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Capítulo 3: Onde ela Está?

Brian Bernardi

Quando a vi naquele jantar, tudo mudou. Seus olhos verdes me fascinaram e me envolveram em um feitiço ao primeiro momento. Uma atração fora do comum e um sentimento novo que preenchera meu coração no instante em que a vi.

Era como uma Deusa. Cabelos pretos longos, corpo escultural com curvas sensuais em 1,70m de altura. Olhos verdes como Esmeraldas, não é à toa que seu nome era o mesmo que a preciosa pedra verde como seus olhos intensos e cheios de vida. Seu sorriso encantador em uma boca carnuda, fazendo com que eu queira beijá-la desesperadamente.

Ela percebe minha indiscrição por olhá-la tanto. Ela se afasta. Caminho atrás dela sem que me perceba pois preciso conhece-la. Sei que ela é a filha do Arnald Donava, mas quero saber mais dela. Sempre a vi em meus muitos momentos em que estive a negócios em Londres. Sempre fora linda e cheia de vida. Mas agora, mais do que nunca, sabia que estaríamos mais perto e que assim poderia conquista-la e ficarmos juntos.

Vejo que ela entra em uma sala que desconfio ser a biblioteca. Ela fecha a porta e fico ali parado frente a mesma esperando alguns minutos antes de adentrar naquele lugar que pode ser para ela sagrado. Giro a maçaneta levemente tentando fazer o menor barulho possível e consigo. Ela está sentada em uma poltrona próximo a janela com uma mesinha de centro ao lado e um abajur aceso sobre a mesma. De fato, é uma biblioteca. Várias estantes com uma infinidade de livros. Uma grande mesa de madeira de cor marrom com um abajur em cima da mesma com alguns papéis e livros. Ela está mais linda com a luz da lua sob ela, a fazendo ainda mais parecer com uma linda Deusa.

Vou me aproximando lentamente. Não sei se é porque estou caminhando tão sorrateiro, que não sentiu minha presença ali ou porque o livro seja bem envolvente para que ela não sinta nada ao seu redor. Ela só percebe que não está sozinha, quando minha sombra se faz presente sob as letras minuciosas daquele livro. Ela se assusta o deixando cair de suas mãos delicadas e logo se levanta com um certo desespero ao me ver ali parado a olhando intensamente.

Me aproximo e ela se afasta. Acho estranho sua atitude, mas sem fazer movimentos bruscos, abaixo pegando o livro e o fechando. Leio a capa e me espanto com o título: “Vingança Perigosa”, arqueio meu sobrolho franzindo meus lábios e em seguida sorrio e a olho entregando-lhe o livro.

Ela me olha com uma certa desconfiança, mas logo pega o livro de minha mão de uma forma rápida e brusca. Dou uma risada e me sento na outra poltrona perto da que ela estava. Ela me olha incrédula.

- Quem é o senhor e o que quer aqui? – Ela é ríspida ao falar comigo.

- Me chamo Brian Bernardi. Não sou tão velho para ser senhor e nem sou casado para tal tratamento. Quero te conhecer mais. Quero realmente você.

Percebo uma certa indignação em seu semblante. Sua expressão também me mostra um certo deboche. Pelo visto, sinto que pela primeira vez terei problemas para conquistar e ter uma mulher em minha vida e principalmente me amando.

Ela se senta ao meu lado e sinto o doce aroma de seu perfume. Ela cheira a rosas com mel. E isso me inebria ainda mais. A observo atentamente em cada movimento. Seu vestido longo vermelho, realça ainda mais suas curvas e pele a fazendo reluzir como se sua luz fosse o que mais preciso para viver. Ela me olha um tanto irritada com o que falei.

- Como ousa entrar na biblioteca da minha casa e falar tal asneira. Nem nos conhecemos e não tenho a menor vontade de o conhecer.

- Tem mesmo certeza Deli deli? – Falo a provocando. Ela bufa revirando os olhos. Me inclino em sua direção e sinto que a mesma começa a ficar ofegante e ruboriza. Como ela fica ainda mais linda envergonhada. Levo uma das minhas mãos em seu rosto e sinto com as costas da mesma sua pele macia e aveludada. Ela fecha os olhos até que se levanta em um rompante.

- O que pensa que está fazendo. Não sou essa tal Deli deli, me chamo Esmeralda entendeu.

Que mulher além de linda é arisca. O que me faz ter certeza de que farei tudo para tê-la só para mim. Me levanto da poltrona e vou caminhando em sua direção, ela dá passos para trás tentando se afastar. A encurralo em uma das estantes. Ela tenta se desvencilhar, mas é impossível. Eu coloco cada mão espalmada sob a estante de cada lado do seu corpo.

Aproximo meu rosto de seu pescoço como se fosse um cão farejador e aspiro seu perfume fechando meus olhos coo se acabasse de me entorpecer por uma droga viciante, e esse vício tinha nome, Esmeralda. A olho intensamente e desvio meu olhar para sua boca que me chama para um beijo. Colocando as mãos sob meu peitoral, seu toque me faz estremecer. Sei que ela quer me afastar, mas será impossível nesta situação. Não penso duas vezes e a beijo. No início, ela tenta se afastar, mas logo se rende ao beijo. A sensação é única quando nossas línguas se entrelaçam em um balé ritmado e cada vez mais, vai ficando intenso, até que interrompemos ofegantes. Abro um imenso sorriso para ela. A mesma me olha intensamente com aquele verde que tanto me enfeitiça. Aproximo meus lábios do seu ouvido e sussurro.

- Você é mina perdição Esmeralda e não quero que isso pare. – Mordo o lóbulo de sua orelha e ao olhar em seu pescoço vejo uma veia alta. Sua respiração está ofegante. Sei o poder que tenho sobre ela. Mas ela também deve imaginar o poder que tem sobre mim.

Respirações ofegantes, nossa consciência quase perdida, pois as minhas mãos percorrem por seu corpo por cima do vestido. Gemidos abafado saem dos nossos lábios.

A porta da biblioteca se abre. Logo, olhamos na direção em que vejo uma figura que não me agrada em pé nos olhando furiosa. Priscila Burns, a mulher que, por eu ter no passado tido uma única noite de bebedeira com ela, sempre achou que por nos conhecermos desde criança, iriamos nos casar.

Ela nos fuzila com seu olhar. A retribuo da mesma forma, pois não gosto dessa perseguição dela comigo e nem tão pouco tenho pretensão alguma de me casar com ela. Vejo a Deusa que se apossou da minha alma há tempos ruborizar em vergonha. Olho para Priscila e logo ordeno.

- Saia!

Lágrimas escorrem dos olhos dela. A porta se fecha em uma batida forte. O clima se esfria naquele local. Ela me afasta pois sei que depois do que aconteceu agora, não há mais clima.

- É melhor pararmos aqui.

Caminhando até a porta, a seguro puxando seu corpo de encontro ao meu, sussurro em seu ouvido em uma voz rouca e grossa.

- Fique.

Seus olhos se estreitam, seus lábios são apertados. Num ímpeto de querer ou não, ela dispara.

- Melhor não.

- Por que?

- Quero minha primeira vez de forma certa.

Ela se desvencilha de meus braços que a envolvem. Surpreso com tamanha revelação, a deixo partir. Não acredito que uma linda mulher de apenas 25 anos nunca fora de nenhum homem. Fico ali congelado no meio daquela biblioteca.

Saindo sem nem olhar para trás, após jogar essa maravilhosa bomba, me deixa ali anestesiado em meus pensamentos.

Assim que volto em mim, saio em direção a sala principal em que todos estão reunidos e tento avistar aquela linda mulher, mas não a encontro. Sei o que quero, com certeza serei o único na sua vida.

Vou para casa frustrado por não tê-la encontrado novamente. Mas isso não faltaria oportunidades. Eu mesmo as encontraria.

Após esse dia, meus pensamentos sempre foram tomados por aquele belo par de olhos verdes hipnotizantes e por todo o conjunto da obra que é ela, até sua personalidade, doçura e todas as qualidades e defeitos que ela tinha.

Comecei a encontra-la por acaso, mas sei que foi mais obra do destino. Começamos a nos envolver. Seu pai, o senhor Arnald, não gostou muito da nossa aproximação e nem tão pouco do nosso relacionamento, mas isso não interferiu em nada na nossa relação. Cada dia mais nos apaixonávamos e já não via mais a minha vida sem ela.

Após alguns meses em que estávamos juntos, tivemos nossa primeira vez. Foi algo mágico e emocionante para mim saber que era o primeiro e único na vida dela. Depois dessa noite, parecíamos coelhos. Vivíamos fazendo amor em vários lugares e de várias formas.

Um dia, a vi estranha. Ela estava distante e com uma expressão triste. Aquilo mexeu comigo e com certeza não era algo bom. Me mostrou várias fotos recebidas pelo celular em que estava com a Priscila e francamente deve ter sido na única noite que tivemos a muito tempo.

Ela me falou algo com lágrimas nos olhos e voz embargada que fez meu coração despedaçar.

- Vamos terminar.

Não podia aceitar aquilo. Não daquele jeito.

- Não podemos.

Ela me olha com fúria e ao mesmo tempo tristeza.

- Não há necessidade de estarmos juntos Brian. Você já tem alguém em seu coração e não sou eu. Por favor, me deixe ir.

Suspiro profundamente passando a mão por meus cabelos tentando manter a calma e a sanidade.

- Não vou permitir isso e vou te provar que isso está errado.

Ligo imediatamente para John meu lacaio e braço direito e o peço para trazer Priscila aonde estávamos. Eles chegam e logo a mesma sabia o que queria dela. Ela respira fundo e fala que ainda me amava e que Esmeralda não é mulher para mim. Porém, ela fala que tudo não passou de mal entendido vendo meu olhar furioso para ela.

Assim que ela fala isso, Esmeralda me olha e o que acho que vamos nos entender, ela simplesmente pega sua bolsa e sai dali onde estávamos.

Depois desse dia não a vi mais. Tenho procurado por ela por toda Tessália. Até que descubro que ela havia sido vitima de um sequestro e que não estava mais ali e sim em outra cidade da Grécia.

Procurei por informações e até fui a sua casa e o seu pai me dá a pior notícia.

- Vejo que quer falar com minha filha. Mais sinto informar, é tarde demais. – Ele me fala de uma forma indiferente e gélida.

- O que o senhor quer dizer com isso?

Ele suspira e franze o cenho.

- Ela morreu senhor Bernardi. Mesmo pagando o resgate, ela morreu. Eles a mataram.

Ao ouvir essas palavras meu mundo caiu neste momento. Ajoelhei em sua frente e chorei como se fosse um bebê sem o consolo de uma mãe. O olho em soluços e pergunto.

- Onde ela está?

Ele bufa e logo me responde com um certo amargor na voz.

- Ela está enterrada no cemitério do centro. Sua lápide está junto a da mãe e da irmã.

Nem sei como levantei e tive forças para dirigir até o cemitério e lá tive a pior realidade vista por meus olhos. Sua lápide estava lá. Mas antes, fiz meu juramento frente ao seu túmulo.

- Eu te amarei para sempre. E prometo a você que irei atrás de quem fez isso com você te tirando de mim pode ter a certeza disso.

Beijo sua lápide e saio sem rumo até parar frente a praia, onde me permito chorar ainda mais.

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