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05

Londres - Inglaterra

ANNABELLA

Um pouco antes do amanhecer, acordo, sobressaltada. Meu coração estava aos pulos, como se eu tivesse corrido uma grande distância. As cortinas estavam abertas, permitindo a entrada da luz do luar através da vidraça. Respirei fundo, os meus batimentos cardíacos e minha respiração readquiriram um ritmo normal.

Esperei um tempo para os meus olhos se ajustarem à iluminação reduzida no ambiente, girando a cabeça para o lado, percebi que Betha ainda estava dormindo. Silenciosamente, me levantei e comecei a andar com passos lentos e regulares em direção a janela, fiquei observando a rua que estava completando deserta.

Eu estava inquieta e impaciente. Desde o momento que o meu pai me comunicou do jantar na residência do Duque de Gordon, que as imagens dele surgiram como flashes a minha frente, me tirando o fôlego. Em meio a tantas mulheres lindas naquele baile, é uma sensação única ser alvo de tamanho interesse. E, sobretudo, por um homem tão lindo e tentador como ele mostrar interesse em alguém tão simples como eu.

Eu não consigo entender o porquê de ter atraído a atenção dele. Eu sei que não sou feia, porém, no baile havia mulheres muito mais belas e atraentes. Eu estava sendo consumida pelos meus pensamentos a respeito dele, e o nervosismo em saber que novamente estaria em sua presença, só aumentava o frio que se instalou em minha barriga.

Fiquei tão distraída, perdida em meus pensamentos que perdi totalmente a noção do tempo, pois logo o deserto que se encontrava a rua, deu lugar a uma grande movimentação de pedestres e carruagens. Deixei meus pensamentos de lado quando ouvi a voz de Bethany.

— Bom dia, filha!

— Bom dia, mãezinha.

— Você sabe que não pode ficar se referindo a mim dessa forma. Se Lorde Waston ouvir, é bem capaz de me afastar de você.

— Não importa o que o meu pai pense, você sempre será a minha segunda mãe, a pessoa que sempre esteve ao meu lado e a única que sempre demostrou ter algum sentimento por mim. Eu a amo e nada e nem ninguém vai mudar o que eu sinto.

Seus olhos estavam cheios de lágrimas, dei alguns passos acabando com a distância que nos separava e ao ficar em sua frente, a envolvi em um forte abraço. Passamos um bom tempo abraçadas. Eu não sei o que seria da minha vida se não fosse o amor que ela me deu, minha Betha não tem noção da dimensão que seu amor e seus cuidados são preciosos para mim, foram eles a razão de eu ter sobrevivido após ter sofrido tanta rejeição da parte da pessoa que deveria ser o meu herói, aquele que deveria me amar e me proteger. No entanto, ele jamais fez questão de esconder o ódio que sente pela minha existência.

Horas depois...

Minha manhã e o restante tarde se resumiu, entre o café da manhã, o almoço e depois acabei adormecendo. Quando acordei, já foi com o meu pai me chamado aos gritos, pois teria só uma hora para me arrumar. Tomei um banho rápido, enquanto Betha já tinha colocado em cima da cama, o vestido que eu vou usar. Só de pensar no jantar que acontecerá daqui a algumas horas, a ansiedade e a expectativa tomam conta de mim. Deixei os meus pensamentos de lado e adentrei o quarto, caminhando em direção à cama, encontrei um vestido de tecido de linho cor safira, decorado com delicadas rendas prateadas. Minutos depois, já arrumada e com um penteado bem elaborado. Tanto eu, quanto Bethany, voltamos nossa atenção para porta quando uma batida ecoou. Em questão de segundos, o meu pai apareceu no meu campo de visão. Ele estava vestido todo de preto, exceto pela gravata que era branca. Com uma expressão totalmente diferente da que ele tinha antes da noite do baile, para ser sincera, o meu pai está bastante estranho. Talvez ele acredite que o interesse do Duque possa resultar em algo mais sério, o que lhe seria bem conveniente, já que dinheiro e bens materiais se tornou mais importante que a própria filha.

Fiquei totalmente surpresa quando ele me elogiou e em seguida estendeu sua mão em minha direção, me ajudando a levantar. Nós minutos seguintes, caminhamos em direção a carruagem que logo entrou em movimento, encostei minha cabeça no encosto e um turbilhão de pensamentos se fizeram presentes.

"Afinal de contas, qual é o verdadeiro interesse do Duque de GORDON em relação a mim?"

HENRICO

Depois da minha conversa com Lorde Waston, tratei de mandar James providênciar todos os documentos para o desgraçado assinar, e assim pagar a dívida que ele acumulou ao longo dos anos. Respirei fundo e caminhei em direção ao banheiro, minutos depois, de banho já tomado, me arrumei e deixei meus aposentos.

Nunca em toda minha vida tinha sentindo tamanha inquietação, eu fiquei andando de um lado para outro, até que fui avisado que os convidados haviam chegado. Um esboço de sorriso surgiu no canto da minha boca, desviei o olhar para porta e logo os dois surgiram no meu campo de visão.

A beleza de Annabella era assombrosa. No entanto, além da aparência exterior dela, existiam sinais mais complexos, mais profundos que dava para ver o sofrimento em seus olhos e tensão nos seus traços faciais, porém, o que me chamou a atenção foi o seu coração puro e a inocência dela que em breve irão me pertencer, assim como a sua alma. Deixei meus pensamentos de lado assim que eles percorreram a pouca distância que nos separava e depois de alguns passos, ficaram em minha frente.

Minha voz logo preencheu o ambiente.

— Sejam bem-vindos a minha casa. Senhorita Watson, é um prazer revê-la novamente.

— Obrigada pelo convite, Vossa Graça.

Mesmo tentando disfarçar, estava visível o seu nervosismo. No entanto, o infeliz que estava ao seu lado, tinha um largo sorriso em sua face. Não demorou muito, Alfred surgiu em nossa frente anunciando que o jantar já seria servido. Deixamos o hall, indo em direção à sala de refeições. Minutos depois, com todos acomodados à mesa, a comida foi servida. Os momentos seguintes tudo ocorreu em silêncio, percebi que Annabella quase não tocou na comida e sempre se mantinha de cabeça abaixada, o que me agradou de imediato, pois a submissão já faz parte da minha futura esposa. Depois da sobremesa, deixamos o ambiente e voltamos para o hall principal. Assim que nos acomodamos, resolvi ir direto ao assunto, me virei para Annabella e em seguida minha voz preencheu o ambiente.

— Senhorita Waston, o motivo do jantar de hoje foi para avisá-la que dentro de duas semanas acontecerá o nosso casamento.

Ao ouvir as palavras proferidas por mim, a mulher que antes tinha uma expressão suave no rosto, ficou com os olhos arregalados e uma expressão totalmente indecifrável. Se essa infeliz cogitar que não será minha, ela vai aprender do jeito mais doloroso que somente a minha vontade é o que importa.

“Annabella, dentro de duas semanas, você será minha para sempre”.

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