6. Valentina Será Minha
Emir Aksoy
A pressão estava cada vez maior. Eu estava aos pés da minha mulher, a minha esposa, entregando-lhe jóias como uma forma de mostrar minha devoção. Essa era a imagem que eu queria que ficasse gravada na mente de todos e nas fotos que eles tiravam. Afinal, eu era o Herdeiro, o Baba, o líder supremo da máfia turca e tinha que mostrar meu amor à mulher à minha frente.
O conselho da máfia sempre exercia uma grande pressão sobre mim. Eles esperavam que eu escolhesse minha noiva e constituísse minha família, garantindo assim a continuidade do sangue da minha linhagem. Todos os que tinham filhas na idade de se casar me perguntavam se eu iria escolher uma delas como minha esposa. Eles viam nisso uma oportunidade de elevar o posição de suas famílias dentro do clã, de se tornarem parte do meu poderoso império.
Mas eu não era um homem que seguia as regras cegamente. Quando assumi o cargo de Herdeiro, eu já sabia das obrigações que vinham com ele. Eu estava determinado a não deixar que o sangue da minha família se diluísse, mas também não estava disposto a abrir mão da minha própria liberdade. Eu tinha minha religião, minhas crenças, mas não aceitava que tudo fosse imposto a mim.
No entanto, dessa vez, eu não tinha como fugir das obrigações impostas pela máfia. Era uma questão de honra, de tradição. Mas o que ninguém imaginava era que eu não seguiria as regras à risca. Eu já tinha em mente que iria arranjar uma noiva fora do círculo da máfia, só não imaginava que seria uma estrangeira.
A viagem para a Argentina tinha sido planejada com um propósito claro: fortalecer os laços com nossos fornecedores sul-americanos. A mercadoria que vinha de lá era vital para nossos negócios, e eu não podia me dar ao luxo de deixar esses laços se desfazerem. No entanto, o que eu não esperava era que alguém naquela reunião quisesse me matar.
Estávamos em uma bela fazenda, um lugar onde a diversão parecia ser a ordem do dia. Mulheres, bebidas e drogas eram abundantes, criando um ambiente de festa constante. Meu maior fornecedor estava lá, com sua filha a tiracolo, insistindo para que ela se sentasse no meu colo. Eu recusei educadamente, mas a situação ficou ainda mais estranha quando me retirei para o meu quarto após a reunião.
Lá estava ela, a filha do meu fornecedor, completamente nua na minha cama. Ela se ofereceu para mim, insistindo que era um presente do pai dela para comemorar o negócio que tínhamos fechado. Eu recusei, mas ela não desistiu facilmente. Ela se levantou e caminhou em minha direção, suas mãos deslizando para dentro da minha camisa. Eu a interrompi, pedindo que ela se vestisse e saísse do quarto. Eu não iria participar desse jogo.
Me tranquei no banheiro e mandei uma mensagem para Joon-Ho, pedindo que ele se livrasse da mulher. Eu precisava sair daquele lugar, daquele ninho de cobras. Pedi que meu avião fosse preparado e, uma hora depois, estávamos decolando.
No entanto, como eu havia previsto, meu avião teve uma pane em um dos motores. O piloto me informou que precisávamos descer ou correríamos o risco de cair. Decidimos pousar em São Paulo, já que estávamos próximos do aeroporto.
A adrenalina corria pelas minhas veias enquanto o avião descia. Eu sabia que tinha escapado por pouco, mas também sabia que a luta estava longe de acabar. Eu estava no meio de um jogo perigoso, e precisava estar sempre um passo à frente se quisesse sobreviver.
— Que merda foi? - digo irritado.
— O avião parou de funcionar, Baba e…
— E o que aconteceu? Foi alguma pane no motor?
— Sim, mas eu acredito que alguém fez isso, Baba.
Aquela situação no aeroporto me deixou furioso. A ideia de ter que passar pelo saguão cheio de pessoas, lidar com o estresse da viagem e ainda por cima me deparar com uma pequena garota frágil esbarrando em mim, quase a derrubando no chão, me deixou ainda mais irritado. Mas algo nos olhos assustados dela, por trás dos óculos, chamou minha atenção.
— Joon-Ho, descubra tudo sobre aquela garota e a quero no mesmo avião que eu, providencie, por favor.
Para minha surpresa, descobri que ela estava no mesmo voo que eu, o que me fez sorrir, o universo estava conspirando ao meu favor.
— Coloque ela na primeira classe, bem perto de mim - Joon-Ho assentiu e em minutos ela já estava na primeira classe e maravilhada com tudo ali.
Quando ela abriu a porta do banheiro, seu rosto assustado me deixou excitado, como ela era frágil, se eu a apertasse tenho certeza que quebraria e ela seria minha dentro daquele avião e tenho que agradecer ao idiota que tentou me matar, ou eu não encontraria a minha coelhinha assustada.
Valentina Carvalho, esse era o nome dela. Eu sentia que ela estava perdida e, de alguma forma, eu me sentia atraído por sua fragilidade. A ideia de tê-la ao meu lado, de ter seus lábios tocando os meus e suas pequenas mãos acariciando minha pele, despertou em mim uma decisão inabalável: Valentina seria minha.
E eu a reivindiquei para mim, queria fodê-la naquele banheiro. Seus mamilos duros de desejo se encaixavam na minha mão, sua respiração ofegante, sua boca na minha. Eu queria possuí-la em cima daquela pia do banheiro e eu iria.
Mas quando bateram na porta, eu quis matar, tive vontade de pegar minha arma e enfiar um tiro na cara de Joon-Ho. E ela fugiu de mim, aquela coelhinha sapeca, como ela conseguiu. A deixei voltar para seu assento, afinal não podia deixar que ela escapasse, mas um plano já estava em andamento assim que ela pisasse em Istambul. O dossiê sobre ela foi rápido e mais fácil do que pensei que seria, ela estava em apuros. Assim como tinha previsto, seus olhos me disseram.
Eu sabia que ela tinha dívidas e a notícia que seu pai estava doente, foi como prendê-la a mim, até quando eu quisesse. Essa situação delicada a traria para mim sem nenhum esforço, eu estava certo disso. E claro que iria me aproveitar disso, esse era o meu trabalho, se aproveitar das pessoas e manipular. Eu era um manipulador, o chefe de uma máfia, domar Valentina seria mais fácil do que eu pensava.