Capítulo 4
Stella Venator
Entendo que o Liam está me olhando com uma de suas sobrancelhas erguidas, o que indica que ele não está me entendendo. No entanto, não quero falar sobre isso agora.
Então, continuo dirigindo de volta, mantendo minha atenção voltada para a frente. Depois de um tempo, seguimos em silêncio até chegarmos à cidade novamente e vou direto para o nosso apartamento.
Estaciono o carro em frente ao prédio de três andares, onde estamos hospedados no primeiro andar, em quartos ao lado. Liam tem medo de que eu fuja.
Ele está usando apenas sua jaqueta, mas consegue andar perfeitamente bem. Quando chegamos perto dos quartos, ele me olha e diz...
— Stella, você está realmente bem?
—Na verdade, não.— Respondo, sentindo várias emoções agora e não sei qual delas é mais forte.
— Quer conversar? — Diz ele, olhando para mim, enquanto respiro fundo.
Não tenho muitos amigos, então apenas converso com ele! Se eu não contar a alguém, sinto que vou explodir, então apenas afirmo que "sim". Entro com ele em seu apartamento, enquanto ele vai até o seu inseparável frigobar pegar uma garrafa de uísque e volta com mais dois copos.
Reviro os olhos ao observá-lo, pior do que um Opala para beber, mas aceito o copo que ele por sinal encheu para mim!
— Tá querendo me embriagar?"
Perguntei, voltando minha atenção para ele, noitei que ele encheu o copo dele também, ao se sentar ao meu lado dizendo...
— Claro que não, só te mostrando o que é bom para relaxar. Agora vai, desembucha. Você anda muito desligada ultimamente.
— Eu sei, mas tem muita coisa acontecendo, me deixando um pouco confusa.
— Tipo o quê?
Diz ele, virando e bebendo quase todo o uísque do seu copo. Eu dei apenas um gole e o trem já desceu queimando. Imagina o que faz beber direto assim.
— Quando fui atacada pelo vampiro e você estava ocupado com o lobisomem, lutei até conseguir derrubá-lo. Mas não fui rápida o suficiente para fazer isso antes de você ser ferido. Quando o lobo te desmaiou, corri para te ajudar. Fiquei sem balas e sem minha espada, apenas com minhas adagas, no tudo ou nada contra ele. Um homem apareceu e me ajudou.
— Quem? O príncipe encantado?— Diz ele, terminando de tomar seu uísque enquanto me olha sorrindo. Volto a olhar para ele seriamente enquanto afirmo...
— Liam, é sério! Tenho certeza de que é ele, o homem que me ajudou quando meus pais morreram.
— Stella, como você pode ter tanta certeza? Já se passaram tantos anos desde aquela noite.— Diz ele, olhando para mim enquanto respira fundo. Ele também era muito apegado aos meus pais.
— Eu sei que é ele, Liam. Ele tem a mesma aparência. Eu nunca esqueci aquele rosto. Ele estava lá naquela época e estava aqui hoje.
— O que ele ganharia com isso? O que ele quer?
Liam me lança um olhar desconfiado enquanto coloca o copo de lado. Levanto-me e faço o mesmo, com o meu copo ainda contendo um pouco de uísque não bebido.
— Eu não sei! Ele some tão rápido quanto aparece.
— Stella, não sei... Não estou gostando disso.
Ele anda de um lado para o outro enquanto o observo, e eu digo:
— E você acha que eu gosto? Eu mais do que ninguém quero saber quem ele é, e por que sempre está no mesmo lugar que eu. Só sei que seu nome é Diogo.
— Como você sabe o nome dele? — Ele para de andar, coloca as mãos na cintura e pergunta. Respiro fundo e afirmo:
— Eu não sei, Liam. Foi só o que eu disse quando o vi. Não faço ideia de onde veio esse nome, ele não trocou uma palavra comigo além de me chamar de Maya!
Conversamos por horas, compartilho todos os detalhes com o Liam, mas não chegamos a nenhuma conclusão. A única suposição é que ele talvez não tenha envelhecido. Mantenho em segredo a atração que senti por ele quando o vi sozinho naquele lugar. Liam me pede para contar detalhadamente o que aconteceu na noite da morte dos meus pais. Eu concordo e começo a relembrar aquela dolorosa noite.
***LEMBRANÇA***
Sou despertada por minha mãe, uma caçadora altamente reverenciada, assim como meu pai. Eles estão radiantes porque hoje será minha primeira caçada iniciante, depois de anos de treinamento. Sou filha única e não temos parentes próximos, mas os Bellator, amigos de meus pais, são meus padrinhos.
No entanto, eles não poderão comparecer à iniciação esta noite porque Liam foi infectado por um vírus e está se recuperando. Eu dormi durante o dia para ter energia durante a noite e agora abro os olhos para ver minha mãe sorrindo ao me chamar.
Ela tem lindos cabelos lisos e loiros que estão presos em um rabo de cavalo. Seus olhos são verdes claros e ela tem um sorriso doce. Está vestindo uma segunda pele preta, calça cinza escuro e botas de cano longo com suporte para suas adagas.
Ao lado dela está meu pai, com cabelos curtos castanho claro e olhos castanhos claros. Ele está bem barbeado e usa uma camisa cinza, calça azul escura e uma jaqueta com suporte para sua espada.
Minha mãe me ajuda a me arrumar para minha primeira caçada. Visto uma legging preta, segunda pele escura, jaqueta por cima e botas de salto preto.
— Como você está se sentindo, meu amor? — pergunta minha mãe com brilho nos olhos. Voltamos até meu pai e eu respiro fundo antes de responder:
— Nervosa, mãe, e um pouco assustada!.
Sim, estou com medo. Vi essas criaturas apenas em fotos, nunca pessoalmente. Tenho medo de não dar conta ou deixar o medo tomar conta de mim e não conseguir reagir. Minha mãe ajusta minha jaqueta e afirma:
—Não se preocupe, meu amor. Ainda somos humanos e é natural ter medo. É o nosso gatilho para não cometermos erros, mas fomos treinados para controlá-lo. Você se sairá bem
— Sim, minha filha. Na iniciação, não encontraremos muitas criaturas. Procuramos os melhores lugares com poucos vestígios para não sobrecarregá-los, mas lembre-se de que estaremos ao seu lado — diz meu pai se aproximando e me entregando a espada que escolhi.
Temos nossos objetos preferidos e por algum motivo essa espada me chamou a atenção, mas as adagas também me encantaram quando as vi.
— Vamos, mulheres da minha vida— afirma meu pai nos abraçando e beijando minha mãe e eu na testa.
Já mencionei que eles são os melhores pais do mundo? Carinhosos e amorosos, adoro estar com eles. E assim seguimos juntos até o carro, na verdade, três carros.
Após quase uma hora de viagem, chegamos ao local pesquisado. Sinto minhas pernas tremerem e minhas mãos suarem quando saímos dos carros e começamos a buscar.
Observo o silêncio mortal que paira sobre o lugar até ser rompido por várias criaturas voando sobre nós. Não são poucas, são muitas. Meus pais ficam em posição de defesa ao meu redor, enquanto começo a ver outros caçadores sendo levados pelo ar.
— Estamos sobre ataque, proteja a Stella — ouço meu pai dizer para minha mãe, quando cinco criaturas voam em nossa direção.