Capítulo 6
Eliza Fitzy narrando:
Na manhã seguinte acordei bem cedo e me arrumei para o trabalho, como eu estava com preguiça de cozinhar, decidi que iria passar em alguma cafeteria ou lanchonete para comer alguma coisa.
Ao sair do meu apartamento encontro Malu de frente a minha porta juntando algumas figurinhas suas que estavam todas espalhadas pelo chão.
— Oi, Malu. — falo vendo a mesma me olhar e sorri.
— Oi, tia, pode me ajudar a juntar? — pede ela. — mamãe disse que já estamos atrasadas, a mesma só foi pegar algo que ela esqueceu no quarto e já está voltando.
— Claro, pequena. — falo me abaixando e começando a juntar todas as suas figurinhas, tinham algumas da Barbie e de outros desenhos que não conheço. — você tem muitas figurinhas.
— Mamãe comprou muitas, para que eu pudesse completar meu álbum, mas algumas são repetidas, irei levá-las para a escola e trocar com minhas amigas. — diz ela toda empolgada enquanto me ajudava a pegar as figurinhas.
Ouço alguns passos, mas não dou muita importância, ajudo Malu a juntar quando ouço uma voz que não ouvia há muito tempo.
— Malu minha filha, vamos. — diz a voz conhecida por mim, como eu estava de cabeça baixa não dava para ver se realmente era ela. — você deve ser a vizinha que a Malu falou.
Levanto minha cabeça lentamente, e assim que nossos olhares se encontram, sinto meu coração acelerar. Me levanto lentamente, ficando frente a frente com ela.
— Mads. — falo encarando ela.
— Eliza. — diz ela.
Olho para ela de cima a baixo, a mesma estava diferente, suas roupas despojadas, seus cabelos loiros estavam maiores, a mesma ganhou mais corpo e parece ter colocado silicone, vejo uma tatuagem em seu pescoço e a mesma parece descer pelo seu ombro.
Ela estava ainda mais linda.
— Eu... — quando vou falar sou interrompida por ela.
— Desculpa, mas eu preciso ir. — diz ela. — estou atrasada.
— Mas... — sou cortada novamente por ela.
— Depois a gente se fala, eu realmente preciso ir. — diz segurando na mão da Malu.
— Espera. — falo entregando as figurinhas que estavam na minha mão para Malu. — tchau, Malu.
— Tchau, tia Eliza. — diz ela sorrindo enquanto sua mãe puxa ela em direção ao elevador.
Lembro-me que eu também vou descer, então corro em direção ao elevador e entro com elas.
Fico encarando Madison até o elevador chegar no térreo, a mesma parecia não se importar por eu estar ali.
Ao chegar em baixo, vejo quando as duas saem do elevador e seguem para fora, faço o mesmo, só que ao contrário delas, vou em direção ao estacionamento.
Minha cabeça estava a mil por hora, Madison estava na minha frente… após meses, anos, talvez, nem lembro mais quando foi a última vez que falei com ela.
Desde que descobri ter... estar talvez sentindo algo por ela, eu me afastei, também estava bastante ocupada com a faculdade, ela parou de trabalhar para Victoria e foi embora.
Não sei por onde ela andou ou o que fez todo esse tempo, mas ela mudou bastante.
Lembro-me da Madison chamar a Malu de filha, na hora eu estava tão aérea pela sua presença que só agora me lembrei disso.
Como assim a Mads tem uma filha?
Não sou preconceituosa, mas as duas são completamente diferentes para a Malu ser filha dela de sangue, a mesma deve ter adotado, ou o pai da criança deve ser negro e a mesma deve ter herdado as características do pai.
Engulo em seco ao pensar que talvez Madison seja casada, será que ela é casada?
Eu não vi nenhum homem ali, talvez ele seja muito ocupado ou a mesma é mãe solo, ou realmente adotou a Malu.
Eu acho o ato de adotar muito bonito, não penso em ter filhos, mas talvez em um futuro distante eu adote uma criança, mas antes eu preciso estar preparada para criar uma, não posso apenas adotar, tem que ter um preparo.
Entro no meu carro e sigo para o hospital, mas antes passo em uma lanchonete para comer algo, depois sigo realmente para meu trabalho.
Vou para minha sala e lembro que preciso fazer uma visita à Isabela, prometi para ela, promessa de dedinho.
Sorriu enquanto sigo até o quarto da mesma, entrando no seu quarto encontro a mesma deitada comendo algumas frutas, estavam todas cortadas em pequenos pedaços.
— Bom dia, Bela. — falo para ela que rapidamente me olha e sorri.
— Bom dia Liza. — diz ela. — estava com saudade, não veio ontem.
— Ontem tive folga, e estava bem ocupada fazendo minha mudança para um novo apartamento. — falo fazendo careta. — assunto chato de adulto.
A mesma sorri e volta a comer.
— Onde estão seus pais? — pergunto.
— Papai está trabalhado, minha mãe desceu para pegar café. — diz ela.
— E como você está se sentindo hoje? — pergunto.
— Eu estou bem, um pouco cansada, mas bem. — diz sorrindo.
Acho tão lindo o fato dela mesmo depois de tudo, de todo tratamento, da perca de cabelo... Isabela sempre está com um lindo sorriso no rosto.
Queria poder fazer mais por ela, mas infelizmente não posso fazer milagres. Irei à igreja hoje, não sou uma pessoa religiosa, mas acredito em Deus, acredito que ele cuida de todos os seus filhos e olha sempre por eles, o senhor irá curar Isabela e ela viverá muitos anos.
Alguns minutos depois a mãe de Isabela chega e eu precisei voltar ao trabalho, mas prometi voltar para visitá-la novamente.
[...]
Como o movimento do hospital estava muito grande, acabei ficando algumas horas a mais, o que resultou em eu acabar saindo muito mais tarde do hospital.
Tinha uma igreja no caminho do meu prédio, então eu passaria por lá para fazer uma pequena oração.
Chegando lá vejo que a mesma já estava fechada, já era bem tarde, mas não desisto de fazer minha oração.
Deus está em todos os lugares.
Me ajoelho no chão da calçada, ali mesmo em frente à igreja, faço uma pequena oração, peço que Deus dê a Isabela força e saúde, que ele a cure.
— Amém. — falo terminando minha oração.
Sinto uma rajada de vento forte bater contra meu rosto fazendo meus cabelos voarem, uma sensação boa me toma.
Deus cuida de todos os seus filhos, até mesmo daqueles que não o aceita.