– Nunca mais me chame assim aqui dentro, você sabe o que acontece quando eu perco o controlo. – digo rugimente, sentindo os meus olhos tentarem mudar de cor. Olho para Lesley e vejo medo em sua face. Os seus olhos estão brilhando com as lágrimas acumuladas. Solto o seu pescoço e ela o acaricia olhando-me magoada.
– Eu estou a voltar para o nosso irmão que está lá, a cuidar da sua prometida e da nossa empresa.
Diz séria levando a sua bolsa e indo embora. Caminho em direção a janela, mas algo me pára no caminho chamando minha atenção à mesa. Caminho até lá e vejo uma fotografia. “Deve ter sido a Leslye que esqueceu” – sobressalta-se em mim este pensamento.
Pego na foto e viro-a. Espanto, admiração e um pouco de orgulho, são os sentimentos que me tomam assim que vejo a sua foto. A sua beleza era tão surreal, sensível e tão inocente que me perguntei se ela era para mim.
Que a pora de destino está brincando comigo por me dar como prometida alguém tão oposto!
Mas de uma coisa eu tinha a certeza. Eu iria buscá-la, porque me pertence. Nem que eu tivesse que mostrar ao mundo quem é o Cavaleiro Negro de verdade.