Capítulo 5
Então ele pega meus braços novamente.
-Ninguém nunca tocou em mim.~ Digo e sorrio.
-É bom ser o primeiro. Ele faz o gesto mais agradável. ~ Eu respondo e ele me pressiona contra a parede.
-Não mexa comigo quando estou com raiva o suficiente para matar alguém.~ Ele fala com os olhos fixos nos meus.
-Nem você comigo quando estou prestes a te dar um tapa de novo.
Eu estava sendo abrupto e duro com minhas respostas, mas ele mereceu. Eu fui estúpido. Ingênuo. Inseguro. Mas quando aprendi a enfrentar meus problemas sozinho, aprendi a ser forte. Mesmo que seja do lado de fora. Mesmo como uma máscara.
-Garota atrevida que não tem ideia de com quem está mexendo.
-O pequeno aqui é ousado com quem precisa e eu sei muito bem com quem estou mexendo. Uma pessoa sem noção e com um coração que não dá muita importância a nada.~ Falo e tento soltar os braços mas suas mãos continuam firmes.
- Você vai pagar por esse tapa. E eu farei você pagar por cada palavra.~Ele fala se aproximando e eu sorrio.
-Minha vida é infeliz e cheia de infortúnios, mais um problema não será problema.
-Eu poderia ser o seu pior problema.~ Ele fala e sinto sua respiração em meu rosto.
Seus olhos estavam mais calmos. Ainda não era o paraíso, mas digamos que estava quase lá.
-Preciso de espaço.~ Digo tentando me libertar e ele não diz mais nada.
Primeiro seus olhos fixam-se nos meus, depois ele vai até minha boca. Permanece lá por algum tempo. Meu coração dispara por causa do constrangimento da situação e antes que eu pense nisso ele se afasta e sai do escritório, me deixando estática.
Seu Luís invade a sala e finalmente suspira.
-Lorena, você está maluca ou algo assim? ~ Ele pergunta nervoso e eu olho para ele sem entender.
-Eu não fiz nada demais. Eles me chamam de ignorante só por dizer a verdade. Henry mereceu e não deveria mexer comigo ou com Eva, muito menos com a pobre Anne. Tenho dias nesta casa e garanto que são suficientes para fazer a diferença na sua vida.~ Digo indo embora mas ainda ouço a resposta do adorável velhinho.
-Talvez essa bagunça afete você também, garota.~ Ele fala pensativo mas eu me afasto sem pensar em suas palavras.
Pego Eva nos braços e seguro a mão de Anne.
-Onde você pensa que está indo?~
Seu Luís pergunta, aparecendo ao meu lado.
-Para casa.
-Com Ana?
-Henry disse que não queria vê-la, isso é ótimo. Ela vai comigo. Tenha um bom dia, Seu Luís. ~ Digo e saio correndo, pegando um táxi sem ter tempo para mais nada.
Ele sabia o que era ser rejeitado por um pai. E ela não deixaria Anne passar por isso.
Henrique Walter
Minha cabeça estava disparada. Recebi uma ligação do hospital onde Anne e eu fizemos alguns exames há algum tempo e isso comprovou o que eu suspeitava. Anne não era minha filha. Pior ainda, ela era filha de Bruno. O homem que odeio com todas as minhas forças.
Mas horas depois do meu desabafo, as palavras da menina surtiram efeito.
Não foi culpa de Anne. Fiquei furioso na hora e graças a Deus não encontrei ela na hora. Resolvi ir para o quarto dele, mas encontrei um Luis pálido. Me sinto culpado.
-Luís, sinto muito pelo ocorrido. Vou ver a Ana...
-Lorena pegou.~ Ele responde e eu abro os olhos surpresa.
-Quem ele pensa que é? Eu vou matar essa garota. Eu juro.~ eu digo e rapidamente vou para o carro.
Um dos meus seguranças entra no banco de trás e eu acelero... já sabia onde ele morava.
Minutos depois ele chegou e bateu forte na porta. Lorena estava indo longe demais.
Ele abre a porta e me surpreende com suas roupas. Ele tinha uma toalha enrolada em seu corpo. Cabelo molhado e um cheiro inebriante emanavam de seu corpo.
-Você só vai ficar aí olhando para mim?~ Ele pergunta e eu me recomponho.
-Vim procurar minha filha.~ Digo a ela e ela coloca as mãos na cintura.
-Ele está na sala brincando com Eva.~ Ele responde e eu respiro fundo.
-VOCÊ a levou sem minha permissão. Isso pode ser chamado de sequestro. ~Eu falo em voz alta e a vejo levantar uma sobrancelha.
-Agora a culpa é minha? Lembre-se de que você disse que não queria vê-la. Eu te fiz um favor. ~ Ela responde descaradamente e eu franzo a testa.
-Foi um momento de raiva. Agora preciso vê-la. ~ Eu pergunto e ela parece estar pensando.
-Com uma condição.~Sorria maliciosamente.
Diabo!
-O que está acontecendo dessa vez?~ pergunto.
-Deixe-me levá-lo a três lugares.~Ele pergunta com entusiasmo.
-Quais lugares e para quê?
-É só deixar que tenho certeza que até sua filha ficará feliz.~ Ele diz sorrindo.
Eu não pude dizer não para seu rosto animado.
-Ok.~Cedo e bate palmas, fazendo a toalha quase cair de seu corpo.
Engulo em seco e entro na casa dele percebendo o quanto tudo se parecia com ele.
Tudo no seu lugar e tudo muito colorido.
Ele sobe alguns degraus da escada para acender uma luz mas percebo que parte da escada está quebrada e sim, seria uma boa queda.
Ando até lá, pronta para falar com ele, mas é tarde demais. Ela vira o pé e inclina o copo para trás, mas sou mais rápido e a detenho. Ele se vira para olhar para mim e vejo surpresa em seus olhos.
A surpresa se transforma em pânico quando a toalha cai de seu corpo. Mas meus olhos estavam fixos nos seus.
Suas bochechas coram e seus olhos se arregalam. Tive vontade de rir, mas me contive.
Tive que usar todo o meu autocontrole para não olhar.
Com meus olhos fixos nos seus, abaixei-me lentamente e peguei a toalha. Ela está estática. Tremendo. Nervoso e envergonhado.
Levanto-me e enrolo a toalha em volta do seu corpo. Suas mãos trêmulas seguraram as minhas na toalha e senti seu coração disparar.
-Cuidado menina!~ Falo e pela primeira vez a deixo sem palavras.
Ela então gesticula para que eu a siga até um corredor e então para na porta do quarto. Vejo que você ainda está envergonhado.
- Tenha cuidado para não machucá-la.~ Ele pergunta e eu aceno.
Quando entro vejo Anne animada com um videogame na mão. Eva estava ao lado dela e as duas riam sem parar.
-Desculpe por incomodar você.~ pergunto nervosamente mas quando o olhar de Anne me encontra ela corre e me abraça.
-PAI! Lore disse que você tinha me deixado ir, então saí sem me despedir.~ Ela fala animada e sinto uma lágrima subir aos meus olhos.
Eu não sabia o que dizer. Meu coração não respondeu. Eu não queria machucá-la. Ele era inocente e sem culpa.
-Ok.~ Eu respondo e vejo a amiga dela olhando para mim com um sorriso.
-Você quer brincar com a gente? ~Anne pergunta e eu me preparo para lhe dar uma resposta, mas vejo Lorena sorrir em minha direção com um pedido silencioso para que eu diga sim.
Maldita seja!
-Ok.~ eu digo e as meninas aplaudem.
-Vou me trocar e já volto.~O diabo fala e sai da sala.
Minutos se passam até que ela reaparece com um vestido florido. Seus cabelos castanhos eram formados por cachos bem definidos e um doce perfume emanava de seu corpo.
-PAI, VOCÊ DEIXOU A BARBIE MORRER.~Anne grita, tirando o brinquedo das minhas mãos e Lorena levanta as sobrancelhas, percebendo a distração.
-Você perdeu alguma coisa?
-Acho que fiquei muito tempo.~ Digo me levantando.
-Espere.~ Ele pergunta, pegando meu braço.
-Tenho três lugares para te levar e espero poder te levar ao primeiro hoje.~ Ele pergunta e eu respiro fundo.
-Olha, eu vou mas porque quero e não porque você me pediu. ~ Deixo claro para ela e ela sorri.
Então vamos todos para o carro. Decido dirigir e ela vem no banco da frente. Anne e Eva ficam com meu segurança.
-Onde?~ pergunto.
-O Parque! ~Ele responde e as meninas aplaudem. Freio o carro abruptamente.
-Não. Não em um sonho. ~ Eu digo me virando para ir para casa.
-Você prometeu. ~Ela diz com raiva e eu estreito meus olhos.
-Não é seguro.~ eu digo.
-Nenhum lugar é seguro se vocês estiverem juntos.~ Ele responde, cruzando os braços.
-Garota, o que você tem em mente? Eles estão tentando me matar e você quer que eu seja exposto? ~Ele perguntou com raiva.
-Eu me pergunto como sua esposa conseguiu ficar tanto tempo com você. Talvez seja por isso que ela teve uma filha com outro homem...~Eu me contenho quando freio o carro de repente, quase me fazendo bater a cabeça.
-Saia desse carro, Lorena!~ Falo com a respiração pesada.
- Lamento...
-Saia desse carro imediatamente.~Falo novamente com os olhos fixos na estrada. Ela não sabia nada sobre a morte dele. Qualquer coisa.
-Você não pode deixar Lore aqui, pai. Como ele vai voltar para Eva? ~Pergunta minha filha.
-Não vou perguntar de novo Lorena.~ Digo e não preciso repetir porque ela desce pegando Eva nos braços e colocando-a na cadeira. Feche bem a porta do carro.
Afastei minha irmã e percebi que estava longe de casa e precisava me acalmar antes de tomar decisões.
Aí minha filha abre a porta e sai correndo. Olho para meu segurança e ele entende a mensagem. Despedido !
-AGUENTAR! ESPERE! ~Ela grita enquanto eu saio do carro e vou ao seu encontro.
-Anne, volte aqui agora~ digo ouvindo o tom de raiva em minha voz.
Abraça a cintura de Lorena.
-Não. Vou ao parque com o pai dele. Estou cansado de ficar preso em casa enquanto você conserta as coisas. Estou cansada.~ Ela fala e começa a chorar.
Meu olhar encontra o da mulher à minha frente que também parecia furiosa, mas imediatamente desvio o olhar.
-Não chore, Anne. ~Eva pergunta com uma voz chorosa.
-Tudo bem Ana, você pode ir. Vou chamar a segurança e...
-VOCÊ é meu pai, deveria ir conosco. ~Ele fala e eu permaneço estática por um momento.