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Capítulo 5

Stella Venator

Estou de porte da minha espada em mãos quando meu pai pula em um salto tão bem preparado, cortando a cabeça do vampiro ancião nos ares. Porém, ele é pego por outro que o agarra pelos ombros.

Minha mãe corre em sua direção, tirando suas adagas, e em um salto ela segura meu pai pelas pernas, fazendo a criatura o soltar. Os dois são derrubados no chão mais distantes de mim. Ao observar essas criaturas pela primeira vez de perto, sinto o medo começar a tomar conta.

A espada da minha mão começa a tremer quando inicio uma corrida em direção aos meus pais, que estão se levantando. Minha mãe me olha ao gritar:

— Atrás de você, filha!

Foi como se eu sentisse a criatura se aproximando por trás. Seguro firmemente a espada e espero o momento certo, me virando e acertando-a diretamente no coração. Observo a criatura cara a cara enquanto ela se transforma em cinzas diante de mim. Minha espada, banhada na verbena, é letal para eles se acertar o ponto correto.

Ao voltar minha atenção para meus pais, percebo que estão cercados por quatro dessas criaturas. Estão em posição de ataque, esperando o momento certo. Ao redor, vejo várias criaturas nos ares e iniciandos mortos, junto com caçadores feridos. É um verdadeiro caos.

Corro em direção aos meus pais para ajudá-los. Percebo os quatro se aproximando deles enquanto lutam bravamente. Meus pais me olham preocupados quando uma criatura morde meu pai no pescoço e ele cai. Não sei se está vivo ou morto.

Sinto um aperto no peito e fico paralisada observando aquela cena. Minha mãe se ajoelha ao lado dele. No desespero, grito enquanto começo a correr:

— Mãe à sua direita!

Ela me olha e segura uma de suas adagas, dando um mortal para trás da criatura e a ferindo. Com a espada do meu pai, decepo a cabeça dela.

Meu pai não se move e, em lágrimas, me aproximo da minha mãe. Ela me olha sorrindo fraco enquanto vem ao meu encontro. No entanto, uma criatura a agarra por trás e a levanta no ar. Vejo suas adagas caírem no chão e sinto um aperto no peito quando a criatura a solta de cima.

Seu corpo desfalecido se choca contra o chão. Olho para o corpo do meu pai de um lado e o da minha mãe do outro. Deixo minha espada cair no chão e me ajoelho desolada em lágrimas. Fecho meus olhos quando percebo outra criatura voando em minha direção, esperando apenas pela morte.

Sinto algo se chocar contra o meu corpo e, ao pensar que havia morrido, abro meus olhos. Observo um homem lutando bravamente contra aquela criatura, mas ele não usa armas. Apenas seu corpo e suas mãos. A criatura o segura pelo pescoço enquanto ele vira seu corpo sobre os braços dela, quebrando seu pescoço.

Ele é solto e cai em pé. Ao terminar de decepar a criatura com sua espada, percebo que isso precisa ser feito porque apenas quebrar o pescoço nos dá uma vantagem para matá-los, já que ficam vulneráveis por pouco tempo até se levantarem novamente.

Ao me ver caída no chão, ele se aproxima rapidamente e me levanta em seus braços. Com os olhos cheios de lágrimas, observo seu rosto desconhecido. Ele nos afasta do local e, ao parar perto de uma árvore, me coloca no chão e se abaixa para olhar nos meus olhos, sorrindo enquanto diz algo que não consigo ouvir claramente.

— Maya, é você?— perguntou, surpresa.

— Como?

Perguntei enquanto noto suas mãos ainda sujas com o sangue da criatura se afastarem de mim. Ele se levanta e me olha parecendo confuso.

— Fique aqui, até as criaturas irem embora!

Diz ele, pegando uma rosa branca que havia perto de nós. Ele sorri e me entrega a rosa, contendo algumas manchinhas de sangue onde sua mão a tocou. Em seguida, ele desaparece rapidamente da minha frente, da mesma maneira que apareceu.

Não podendo nem querendo ficar ali sozinha, me levantei ainda segurando a rosa e voltei correndo para o local do ataque, que estava um pouco distante. Demorei um pouco até chegar.

Ao entrar novamente, apenas escuto o silêncio e meu coração se aperta a cada passo que dou. Vejo várias criaturas mortas, assim como caçadores feridos e até mortos, incluindo meus pais.

No centro, estão os outros sobreviventes, alguns caçadores e iniciantes ainda feridos. Com lágrimas escorrendo pelo meu rosto, passo entre eles e me aproximo. Sinto uma mão no meu ombro, oferecendo apoio. Ao olhar por cima do ombro de quem me abraça, vejo o homem próximo a uma árvore, nos observando.

Ainda em choque com o que acabou de acontecer, me desfaço do abraço e passo por eles, correndo na direção daquele homem que sorri ao me notar.

— Eu quero saber quem é você e o que estava fazendo aqui? - pergunto, ofegante.

No meio do caminho, ele permanece imóvel, mas ouço alguém me chamar.

— Stella, onde você vai? - diz uma voz familiar.

Paro e me viro para ver quem é. É um amigo do meu pai. Volto minha atenção para o local onde o homem estava, mas ele desapareceu. Olho ao redor, tentando encontrá-lo, mas o amigo do meu pai se aproxima e segura meus ombros.

— Venha, vamos! Vou te levar até seus padrinhos - diz ele.

Ainda tentando avistá-lo, solto a flor que estava segurando e ela cai no chão. Seguimos em direção ao carro.

*** No enterro dos meus pais, me aproximo do caixão abraçada à mãe do Liam, em lágrimas e com uma dor imensa no peito. Observo as rosas no local e vejo uma familiar.

Me aproximo da rosa, segurando-a em minha mão, percebendo que é semelhante àquela que aquele homem havia me dado. Procuro por ele entre as pessoas, passando por elas com um aperto no peito, até ser interrompida pelo abraço do Liam.

Ao perceber que o homem não está ali, me aconchego no abraço do Liam e permito-me chorar. Chega a hora de enterrar meus pais junto de suas armas preferidas.

Me aproximo das armas - uma espada e duas adagas - algumas lágrimas caem, mas respiro fundo e as enxugo. Retiro-as de cima dos caixões e saio dali com ódio nos olhos.

**FIM DA LEMBRANÇA.**

Após terminar de contar o que lembro ao Liam, ele me olha com uma expressão séria e diz:

— Você viu o que me contou, Stella!

Surpresa e sem entender exatamente o que ele está querendo dizer, pergunto:

— Como assim?

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