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♥ Capítulo 5♥

18:10 — Lanchonete. — Portevecchio.

Isabella Conti.

— Graças a Deus que todas as sextas o chefe fecha cedo. Já não estava aguentando. — Disse Tom, enquanto organizávamos as coisas.

— Você nunca reclamou, está reclamando agora, porque vai encontrar a sua deusa. — Sophia falou num tom provocativo.

— Estou ansioso mesmo. — Ele me olhou. — Você acha que ela me dará uma chance?

Apenas suspirei, minha energia esgotada após atender tantos clientes hoje.

— Não fale comigo, estou exausta. — Voltei a varrer o chão.

— Esqueci que você fica assim. Mas apenas acene com a cabeça, ela me dará uma chance? — Perguntou, ansioso.

— Não sei, me deixe em paz. Você pergunta quando fomos a essa maldita boate. — Terminei de varrer o chão.

Levei as coisas para o armário onde os produtos de limpeza ficam. Como já terminei a minha parte, já posso ir embora. Vou para a sala dos funcionários, abro o meu armário e começo a retirar o meu uniforme e colocar a minha roupa. Estou exausta demais, ainda tenho que comparecer a essa boate, meu Deus. Só queria chegar em casa e dormir, apenas isso.

Fecho a porta do armário após ter pegado tudo e saio da sala dos funcionários, encontrando os dois.

— Vou indo, nos encontramos lá? — Pergunto já cansada só de pensar em ir àquela boate.

— Claro que sim. Mande mensagem quando estiverem a caminho. — Pediu Tom, animado. — Mal posso esperar para conversar com aquela deusa. — Reviro os olhos.

— Aviso sim. — Me despeço deles e saio do estabelecimento.

Procuro o meu celular na bolsa e vejo uma mensagem da Gabi, dizendo que já está a caminho. Suspiro. Estou tão cansada, minha cabeça dói um pouco por ter me socializado demais. Sorrir para os clientes, tentar ser sempre simpático, é tão cansativo. Tenho sorte de ter aqueles dois como colegas e amigos, porque os outros funcionários não gostam muito de mim. Nunca entendi o porquê, mas ninguém é obrigado a gostar de mim, então tento nem me preocupar. Tenho sorte de tê-los comigo, porque se não, estaria surtando por não ter ninguém para me ajudar.

Mesmo que eles sejam meus amigos, nunca contei para eles sobre meus relacionamentos passados. Para mim, esse assunto morreu. Coloquei na minha cabeça que nunca tive um relacionamento. Não quero mais lembrar daqueles desgraçados.

Tomo um susto com uma buzina, meu coração chega a sair pela boca.

— Que susto. — Ponho a mão no meu coração.

— Desculpe, amor. Entre. — Dou a volta no carro e entro, já puxando o cinto. — Como foi o trabalho?

— Cansativo. Quero apenas ficar quieta. — Ela ri.

— Tudo bem, você merece, já que está fazendo o meu gosto hoje. — Sorrio.

— Obrigada. — Deito a minha cabeça no vidro e fico apenas observando a paisagem.

****

18:30 — Apartamento. — Portevecchio.

Ela entrou na garagem do prédio e logo descemos, sem trocar muitas palavras. Agradeci silenciosamente enquanto seguimos para o elevador. Por sorte, ele estava parado, então assim que ela apertou o botão, as portas se abriram. Entramos e ela selecionou o botão do nosso andar, enquanto eu encostava minhas costas na parede de ferro.

As portas se abriram novamente e descemos, seguindo para o nosso apartamento. Ela destrancou a porta e nós entramos.

— Vou tomar um banho bem longo. — Digo, já jogando minha bolsa no sofá.

— Não quer comer algo antes? Sei que sempre fica com dores de cabeça. Tome um café e descanse um pouco. Só vamos sair por volta das nove horas. — Ela sugeriu.

— Boa ideia, preciso mesmo de um café. — Concordei.

Vou até a cozinha e começo a preparar o meu café e algumas torradas. Estou bem

cansada, mas um café sempre é bom para relaxar o meu corpo. Assim que tudo fica pronto, me sento e começo a comer, sentindo minha energia voltar aos poucos, especialmente quando tomo um gole do café.

— Ah, isso é vida. — Murmuro, sentindo a dor de cabeça diminuir.

Assim que termino de comer, começo a organizar os pratos e os lavo. Depois, sigo para o meu quarto.

Ligo o chuveiro e me deixo envolver pela torrente de água quente. É como se cada gota caísse como uma bênção sobre minha pele exausta, dissolvendo as tensões do dia. Observo hipnotizada a água formar redemoinhos e desaparecer pelo ralo, levando consigo não apenas sujeira, mas também preocupações e frustrações do dia.

Ensaboo meu corpo com movimentos lentos e deliberados, massageando cada músculo cansado. A espuma cremosa parece acariciar minha pele, como se quisesse me confortar e me acolher, bem clichê em dizer isso, mas é o que sinto. Tomo cuidado para não molhar meu cabelo, que já está perfeitamente arrumado.

Enquanto a água continua a cair, fecho os olhos e me permito relaxar completamente. Neste momento, não existem prazos a cumprir, clientes exigentes ou responsabilidades a cumprir. Existe apenas eu, meu corpo e a sensação revigorante da água contra minha pele.

Finalmente, depois de um tempo que parece uma eternidade e ao mesmo tempo um instante fugaz, desligo o chuveiro e sai do box sentindo-me renovada e pronta para enfrentar essa boate.

Observo meu reflexo no espelho, notando uma aparência cansada, mas não tão ruim quanto eu imaginava. Começo a escovar os dentes, buscando tirar o gosto do café, mas também aprecio a sensação de limpeza em minha boca. Talvez possa soar estranho, mas é reconfortante.

Saio do banheiro e encaro o relógio na parede, surpreendida ao perceber que já são oito horas.

— Como assim!? Meu Deus, as horas passam voando. — Exclamo, correndo em direção ao meu guarda-roupa, tentando escolher algo mais confortável.

Opto por um vestido preto acima dos joelhos, um pouco transparente na parte de cima, o único que tenho. Escolho também um sutiã escuro e uma calcinha. Por cima do vestido, opto por uma jaqueta jeans azul, e para calçar, escolho uma bota preta.

Começo a me arrumar, tentando não demorar muito, pois mesmo que Gabi fale que vamos sair às nove horas, ela sempre sai mais cedo. Termino de me arrumar e vou até minha mesinha para passar um pouco de maquiagem, usando apenas corretivo, um pouco de base e um toque de batom. Apenas o necessário.

— Amor, já estás pronta? — Ela pergunta, como eu havia previsto.

— Terminei agora. — Respondo, virando-me para vê-la. — Uau, você está belíssima, Gabi.

— Você achou? — Ela dá uma voltinha.

Ela está usando um vestido dourado cheio de brilhos, bem curto, chegando em sua coxa, com um decote em V no meio dos seus seios.

— Claro que sim, você está maravilhosa. — Sorrio.

— Apenas eu? Você parece uma deusa, amor. Você terá que dançar, viu. — Bufo.

— Não comece. Já estou indo para essa boate, não irei dançar. — Ela me dá aquele olhar que vai me obrigar.

— Muito bem, vamos indo? Já são oito e cinquenta. Estou bem ansiosa. — Concordo.

— Deixa eu apenas avisar os meus amigos que já estamos indo. — Ela concorda.

— Sua bolsa está na sala. — Ela avisa ao ver que estou procurando minha bolsa.

— Ah, tinha esquecido.

Vamos para a sala, pego minha bolsa e retiro meu celular, mandando uma rápida mensagem para Tom e Sophia, dizendo que já estamos indo.

— Pronto, vamos? — Ela concorda.

Entrego meu celular e minha carteira para ela, já que ela é a única que tem uma bolsinha. Ainda não comprei uma para mim. Logo saímos do apartamento e seguimos para o elevador.

— Quero dançar até meus pés não aguentarem. — Disse bem animada.

— Os meus já estão doendo. — Ela me olha séria, fazendo-me sorrir. — Irei ficar quieta.

As portas se abriram e entramos, e eu apenas suspirei, já me sentindo cansada. Tem momentos em que acho bem chato ser introvertida, mas infelizmente sou assim, e piorou depois daquela traição. Sinto como se uma nuvem escura pairasse sobre mim, obscurecendo cada momento social, cada interação. É como se a desconfiança e a desilusão se tornassem meus companheiros constantes, acompanhando-me aonde quer que eu vá.

Chega, Isabella, pare de lembrar daquelas pessoas. Repito mentalmente como um mantra, tentando afastar os pensamentos sombrios que insistem em me assombrar. Respiro fundo, tentando encontrar um pouco de paz interior.

— Os seus amigos vão nos encontrar lá? — Perguntou Gabi assim que entramos no carro.

— Sim. — Soltei um pequeno bocejo, tentando disfarçar a exaustão que me consumia.

Ela deu partida em direção à boate, e enquanto o carro avançava pelas ruas iluminadas da cidade, eu me afundei um pouco mais no banco, sentindo-me um tanto distante, perdida em meus próprios pensamentos.

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