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Cap 3 - Cam

Após aquela cena na minha casa com Márcio, ele não me ligou e nem mandou mensagem. Foi bom, pois se ele me procurasse, eu faria um escândalo. Tive bastante medo de que ele me estuprasse, mas agi, e tinha aquela linda vassoura ali para me ajudar, sem ela eu não sei o que teria feito.

— Ana Caroline? 

Meu pai me chama lá da sala, eu passo um perfume e desço. Ele está usando terno e está muito bonito. Meu pai se arrumou demais, acho um charme ele assim.

— Oi, Senhor Bonitão. Bom dia!

Digo, contente, e ele sorri para mim, depois se senta e diz:

— Chegaram cartas para você, Ana. Espero que seja alguma notícia boa.

Meu pai, Charles, bebe seu café e beija o topo da minha cabeça, depois vai para o trabalho. Olho as correspondências que estão na mesa e vejo que tem três cartas endereçadas a mim. Pego a primeira e é somente um boleto para eu pagar, reviro os olhos e vou para a próxima. Mais uma conta, agora da internet.

A terceira é uma carta da minha amiga de São Paulo. Eu a abro e ela diz que está vindo pra Uberlândia daqui a alguns meses. Nos comunicamos só por e-mail ou carta, pois ela vive viajando e adora me enviar postais, mas agora que ela me passou seu novo telefone e vamos poder nos falar melhor. Sorrio e pego o celular para ligar imediatamente para ela, mas nessa mesma hora ele vibra em minha mão. Desbloqueio a tela e vejo que recebi um novo e-mail. O remetente é C&CH – Empresa de Construção: Cam Holder. 

Fico animada, já imaginando do que se trata. Leio o e-mail até o final e confirmo a minha expectativa. Eles estão me convocando para uma entrevista amanhã às sete horas da manhã. Isso é perfeito! Sorrio e vou até a lavanderia ao encontro de minha mãe.

— Advinha quem tem uma entrevista amanhã? - Mostro o celular para ela, dou alguns pulos de felicidade quando estamos bem próximas.

Dou um enorme sorriso para ela. Minha mãe arregala os olhos tentando ler o e-mail e diz feliz.

— Sério, filha? Estou feliz por você. Você vai conseguir, tenho certeza disso.

Ela me abraça e retribuo, contente. Aproveito e lhe ajudo a estender as roupas.

Algumas horas mais tarde, ligo para Marie e pergunto quando ela vem para Uberlândia. Digo que na minha casa tem um quarto de hóspedes e que ela poderia ficar aqui. Nos falamos por mais um tempo e conto que terminei o namoro e que tenho uma entrevista amanhã. Ela me deseja sorte e nos despedimos.

Depois de jantar, vou até minha mãe. Decido contar sobre o Márcio, mas ela não precisa saber de tudo.

— Mãe, eu terminei com o Márcio.

Ela arregala os olhos e diz:

— Ia até te perguntar quando ele viria aqui. O que houve? 

— Bom… ele não era o cara certo. Sei que namoramos por dois anos, mas já não sentia nada por ele, só um carinho mesmo, e assim que rompemos ele mostrou um lado agressivo. Agora é melhor cada um viver a sua vida.

— Como assim, agressivo? Ele te atacou? – Ela diz, mostrando que não deixou essa informação passar despercebida.

— Calma, mãe, já foi resolvido. Ele não me bateu, está tudo bem.

Minha mãe respira fundo, se controlando, mas sei que ela ficou preocupada. Dou um beijo nela e digo que está tudo bem. Falo que a amo e que vou me deitar. Amanhã será um novo dia e estou bem ansiosa. Tenho que me acalmar, respiro fundo e deito na minha cama macia e cheirosa. Sinto-me abraçada e segura, então adormeço rapidamente.

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