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Cap 6 - Cam

Estou com medo, sei que não devo, mas estou. Será que Márcio pode tentar alguma coisa por achar que eu o estava traindo? Eu espero que não.

Cam me olha de lado a cada minuto, ele deve estar pensando um turbilhão de coisas, mas não quero falar sobre minha vida pessoal com ele. Cam não tem nada com isso, e é meio chato ficar falando da nossa vida para nosso chefe. Pois é, meu chefe, lindo e intimidador.

Depois de meia hora em silêncio, chegamos ao belo e chique restaurante. Ele abre a porta do carro para mim e depois me guia até a entrada. Ao entrarmos, olho ao redor e vejo muitas pessoas nos observando. Eu odeio ser o centro das atenções, ainda mais em um lugar como esse, mas tenho que tentar ficar calma.

Nos sentamos a mesa que ele reservou e ele pede o melhor vinho do restaurante. Ele me olha, sorrindo torto. Aquele sorriso que me deixa boba e perdida em pensamentos.

— Tudo bem mesmo, Caroline? Não quer falar a respeito? 

Eu olho para ele, admirando sua beleza. Não tem como negar que ele é lindo, e esses olhos então? Nossa, são olhos penetrantes.

— Sim, estou bem. Estou curiosa para saber como vai ser meu trabalho, se não se importa.

Mudo de assunto de uma forma educada. Olho para o lado e ajeito meu cabelo que está solto. Cruzo as pernas e volto a olhar para ele, que me observa atentamente.

— Claro, bom… você trabalhará para mim das sete às sete. Com uma hora e meia de almoço. Sugiro que almoce na minha empresa. Há um restaurante lá e posso te garantir que será do seu agrado. Aos sábados, seu horário de trabalho será de sete às onze. Domingo será sua folga. Alguma pergunta? 

Eu suspiro e digo envergonhada.

— Nenhuma. Quer dizer, na verdade tem uma coisa. Eu esqueci de mencionar no currículo que faço faculdade de Medicina e tenho aula durante a semana de seis às dez da noite. Eu não posso me atrasar na faculdade. Então, seria possível eu ser liberada às cinco da tarde? Se for preciso, eu chego às seis em ponto em sua empresa.

Cam me olha, pensativo. Seu olhar é sério e tenho até medo do que ele possa me dizer. Graças a Deus o vinho chega e o garçom nos serve.

Cam nem pergunta o que eu quero e pede um prato italiano: capeletti ao molho bechamel.

Ele me olha, após ficarmos a sós novamente. 

— Bom, só peço que seja pontual, Caroline, pois detesto atrasos. 

— Não vou me atrasar, Senhor, eu prometo. 

— Espero que não se importe em ter pedido nossa comida. Acabei de me lembrar que tenho um compromisso daqui meia hora.

— Entendo perfeitamente, você tem compromissos, é claro.

Falo rápido demais, Cam está bravo, eu sei que sim. Mas eu simplesmente esqueci de mencionar a faculdade, como sou burra às vezes.

Após a comida chegar, eu como um pouco do prato italiano tomo uma taça de vinho e limpo minha boca após comer.

Cam come um pouco e diz que vai agilizar o pagamento da conta. Eu fico sentada, esperando que ele retorne, quando sinto que alguém me observa. Caramba, será que ando vendo muito suspense ultimamente? Não pode ser.

Olho para o vidro do meu lado e vejo Márcio com um boné, me observando em pé em frente ao vidro. Caio da cadeira, tamanho o susto, e começo a tremer no chão. Minha bunda doeu e meu vestido ficou todo amassado. “Meu Deus, até quando eu vou ficar com medo desse cara? Por que meu ex está agindo assim? Me perseguindo?”

Quando decido me levantar, Cam se abaixa na minha frente e me pega pela cintura, me levantando. Ele está muito perto. Sinto seu cheiro gostoso e fecho os olhos, querendo absorver mais esse cheiro para não esquecer, até que ele me tira dos meus pensamentos.

— Caroline, você se machucou? 

Abro os olhos e vejo que ele ainda está muito perto, preocupado. Como ele é lindo, meu Deus. Sua mão ainda está na minha cintura e é uma sensação tão boa sentir seu toque. Eu respondo, balançando a cabeça, parando de pensar besteira.

— Estou, me desculpa, eu sou muito desastrada. Me desculpa mesmo.

Cam tira suas mãos da minha cintura e fala:

— Tudo bem. Então vamos.

Ele me guia novamente para a saída e eu olho para trás, a procura de Márcio, mas ele não está mais ali. Será que o vi mesmo ou é coisa da minha cabeça? “Eu não sou louca”, digo a mim mesma. 

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