Capítulo III - Sophie
Eu não conseguia acreditar que ele estava me beijando, em um segundo estava gritando com ele e no outro tudo escureceu e ele me agarrou.
Sua boca devorava a minha e a cada volta que nossas línguas davam ele parecia ainda mais faminto. Subi meus dedos por suas costas, apertando ele contra mim e sentindo o calor que emanava de seu corpo, mesmo com toda aquela roupa.
Ele segurou minha nuca, tombando minha cabeça e aprofundando ainda mais nosso beijo enquanto a outra mão desceu até minha bunda, meu vestido deixava cada uma das minhas curvas marcadas e eu lembrei o que ele falou da minha roupa mais cedo, uma fagulha ardeu em meu peito com o pensamento de que ele já estava olhando meu corpo com lúxuria.
Um gemido escapou de minha garganta quando ele sugou minha língua e eu desviei meus lábios em busca de ar, meu coração estava disparado meu sangue fervia com um desejo que nunca senti antes. A boca dele grudou em meu pescoço e eu gemi sentindo ele beijar minha pele, subindo até o lóbulo da minha orelha.
— Por Deus, garota! — ele falou com a voz áspera e sua respiração bateu contra mim. — Se não pararmos agora vou jogá-la nessa mesa.
Me lembrei do lugar onde estávamos, a qualquer momento alguém poderia aparecer e nos pegar daquele jeito, pior seria se ele me colocasse sobre a mesa e fizesse o que sua voz prometia.
Foi a primeira vez que perdi a noção de tudo à minha volta e segurei seu pescoço voltando a beijar sua boca, me sentia bêbado com a sensação de nossas línguas se tocando uma necessidade dentro de mim aumentando a cada segundo.
Ele apertou minha bunda e eu segurei seu pulso que estava em meu pescoço, foi ai que as luzes se acenderam e como se aquilo fosse um gatilho ele se afastou de mim com rapidez.
— Está tudo bem? — foi o que consegui falar enquanto tentava recuperar o fôlego e o via correndo de mim como o diabo foge da cruz.
Pisquei várias vezes tentando entender o que tinha acabado de acontecer, olhei em volta buscando qualquer coisa que pudesse me dar uma resposta, então eu vi a máscara preta que ele usava esquecida na mesa.
Patrick apagou as luzes para poder tirar a máscara e me beijar, mas correu assim que algo fez elas se acenderem. Ele não queria que eu visse seu rosto!
Peguei nossos pratos começando a retirar a mesa e fui até a cozinha, se ele não queria falar comigo sobre isso, só podia tentar com Holly.
— O que aconteceu? Pensei que estavam se entendendo quando não ouvi mais nada.
— Ele me beijou. — falei em voz alta ainda atordoada com tudo o que aquele beijo me fez sentir.
— Isso é bom, não é?
— É ótimo, mas então as luzes acenderam e ele correu pra longe.
O sorriso dela morreu e ela deixou os ombros caírem, me dizendo o que eu temia.
— Ai menina, você vai precisar ter muita paciência. Patrick não gosta que outros vejam seu rosto depois do acidente, demorou até deixar de usar a máscara perto de mim e John, mas com pessoas de fora ele continua assim.
— Eu desconfiei disso, não sei porque ele correria assim, estamos casados e eu vou acabar vendo alguma hora.
Respirei fundo lembrando do beijo, eu sabia que ele sentia tanto desejo quanto eu, senti sua ereção e posso ser uma virgem, mas já li vários livros de romance com cenas hot e sei o que senti. Todos os sinais estavam lá, até mesmo ele ter apagado as luzes só para poder me beijar.
Holly tinha razão eu só precisava ter paciência e como prometi não ia me dar por vencida tão fácil.
Voltei pro meu quarto e não demorei a dormir, meus pensamentos todos carregados com as sensações do nosso beijo.
Quando sai do quarto de manhã não havia nem sinal dele, atravessei a casa e fui em direção a cozinha, mas parei quando avistei Patrick na sala de jantar.
— Bom dia esposo. — entrei na sala me sentindo otimista a máscara cobria seu rosto e estava de dia, não teria como beijá-lo, mas tomada por aquela vontade beijei sua bochecha coberta.
— O que pensa que está fazendo? Acha que isso é alguma piada? — ele bradou irritado e eu travei antes de me sentar.
— Só estou lhe dando bom dia, qual é o problema nisso? Nós somos casados, você me beijou ontem.
O ar estava carregado de energia sexual enquanto nos encarávamos e eu estava pronta para brigar, podia ter paciência e continuar tentando, mas se aprendi uma coisa vivendo com meu tio, foi a não baixar a cabeça ou as coisas ficariam muito piores.
— Sim, beijei e vejo que foi um erro!
Estreitei o olha sabendo que ele estava tentando me atacar só porque o peguei desprevenido, mas eu não ia ceder.
— Um erro que está louco para repetir. — me sentei com o queixo erguido e comecei a me servir. — Não sei como achava que vamos fazer algum filho se continuar fugindo dos beijos.
Ele se levantou e capturou meu queixo, apertando e me obrigando a encará-lo. Mas eu sorri, mesmo que meu coração galopasse de medo que ele me batesse, eu sorri fingindo não estar afetada.
— Não brinque comigo, garota!
— Ou o que? Vai me bater? Me devolver para os meus tios? Cancelar o dinheiro? Acredite em mim, não há nada que possa fazer para me atingir.
Vi Patrick trincar a mandíbula, parecendo se controlar, então ele tirou a mão do meu rosto e voltou a se sentar.
— Você não me conhece...
— Nem você me conhece! — gritei calando a boca dele e engolindo o choro que ameaçava escapar de mim. — Se não queria uma esposa deveria ter feito um acordo diferente, mas você pediu por uma esposa e eu vou agir como tal. — encarei os olhos que estavam quase totalmente escondidos na máscara. — Mesmo que você não faça o mesmo.
Olhei para o prato a minha frente, sentindo que todo o meu apetite tinha ido embora, nem mesmo todas as frutas e bolos me fizeram querer comer, por isso empurrei a cadeira e sai de lá.
Meu peito estava apertado e foi só eu virar o corredor longe dos olhos dele para que meu queixo tremesse e eu me rendesse ao choro. Não sei se foram todas as emoções dos últimos três dias, ou o medo de que ele fosse me bater e que pudesse ser tão horrível quanto meu tio, mas tudo me alcançou como uma avalanche.
Eu era um estorvo nas mãos do meu tio e fui trocada sem nem pensar duas vezes, e agora só conseguia imaginar que tinha sido dada a alguém tão ruim quanto ele.
Não importava o que Holly dizia, ou os pais de Patrick, ações valiam mais do que palavras e ele estava mostrando quem era.
Andei pelos corredores da casa enorme até me deparar com uma porta aberta e bastou uma espiada para ver as prateleiras, eu entrei rapidamente me deparando com estantes e mais estantes, dois andares repletos de livros.
Ao menos aquilo me faria gostar daquele lugar, um refúgio no meio de toda a tempestade.
Peguei um livro e me sentei na poltrona perto da janela, era como eu me esquecia dos problemas desde pequena e foi o que fiz agora. Não sei por quanto tempo fiquei ali até que a porta se abriu e eu dei de cara com Patrick.
— O almoço está na mesa. — ele disse sério, mas ao invés de ir embora ficou ali me encarando, esperando que eu me levantasse. — Vamos, deixe de criancice e venha comer.
— Ou o que? Vai se importar se eu cair de fome? Duvido muito.
Conversas doces podiam até servir, mas já tinha visto que ele demonstrava mais humanidade quando eu o provocava. Voltei meus olhos para o livro e os passos ecoaram pelo chão de madeira.
— Levante-se Sophie, ou vou jogá-la sobre o meu ombro!
— Talvez eu espere que faça isso, ser carregada pelo marido é o sonho de qualquer mulher não é mesmo?
Talvez eu estivesse indo longe de mais, só não ia voltar atrás agora. Duas mãos grandes me agarram pelo braço e me levantaram rapidamente e então ele empurrou meu corpo até me encostar à estante.
O rosto dele se aproximou do meu e quis muito arrancar sua máscara, seus olhos encontraram os meus e as mãos dele seguraram minha cintura com firmeza.