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Capítulo 6

Minha respiração acelera e fecho os olhos pensando em como cheguei a esse ponto.

-Tudo bem. Estamos indo embora, mas assim que eu quiser voltamos e pronto.~ Falo e pego Eva nos braços para ajudar o Diabo enquanto minha filha aplaude euforicamente.

Sofri, mas guardei isso para mim.

Eu senti isso, mas fingi que não.

Meu passado me fez assim e ninguém jamais me mudaria.

Estou acostumada a ter tudo que quero, então por que essa Lorena teve que aparecer e arruinar minha vida?

Ela seria minha destruição.

Lorena

Estávamos sentados assistindo Anne e Eva brincarem no parque. Os seguranças foram mobilizados e senti o desconforto de Henry por estar ali. minutos sentado olhando para o sorvete derretendo na sua frente. Ele estava se sacrificando, mas não era isso que eu queria. Eu queria que ele se aproximasse de Anne, mas ele não cooperava.

-Vamos!~ Digo desistindo do meu plano. Finalmente ele olha para mim.

-Depois de tanta confusão que está por vir? ~ Pergunta.

-A intenção era nos divertir, mas mesmo isso é precário quando estamos em um parque cercado por seguranças e você fica olhando para o sorvete que deveria ter tomado há alguns minutos.~ Digo, colocando minha bolsa no colo meu ombro. Ele se levanta.

-Olha bem, eu...

-Eu sei, Sr. Henry, me enganei, não deveria ter dito isso no carro. Me desculpa. Mas olha, olha só, homem rico, você tem tudo o que deseja, uma filha maravilhosa que, embora não seja de sangue, te ama incondicionalmente. Por que você não se dá ao luxo de tentar ser feliz? ~ pergunto a ele e vejo que ele fica pensativo olhando nos meus olhos.

continuo falando...

-Não sei... Vá à praia, mesmo que esteja cercado por aqueles seguranças chatos. Saia com sua filha. Pare de estar ausente. Eu sei que você merece algumas respostas incisivas, mas agora? Estou saindo com um homem que não aproveita a vida. Você não está dando o valor que ele merece. Pelo amor de Deus, viva! ~ Falo imediatamente e me viro para pegar Eva, mas sinto a mão dela em meu braço.

Abra a boca pronto para dizer algo... respire fundo. Cala a boca. Ele abre novamente e finalmente desiste, soltando meu braço.

Logo tudo está pronto para partirmos e Henry não diz mais nada.

Chegamos na casa dele e o Sr. Luís corre em nossa direção pensando que o patrão ficaria bravo mas recebe um tapinha nas costas e um aceno de cabeça que o deixa sem entender.

-O que aconteceu?~ Ele pergunta e eu levanto os ombros mostrando que também não sei.

Mudo para Anne e Eva e elas ficam conversando na sala.

-Papai está bravo, Lore?~ Ele pergunta, cruzando os braços.

-Não. Algumas coisas estão simplesmente acontecendo. Não há nada com que se preocupar.~Eu digo e ela se senta na cama ao lado da minha irmã.

-Ele ficou assim depois que a mãe morreu. ~Ele fala pensativo.

-Como era sua mãe Ana? Se lembra? O que aconteceu com ele? ~Eva pergunta curiosa.

-Mamãe sofreu um acidente de carro. Papai estava dirigindo. Ele mal sobreviveu. Acho que estava bêbado.~Ele diz triste e pensativo.

-Gostou muito?~ pergunto sentando na cama ao lado dela e ela pensa antes de responder.

-Na verdade, ela não cuidou muito de mim. Brigei muito com o papai mas na verdade foi ele quem sempre cuidou de mim. Houve um tempo em que eu estava indo para uma festa da escola de piano e precisava que ele se vestisse de palhaço. Eu sabia que ele não aceitaria porque estava falando muito sério, mas ele surpreendeu todo mundo na escola ao chegar lá com o nariz vermelho e roupas coloridas.~ Ele fala e até eu sorrio imaginando a cena. Então ela continua.

-A verdade é que ele sempre foi meu melhor amigo. Apesar dele ter aquele olhar duro, eu o amo muito, pois ele sempre esteve lá.~ Ele diz sorrindo e Eva aplaude.

-Estarei sempre presente Anne.~Henry nos surpreende ao entrar na sala.

Todos ficamos em silêncio porque fomos pegos em flagrante.

-Vou guardar as roupas.~ Digo a ele, me levantando e ele pega meu braço, me fazendo olhar para suas pedras azuis.

-Qual o segundo lugar que você me levaria?~ Ele pergunta e sinto meu coração disparar. Ele estava muito perto e eu podia sentir seu hálito quente.

-Ei...

-Se não se importa, gostaria que fosse um piquenique no quintal.~ Ele fala e eu franzo a testa.

-Obaaa! ~Eva bate palmas e pula animadamente.

Então Anne a ajuda a sentar na cadeira e elas saem da sala.

-Por que essa mudança agora?~ questiono.

-Suas palavras têm mais impacto do que você imagina.~ Ele responde e vejo que ainda está segurando meu braço.

-Você não é uma pessoa tão má. Você só precisa mudar algumas ações.~ Eu digo e ele acena com a cabeça.

-Vamos.~ Ele me chama e quando giro a maçaneta a porta ainda está fechada.

Ele começa a rolar novamente e logo está quase arrancando a porta.

-O que aconteceu?~ pergunto.

-A porta não abre.

-Eu já vi isso.~ Eu respondo e ele o olha revirando os olhos.

-Então por que perguntar?

-Espesso. ~Chingo e fica na sua frente tentando abri-lo e nada.

-VÉSPERA! ANA! ~ Eu chamo e o silêncio vem em resposta.

-LUÍS! ~Ele grita ao meu lado e eu fico com tanto medo que perco o equilíbrio quando escorrego em uma boneca no chão, mas ele é mais rápido e me segura pela cintura.

Nossos olhos se encontram e parece que apenas os sons de um coração acelerado podem ser ouvidos.

-Estamos trancados aqui.~ Digo a ele e ele suspira. Muito perto do meu rosto.

-Eu já sei disso.~ Ele responde com um meio sorriso irritante.

-PAI, EU FECHO ACIDENTALMENTE, OK? NÃO SE PREOCUPE, VOU PEGAR A CHAVE PARA ABRIR LOGO. ~ Anne fala do outro lado e parece descer as escadas correndo.

Eu me recomponho e respiro fundo.

-Eu mereço!~ Digo a ela e ela se senta na cama da filha.

“Eu não acho que fiz isso acidentalmente.” Ele diz pensativo.

-Não diga isso....

-Sim, eles nos trancaram aqui de propósito. Eu conheço bem minha filha. ~ Ela responde e eu bato em sua testa. Eu também conhecia minha irmã e sabia do que ela era capaz.

Sento-me ao lado dele e percebo que só havia fotos dele e de Anne naquela sala.

-A mãe dele não gostava de fotos.~ Ele diz percebendo minha curiosidade.

-Eu nunca entendi porque ele teria uma filha com ela se eles não se davam bem.

- Era jovem. Sem responsabilidade. Uma noite quis fazer sexo com alguém e descobri que quem escolhi foi a Amélia. Fiquei bêbado e saí da festa que acabou esquecida. Porém, ela me apareceu mais tarde dizendo que estava grávida. Prometi a ela que iria ajudá-la, mas ela queria mais. Eu queria me casar e morar juntos. Eu não estava preparado para isso. Resumindo: Anne nasceu, brigamos constantemente e ela deixou a filha comigo enquanto ia a bares e festas. ~Ele abre, me surpreendendo. Aproveito sua boa vontade para prolongar o assunto.

-Você se casou?~ Questiono vendo seu olhar distante.

-Não. Mas comprei uma casa e dei para ele. Ia visitar a minha filha todos os dias mas a Amélia começou a conhecer o homem que queria roubar-me a empresa. O mesmo que me ameaçou dizendo que mataria Anne. Fiquei assustado quando recebi esta ameaça e quando cheguei a casa encontrei a minha filha sozinha a chorar por isso deixei-a com a vizinha e fui atrás da Amélia. Eu a encontrei em uma festa bêbada e beijando o homem que ameaçou matar minha filha. Brigamos e tive que beber quatro copos de uísque para me acalmar.

Então eu a levei à força para trazê-la para casa.

Estávamos no carro voltando quando começou a chover. Foi rápido e por minha causa. Na luta recomeçamos, acabei girando o volante mas não vi nenhum carro vindo em nossa direção. Eu matei a Amélia naquele acidente. Matei mais duas pessoas no outro carro. E outros dois ficaram feridos...

-Meu Deus!!~ Digo sentindo meu peito apertar.

-Sim, foi minha culpa. Eu poderia ter esperado que ele voltasse e ficasse em casa com Anne. Eu não deveria ter bebido. A culpa foi minha. Mas você sabe? Quando descobri que Anne era filha dela, quis me distanciar dela. Só de imaginar que a garota que eu tanto amava e por quem me sacrifiquei era filha daquele canalha me deu vontade de me suicidar...

-Mas ele voltou. Ele mudou de ideia porque tem um bom coração.~ Digo enxugando uma lágrima que estava saindo dos meus olhos.

-Você me fez mudar de ideia, Lorena. Foi você.~ Ele diz olhando nos meus olhos.

Meu coração dispara e sinto minhas mãos tremerem.

-Talvez não tenha sido coincidência eu ter acabado aqui afinal.~ As palavras saem da minha boca.

-Talvez tenha sido Deus quem te colocou aqui para mudar nossas vidas com suas repreensões e respostas duras.~ Ele diz e nós dois rimos.

-Prometo que vou tentar parar.

-É o mesmo que prometer mudar a cor do céu.~ Ele diz e eu sorrio sabendo que é verdade.

-Obrigado Lorena. Por algum motivo você entrou em nossas vidas para mudar tudo. ~ Ele falou e eu me senti tão confortável com ele que decidi me abrir.

Decido contar a eles sobre o acidente que matou meus pais. Eu vi seus olhos se arregalarem quando ele descobriu tudo. Eu vi o pânico em seu rosto.

Eu esperava que ele sentisse aquela dor, mas não imaginei que isso teria tanto impacto sobre ele.

E ali naquela sala trocamos confidências sem imaginar o que acontecia lá fora.

Ana

-Missão cumprida.~ Falo e bato na mão de Eva, que sorri para nossa Vitória.

-Nosso plano funcionará? ~Ele pergunta e eu viro minha cabeça.

- Vá. Esperemos que funcione. Eles precisam parar de brigar e começar a se dar bem.~ Ele falou empurrando sua cadeira em direção ao Jardim.

-Talvez eles comecem a namorar? ~Meu amigo pergunta e eu sorrio muito.

-Ou casar? ~pergunto sonhadoramente

-Seremos as damas de honra.

-Entraremos juntos.~ Digo animadamente.

-Eu quero um vestido vermelho.

-Eu também adoro vermelho. Eu quero o meu por muito tempo. E podemos colocar flores na sua cadeira.~digo imaginando como a festa seria maravilhosa.

-E os doces?~Ele pergunta assim que paramos embaixo de uma árvore.

-Certamente você não pode perder os doces. Vamos comer bastante. ~Falo e eu sorrio.

Eu gostaria que ela fosse minha irmã. Nós nos damos muito bem.

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