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Cap 5 - Cam

Os três dias a seguir se passaram lentamente e eu tento a todo custo não ficar ansiosa. Mas por que estou assim? “É só um almoço, Ana” – digo a mim mesma, tentando relaxar um pouco.

Aqueles olhos de Cam ficam na minha mente e não consigo tirá-los. Mas que coisa, o que esse homem tem? Ele me olhava de um jeito intimidador e sua voz sexy com aquele sotaque americano dizendo meu sobrenome me deixou tão... envergonhada. Esse homem vai fazer da minha vida uma loucura. Ele fala super bem em português, imagina ele falando em inglês? Caraca, não posso ficar assim… Eu mal o conheço e estou super atraída por ele, mas por quê?

Afasto esse pensamento e outra coisa vem em minha mente. A minha faculdade de Medicina está sendo uma maravilha, eu estou amando. É meu sonho cursar medicina e tenho certeza de que vou me sair bem. Após acabar minha aula na faculdade, chego em casa exausta, tomo um banho e, assim que coloco um vestido, vejo meu celular vibrando em cima da mesa do computador.

Vou até ele e leio a mensagem: 

[Querida, te peço perdão por aquele dia. Podemos conversar?]

Nesses dias que se passaram eu nem tinha pensando em Márcio, o que sentia por ele estava no fim realmente, e depois daquele comportamento horrível ele simplesmente sumiu da minha mente e dos meus pensamentos. Ainda bem, agora Cam está ocupando minha mente. 

Porém, diante do seu contato, o medo me consome. Leio três vezes a mensagem. Ele é louco? Nunca mais vou querer vê-lo e nem conversar com ele. O que ele fez comigo naquela ocasião foi um aviso para nunca mais deixá-lo ficar perto de mim novamente. Agora tenho certeza de que ele é um louco e pode fazer coisas horríveis comigo. Só de pensar nisso fico apavorada.

Eu respiro fundo e tento me acalmar. Ligo para meu pai, que ainda está na rua, e peço para ele comprar um chip novo para mim.

Quando ele chega, eu agradeço e ligo para algumas amigas da faculdade que confio que não passarão meu contato para ninguém. Dou meu número novo para minha amiga de São Paulo também. Informo aos meus pais o porquê de eu ter trocado de chip e eles concordam comigo. Ligo para minha faculdade e passo meu novo número a eles. E, por fim, faltava o Cam. Ele pegou meu antigo número que estava no currículo. Preciso mandar uma mensagem para ele avisando da troca do número, ou então ele não vai conseguir me contatar. Tomo coragem de uma vez e mando.

[Oi, Cam, aqui é a Ana Caroline. Desculpe se estou lhe incomodando a essa hora. Estou mandando essa mensagem para informar que esse é meu novo número. Por favor, delete o antigo dos seus contatos. Tenha uma boa noite.]

Clico em enviar e aguardo. Após uns minutos, já recebo sua resposta.

[Ótima noite, Caroline. Não incomodou em nada. Obrigada pela mensagem. Se me permite uma pergunta, aconteceu alguma coisa pela qual precisou trocar de número?]

Ele manda um emoticon com a mão no queixo no final, tipo pensativo. Eu sorrio e respondo.

[Não foi nada, Cam, somente algumas razões pessoais, não se preocupe. Até amanhã.]

Ele responde dizendo:

[Tudo bem, até amanhã.]

Depois de avisar a todas as pessoas mais importantes, eu me deito e acerto o despertador. Vou dormir cedo para acordar descansada.

Acordo com o despertador berrando meus ouvidos até doeram. Eu o desligo e vejo uma nova mensagem recebida, da faculdade. Minha professora está passando mal e agora só vou ter aulas no sábado. Espero que a professora fique bem, mas pelo menos vou dormir um pouco mais, eu penso feliz e volto a dormir.

Acordo novamente sonolenta às oito da manhã. Meu pai está no trabalho e minha mãe, deve ter saído, já que não para em casa. Desço para a cozinha e vejo que tem pão de queijo na mesa, bolo e café quentinho. Pego uma caneca e me sirvo de leite e café, como alguns pães de queijo e vejo um pouco de televisão, pois faz tempo que não vejo. 

Depois, já que tenho um tempo livre, resolvo ler um livro da Autora Bell J. Rodrigues, Sedução do Amor. Estou na parte em que Bryan começa a se importar por Annie, que é uma tradutora. Ela trabalha para ele e ambos estão começando a se gostar. Annie sofreu um acidente e Bryan, sem perceber, se mostrou preocupado com ela. Já estou shipando esse casal. Bryan é um empresário sedutor e lindo, essa autora se inspirou em Cinquenta Tons de Cinza, mais de uma maneira diferente. Bryan não é sádico igual ao Sr. Grey, só é arrogante, ciumento e controlador. Sim, eu li umas partes para a frente, fiquei curiosa. Eu sei, sou louca.

Após ler um pouco mais do livro, vou tomar meu banho mais rápido que o normal, coloco um vestido preto e maquiagem leve com um lindo delineador nos olhos. Eu deixo a carne pronta para minha mãe só fazer arroz ou outra coisa.

Ajeito meus cabelos e respiro fundo. Exatamente no horário combinado, recebo uma mensagem de Cam avisando que me aguarda em frente à minha casa. Abro a porta e o vejo encostado em seu carro, me esperando. No começo, fico um pouco assustada por ele saber o meu endereço, mas logo me recordo que está escrito no meu currículo. Dou um sorriso torto ao trancar a porta de casa e vou ao seu encontro.

NOSSA! Ele está lindo de terno cinza escuro, de cabelos para trás com uma mecha caindo nos olhos. Seu cheiro me deixa tonta, em um sentido bom, pois ele tem um aroma maravilhoso. Ele me olha, sedutoramente. “Caramba, não faz isso, Cam.”

— Boa tarde, Caroline. Você está linda.

Sua voz e seu sotaque sempre vão me deixar boba. 

— Boa tarde, Cam. Obrigada, você está elegante.

Ele sorri e beija meu rosto. Sinto minhas bochechas arderem de vergonha e meu corpo inteiro arde. Sua boca é quente e muito macia. Ele me olha intensamente após o beijo e abre a porta para mim. Eu agradeço e olho para a frente. De repente, vejo o Márcio me olhando do outro lado da rua e tenho um sobressalto. Ele está disfarçado, mas eu sei que é ele, eu o conheço bem.

O que ele faz aqui? Eu congelo e começo a tremer de medo. Cam percebe e se aproxima de mim, segurando minha mão delicadamente, e diz:

— Você está bem? Está tremendo, Caroline, o que houve? 

Eu olho em seus olhos, tremendo mais ainda, e uma lágrima me escapa enquanto digo: 

— Não é nada, por favor, vamos almoçar.

Eu sorrio torto para ele, que me conduz para dentro do carro e segue adiante.

— Está mesmo tudo bem?

— Está sim, me desculpa qualquer coisa.

Eu sorrio, sem graça, e respiro fundo. Agora estou mesmo ferrada. Estou morrendo de medo do Márcio, pois ele pode achar que eu o estava traindo. O que será que ele pode tentar comigo?

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