Capítulo 3
Então fiquei tentado a sentar e observar até que ela decidisse ir embora ou ajudar antes que ela tivesse um ataque cardíaco.
Lorena
Fiquei triste por perder meu emprego. Depois que meus pais morreram, as coisas ficaram complicadas e tive que trabalhar duas vezes mais. O problema é que nem todos aceitaram que eu levasse Eva comigo e jurei que nunca a abandonaria.
Quando cheguei em casa conheci Seu Luís, que era um velhinho fofo e adorável, por quem Eva se apaixonou imediatamente. A casa do Henry, o suposto patrão, era enorme e fiquei surpreso ao descobrir que a sala dele era do tamanho da minha casa.
Eu precisava passar naquela entrevista. Eu estava com o aluguel atrasado e os medicamentos da minha irmã precisavam ser reabastecidos. Então eu o conheci e ao mesmo tempo o odiei.
Isso trouxe à tona o que havia de pior em mim e acabamos discutindo um pouco.
Mas então fizemos um acordo e lá estava eu, sentado em silêncio até ficar cara a cara com um pinscher.
O cachorro era pequeno, mas estava com raiva e eu me levantei e o assustei.
- Ajuda! ~Falo quando vejo Henry parado no topo da escada.
Ele estava com os braços cruzados e uma cara engraçada.
-É a tua casa. Fique à vontade, pequeno. ~ Ele fala e meu coração dispara ao ver aquele cachorro se aproximando.
-Folhas! FOLHAS! ~Grito, jogando um travesseiro mas ele não se deixa intimidar.
-Senhor Henry, tire esse cachorro daqui pelo amor de Deus!~ pergunto com o peito subindo e descendo devido à respiração rápida.
Ele parece perceber meu conflito e finalmente desce para me ajudar.
Prenda o animal em uma corrente perto da janela e agradeça mentalmente.
-De nada!~ Ele diz e eu reviro os olhos.
-Eu não te agradeci. Era sua obrigação. ~Eu respondi.
Ele pega o celular e começa a olhar para ele enquanto ele toca e parece ter diversas mensagens.
Não consegui identificar a cor dos olhos dele.
Seria verde? Azul?
Era uma cor calma e serena. Um tom do céu. Seu corpo era masculino e lhe dava alguns anos. Então, como se percebesse que eu estava olhando, seu olhar se fixa no meu.
-Você perdeu alguma coisa?~ Ele pergunta e eu me recomponho.
-Acabei de encontrar.~ Digo pegando minha bolsa do chão.
-Você pode ligar para minha irmã? ~Pergunto e ele vai procurar e volta com um sorriso maior que o rosto.
-LOREE Anne me deu uma boneca, olha. Voltaremos amanhã? ~ Ele pergunta e eu sorrio em sua direção.
-Claro meu amor. Amanhã.~ Eu respondo e empurro a cadeira dele, mas naquele momento vejo um tiro atravessar a parede, quase atingindo Henry.
Um grito estridente sai dos meus lábios e sinto Henry me jogar no chão e puxar minha irmã também.
- Fique abaixado. ~ perguntei e vejo mais tiros tentando nos atingir.
-O que está acontecendo? ~Pergunto assustado e com o coração acelerado.
-Você sairá pela porta dos fundos e o Luís te levará para casa.~ Ele está sério e vira o olhar para mim. Pela primeira vez eu não queria desafiá-lo. Fiquei com medo porque a vida da minha irmã estava em risco.
-Vamos morrer Lore? ~Minha irmã pergunta e Henry olha para ela com um sorriso calmo.
-Não. Nao vamos. Vai dar tudo certo mas você precisa se acalmar e dar forças para sua irmã, ok?~ Ele pergunta e ela respira fundo, ganhando coragem.
-Vamos, irmã. Vamos sair daqui.~Ele diz estufando o peito e eu me pergunto como ele conseguiu fazer isso.
-E você? E Ana? ~Eu pergunto e vejo um vidro quebrado. Alguém queria matá-lo porque os tiros vinham sempre em nossa direção.
- Preocupado comigo, pequenino? ~ Ele pergunta olhando nos meus olhos e eu fico com raiva.
-Não. Com sua filha. ~ Eu respondo com hostilidade.
-Bem, então podemos discutir, agora não. ~Ele fala e ficamos atrás de uma porta. Coloque Eva em meus braços.
-Quando eu conto até você correr por esse corredor. Anne agora está segura e preciso me defender. Agora vá.
. . AGORA! ~Grite e fuja.
Passo por dois corredores e começo a olhar de um lado para o outro. Alguns seguranças passam correndo por mim, quase me derrubam e não sei para onde ir.
- Acho que temos que virar à esquerda agora.~Eva fala e eu sigo suas instruções.
-Tudo vai ficar bem, irmãzinha. Mantenha a calma. Estou aqui com você.~ Ele diz me dando forças.
-Já te disse que te amo muito?~ questiono e ela sorri.
Assim, seguindo suas instruções, consigo chegar ao lado de fora da casa e à frente do tiroteio.
O Sr. Luís estava me esperando lá.
-Por aqui, senhorita. ~Fale e nos leve até um carro que imaginei ser blindado.
-E o chefe?~ pergunto.
-Não se preocupe, ele nunca está despreparado.~ Ele liga o carro e vê Anne olhando pela janela.
-Maldita seja. ANNE VOLTE PARA SEU QUARTO.~Seu Luís grita mas ela estava chorando e assustada.
-Henry disse que estava seguro.~ Digo a ele e ele coça a cabeça.
-Ele era. Ele deve ter saído da sala por algum motivo. ~ Ele fala nervoso e vejo que durante o tiroteio um homem coloca a cabeça para fora do carro e grita:
- NÃO VOU CALAR ATÉ MINHA DÍVIDA SER PAGA.~ ele fala furioso.
-VOCÊ NÃO TEM IDEIA COM QUEM ESTÁ ENCONTRANDO.~Henry responde no mesmo tom.
Então um tijolo quebra o vidro do quarto da filha, fazendo-a cair no chão.
-Seu Luís, nos conhecemos pouco mas tenho você em alta estima. Confiarei a vida da minha irmã em suas mãos. Por tudo que há de mais sagrado, cuide dela.~Peço e Eva me olha com lágrimas nos olhos.
-Não vá, Lore.
-Calma amor. Somos fortes, não lembra? Quantas coisas enfrentamos? Quantos ganhamos?
Não podemos deixar ninguém na estrada, temos que ajudar. E se você estivesse lá? ~Eu pergunto e ela respira fundo.
-Tenha cuidado. Prometa que vai voltar.~ Ele pergunta e eu sorrio, tentando tranquilizá-lo.
-Eu prometo.~ digo e depois de beijar a cabeça dela corro em direção a casa.
Esse foi o meu maior problema. Eu não sabia onde ficava a sala, o quarto ou qualquer outro cômodo. Era enorme e cheio de corredores e portas.
-ANNE!~ Eu grito e ouço ela chorar baixinho. Eu o sigo e consigo chegar ao seu quarto.
Ela estava deitada no chão com um corte no braço.
-Ei! Está tudo bem.~ Digo sorrindo e ela corre em minha direção me abraçando forte. Pelo que descobri, ela era apenas um ano mais velha que minha irmã. Seu cabelo era liso e preto e seus olhos eram azuis como o céu. Ela era uma linda garota. Mas na época foi assustador. Isso mesmo.
-Meu papai! Eu quero ver meu pai. ~Ela fala e eu a coloco em meus braços pronta para sair dali.
-Veremos em breve agora temos que sair daqui.~ Digo e saio do quarto indo em direção à porta. Na minha opinião, estaríamos seguros dentro daquele carro.
Deixo de ver Seu Luís abraçando Eva enquanto ela parece rezar em silêncio e suspiro de alívio ao perceber também que os tiros diminuíram.
Mas não tenho sorte. Infeliz e cheio de pressentimentos. Nada dá certo quando eu quero. Porque naquele momento um homem com capuz no rosto estava na minha frente apontando uma arma para minha cabeça.
Lorena
-Não faça isso. Eu tenho uma criança em meus braços.~Pergunto em estado de choque e Anne me abraça com força, chorando baixinho.
-A ordem é matar todos que fazem parte da família de Henry Walter. ~O homem responde com um sorriso maquiavélico.
-Eu não sou dele, eu juro!~ digo e ele olha para Anne.
-Você não é meu alvo principal.~Fale e engatilha o revólver.
Eu tinha várias opções. Mas em nenhum deles foi uma escolha deixar aquela garota morrer, então agi pela primeira vez sem pensar.
Somente com o coração.
Joguei Anne no chão ao lado da porta com um movimento rápido e pulei em cima do bandido, conseguindo derrubar sua arma. Ele me dá um tapa e sinto gosto de sangue. Sentei em cima dele e bati na cabeça dele com um tijolo que peguei em algum momento da luta. Ele era mais forte e conseguiu arrancar o objeto das minhas mãos enquanto estava em cima de mim. Sua mão alcança a arma e a coloca na minha cabeça.
-Hoje não é seu dia de sorte, princesa.~ Ele fala com raiva e vejo Anne parada perto da porta com as mãos na boca em desespero. Eva gritou dentro do carro e o Sr. Luís cobriu os olhos dela com a mão para ela não ver a cena.
-Muito menos o seu.~Ouço a voz de Henry e um tiro é disparado.
As coisas ficam embaçadas ao meu redor e eu desmaio.
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Acordo com uma dor de cabeça e quando abro os olhos percebo que estou em um quarto que me deixa nervoso.
Tudo estava cinza. A cama era enorme com lençóis brancos. Tudo foi meticulosamente organizado. Nada estava fora do lugar.
Levantei-me rapidamente e como estava tonto senti como se a sala estivesse girando, mas então duas mãos me seguraram.
-Calma, Lorena.~Ouço Henry falando.
-VÁ COM CALMA? QUASE MORRO IDIOTA. EVA QUASE MORTE. SUA FILHA ESTAVA EM PERIGO E VOCÊ ME DIZ PARA TER CALMA?~ Eu explodo e ele fecha os olhos e depois de respirar fundo ele abre os olhos com uma calma que eu nunca vi antes.
-Eu sei que você pode querer ir embora agora e eu respeito isso. Seu trabalho era ser babá de Anne, mas aparentemente ela deu a vida por ela. ~Ele fala e eu sento na cama.