

SR. & SRA. COHEN
[ Sábado, vinte e oito de maio ]
Esperando-a no altar estava ele, vestindo um terno sob medida que a fez duvidar se a quem enxergava era mesmo Jonathan Cohen ou o anjo Lúcifer. O CEO não estava somente de cair o queixo, mas também personificava a tentação.
Quem também não se deixava para menos era Catherine, que jazia deslumbrante em seu vestido de noiva fabricado por uma das mais exclusivas marcas de Madrid, cortesia de seu sogro que apesar de em um primeiro momento não ter a aceitado muito bem, logo se descobriu um homem muito amável.
Como ensaiado pela organizadora de eventos, a noiva caminhou vagarosamente até o altar, sendo em seguida acolhida por Jonathan, quem se encontrava mil vezes mais a flor da pele do que ela.
— Está com frio? — Catherine o perguntou diante da tremedeira notável.
— Estou bem. — Disse ele, aparentando exatamente o oposto da afirmação.
O sermão do juiz de paz juntamente do restante da cerimônia levou mais de uma hora em ser concluído, o que tornava cada minuto de pé na frente de todos, dez anos de energia sendo drenada.
Quando a "tortura" teve fim, Jonathan nem mesmo duvidou em dizer "sim" para a pergunta principal daquela noite.
— De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados.
Os poucos mais de oitocentos convidados assistindo a cerimônia bateram palmas, fazendo com que o próximo ato fosse caminhar para fora do altar e adentrar o salão logo ao lado.
Como planejado estava presente o DJ e em seguida foi feita a distribuição da entrada do buffet, o que em especial foi uma verdadeira salvação para Catherine. Com o medo de que qualquer grama a mais fosse a fazer perder o vestido, ela preferiu se abster do café da manhã e almoço, e agora finalmente traziam em bandeja de prata sua recompensa.
— Sra. Cohen, aqui está a entrada, espero que aprecie. — Se dirigia a ela a melhor chef de cozinha da capital.
— Oh… obrigada. Tenho certeza que adorarei.
Sua postura frente a todos desde aquela fatídica tarde em quê foi apresentada como a noiva de Jonathan, a fez ter de mudar. Cuidar das palavras, dos movimentos e principalmente da imagem tornou Catherine uma mulher com muito mais bagagem do que qualquer outra teria comumente na sua idade.
Ela precisava não só estar a altura dos Cohen, mas também atuar como uma apaixonada.
— Jonathan, pode cortar isto pra mim? — Pediu ao ouvido do marido.
— Claro, amor. — Respondeu ele carinhosamente.
Na mesma mesa do casal, olhos se atentavam a cada amostra de intimidade entre Catherine e Jonathan.
Mesmo contente com a nora, Jorge tinha suas dúvidas em relação a capacidade de entrega do filho. Afinal de contas, Jonathan só havia se casado na primeira vez com Pamela, por que achou que seria o correto a se fazer depois de ela ter engravidado de Agnês.
Os gêmeos também tinham sua parcela de atenções com a nova cunhada, detestaram a primeira esposa do irmão, mas planejavam desvirtuar a segunda e arrastá-la para as festas e baladas noturnas com eles.
Além de, é claro, as filhas do CEO. Agnês se sentia muito confortável ao conversar com a madrasta sobre tudo e Beatriz a amava como se pela primeira vez na vida estivesse de verdade tendo uma mãe.
Sem muita privacidade para serem o que realmente eram, parceiros de negócios, eles aproveitaram a chamada para a dança dos noivos e partiram para a pista de dança ganhando enfim um lugar para conversarem a sós.
— Por que continua tremendo? — Foi a primeira pergunta a partir de Cat, depois de se juntarem para dançar.
— Creio ser minha hipoglicemia.
— E não colocou nada na boca até agora?
— Todos os pratos oferecidos foram salgados, preciso de algo doce.
— E por que não pegou da mesa?
— Não consigo comer quando estou nervoso e além disso, meu pai saberá que não estou bem se me vir comendo chocolates. — Explicou, olhando para a mesa, de onde Jorge os observava.
Pensando sobre o que poderia fazer, Catherine aproveitou o desfecho da dança e a vinda de mais casais pra pista, para chamar um dos garçons servindo doces.
— Gostaria de algum senhora? — Perguntou um rapaz alto e franzino, oferecendo duas opções de alfajores tradicionais.
— Aceito este aqui. — Falou ela, pegando um dos doces dispostos na bandeja.
Quando o garçom tomou sua licença e se retirou, o casal novamente estava livre para terem a privacidade de que precisavam, mesmo com outros convidados ao lado.
— Coma.
— Não, não acho que eu consiga comer agora. — Jonathan a respondeu, com uma careta enjoada.
— Precisa comer. — Ela insistiu.
— Eu posso pegar um doce outra hora Cat.
— Bom, se não vai por bem, vai por mal. — Catherine advertiu dando uma mordida no doce e em seguida puxou o marido pela gravata.
Com o pescoço de Jonathan sendo rebaixado pelo puxão, este estava pela primeira vez cara a cara com a esposa depois do beijo no altar. Se aproveitando da altura regulada, Catherine o beijou de língua, pedindo passagem de forma necessitada e a conseguindo. Quase se poderia dizer que ela estava adestrando o CEO.
O chocolate na boca da esposa, também terminou se fazendo engolir por ele, coisa que Jonathan estranhou, mas não sentiu asco ou qualquer reação do gênero. Pelo contrário, ele até mesmo gostou e quando pela segunda vez Catherine pegou uma trufa de uma garçonete que passava, nem foi preciso esforço, ele mesmo a retirou da boca da mulher.
— Acho que nunca gostei tanto de estar doente. — Ele comentou no ouvido de Catherine.
— Aproveitador.
Uma nova música lenta os fizeram focar a atenção em algo mais do que a situação do beijo com sabor de chocolate. Tão logo a tensão se dissipou, uma outra pergunta vinda de Catherine entrou em pauta:
— Como foi que me convenceu a chegar até aqui?
— Bem, nós entramos em um acordo. — Respondeu ele, omitindo alguns pontos.
Por trás da frase simples estava a omissão dos últimos quatorze dias em que ele ofereceu lhe dar uma "nova vida" para convencê-la a casar.

