Capítulo 2
-Tire ela daí.~Ouço alguém falando.
Abro lentamente os olhos e vejo que a ambulância já estava lá.
-Olhar. Fique calmo que tiraremos você daí.~Diz um deles tentando desafivelar meu cinto.
Olho para minha mãe e vejo um médico segurar seu pulso.
-Infelizmente este não sobreviveu.~ Eu respondo e sinto como se uma flecha perfurasse meu coração.
-Ele também não.~Outro fala e vejo que ele está se referindo ao meu pai.
Meu corpo treme novamente e sinto o desespero tomar conta de mim. Não! Isso não pode estar acontecendo.
-Encontramos o corpo de uma menina a poucos metros do acidente mas suas pernas estão quebradas e se não a levarem para um hospital acho que ela não sobreviverá.~Ouço alguém falando ao longe.
-Parece que o cara que dirigia o outro carro estava bêbado ou algo assim. Só sei que mais duas pessoas morreram e o bêbado está em estado grave.~Outra pessoa fala.
Sinto um ódio tomar conta de mim. A tempestade estava forte, mas se esse bêbado estivesse em seu juízo perfeito, talvez meus pais ainda estivessem vivos. Eva também estaria aqui. Eu queria sair daquele carro e bater naquele homem bêbado pelas vidas que haviam sido perdidas naquela noite. Eu odiava esse homem. Eu o odiei com todas as minhas forças.
Fecho os olhos sem forças e embora a enfermeira tenha me pedido para ficar acordado, eu não quis. Eu só queria que a dor no meu peito passasse.
*
Acordo em um hospital e vejo que meu braço está enfaixado e há vários curativos em meu corpo. Logo as lembranças vêm à mente. Lágrimas começam a brotar em meus olhos.
-Vejo que você acordou.~Um médico fala ao meu lado enquanto me injeta meu soro.
-Meus pais.~ Falo desesperadamente mas quando tento sair da cama não consigo. Algo fez meu corpo ficar leve e a dor pareceu diminuir.
-Calma, senhorita. Eu sei que passar por um acidente tão trágico não é fácil. Infelizmente, seus pais não sobreviveram e morreram no local. Sua irmã...
-Onde está Eva?~ pergunto desesperadamente.
Meu coração parecia ter sido massacrado.
-Infelizmente ele quebrou todos os ossos das pernas, quase perdendo-os. Mas felizmente conseguimos salvá-los, mas com uma condição.
-Qual?
-Eva nunca mais poderá andar. A partir de hoje sua irmã vai precisar muito de você, pois ficará confinada a uma cadeira de rodas pelo resto da vida.~Fechar. Logo mais gritos e mais lágrimas saem de mim involuntariamente...
Amaldiçoei meu nascimento naquele dia...
Dois anos depois
Henrique Walter
Eu estava cansado. Exausto e irritado. Mulheres entrevistadas e nenhuma era boa o suficiente para lidar com minha filha.
Eu era rico e tinha muita influência, então por que não consegui encontrar alguém que pudesse se igualar a ele?
-Senhor Henry, uma garota chegou aqui para a entrevista.~Luis fala com um sorriso amigável.
-Deixa ela longe.~ Respondo, organizando alguns papéis em cima da mesa e me levantando pronto para ir para minha empresa. Foi um erro escolher uma babá para Anne. Ele tinha assuntos mais importantes para fazer do que perder tempo com isso.
-Mas senhor, ela insiste em fazer a entrevista.~Luis fala novamente e eu dou a ele o olhar de que essa foi a resposta final.
Saio do escritório e quando chego na sala encontro uma mulher que parece ter anos. Eu estava na Costa conversando com uma garota cadeirante. Seu cabelo encaracolado chegava abaixo dos ombros e ela exalava confiança.
-Posso saber quem você é e o que está fazendo aqui? ~Pergunto e ela pula assustada, virando-se para mim.
Seus olhos eram castanhos claros e ele tinha modos gentis.
-Eu sou Lorena Leniare senhor. Eu vim para a entrevista. ~ Responda prontamente.
-Minha irmã será a melhor babá, pode ter certeza senhor. ~A garotinha fala com um sorriso animado.
-A entrevista foi às nove da manhã e não sei se você se sentiu mais são nesse horário.~ Falo e subo as escadas mas paro ao ouvi-la falar.
-Rico, bonito e durão.
Viro-me a tempo de vê-la colocar a irmã no colo. Luis para de rir e eu desço, parando cara a cara.
-Você está na minha casa e me ofende? Tenha cuidado com suas palavras, pequena, elas podem te machucar muito.~ Digo a ela e ela franze a testa.
-Eu digo o mesmo, porque já deixei claro para você que não sou uma menininha.~ Ele responde prontamente e meu sangue ferve.
Esse não foi o meu dia.
-Lore, por favor pare de brigar com o garoto lindo...~A garota em seus braços começa a falar sorrindo.
-Olha senhor, esse é o seu nono emprego, porque nenhum dos seus chefes aguentaria que minha irmã me levasse e ela não admite estar separada de mim, então ele dá um desconto para ela e libera isso porque tenho certeza que vamos continuar para sermos grandes amigos. ~Fale e vejo minha filha descendo as escadas correndo.
-Pai! Pai! Esta é minha babá? ~Ela pergunta animada e quando vê a outra garota ela pula de alegria.
-Você vai ficar aqui também? Ótimo, vamos brincar bastante.~ Ela diz animada e a outra garota bate palmas animada assim que a colocam na cadeira de rodas.
Precisei tomar um café amargo para me acalmar.
-Sua casa é enorme. Seu quarto também é assim? ~ Minha filha pergunta e sai empurrando a cadeira de rodas da menina pronta para mostrar o quarto para ela.
-Já volto pai. ~Fale e vá até o elevador, acompanhado de Luis.
Lorena então começa a me olhar desconfortavelmente e eu nunca tirei os olhos dela. Ele queria deixar claro que ainda não havia perdido a discussão.
-Eu não vou te dar o emprego.~ Digo a ela e ela agarra a bolsa furiosamente.
-Não tenho mais intenção de trabalhar aqui.~ Ele responde corajosamente e eu respiro fundo tentando acalmar meus nervos.
-Garota atrevida, certo? ~Eu pergunto e ela me lança um olhar surpreso.
-Sassy é seu...
-Acho que Anne gostou da nova amiga e não vai deixá-la ir, senhor. Nunca a vi tão confortável.~Luiz aparece sorrindo e eu respiro fundo novamente.
Eu o respeitava por causa de sua idade. Ele havia trabalhado para meus pais e agora estava comigo, mas houve momentos em que ele me levou para sair.
-Vou falar com minha irmã.~A entrevistada fala e sinto que talvez fosse bom para minha filha ter outro filho em casa para se distrair.
-Espere... vou resolver a situação e te dar o emprego com uma condição.
-Ah sim? E que condição é essa?~ Ele pergunta com as mãos na cintura.
Se ela não tivesse uma língua tão afiada, eu diria até que ela era bonita. Corpo curvilíneo e lábios sedutores.
"Eu aguento ficar nesta casa por uma semana." Eu digo e dou-lhe um sorriso de lado. Ela estreita os olhos e dá-lhe um sorriso maligno.
Diabo!
-Feito!~ Ele diz com firmeza e estende a mão para apertar a minha.
Seguro sua mão como se tivéssemos acabado de fechar um negócio. Sua mão pequena e delicada me fez rir por dentro.
Anne sempre dava um jeito de tirar todas as babás daquela casa e ela seria só mais uma. Pelo menos ganharia tempo para contratar o próximo.
Afastamo-nos e vejo-a sentada no sofá à espera da irmã.
Claro!
-É a tua casa. Fique à vontade.~Falo ironicamente e ela também sorri ironicamente.
-Ahh não se preocupe senhor. Ficarei muito confortável.~ Respondi e resolvi subir para o quarto tomar banho.
Reviso mentalmente todas as reuniões daquele dia. Seria mais um dia cansativo, mas tudo valeria a pena. Era o meu bem-estar e o da minha filha.
-Minha mãe morreu há algum tempo em um acidente de carro. ~Ouço Anne falando do quarto dela, que era ao lado do meu.
-Meus pais também morreram. Eu estava no carro no dia do acidente e perdi o uso das pernas naquele dia. ~ A irmã da menina fala e eu me aproximo para ouvir mais.
- Minha mãe sempre brigou com meu pai. Às vezes eu achava que eles não se amavam. ~Minha filha fala e eu abaixo a cabeça, olhando para o chão.
-Que triste! Mas não fica assim...
-Qual é o seu nome? Outra vez?
-Véspera. Pode me chamar de Evinha se quiser e o nome da minha irmã é Lorena. Você vai amá-la.
-Tenho certeza.~Anne responde e estou prestes a entrar na sala quando vejo que Lorena está parada com os olhos bem abertos e o corpo tremendo.
Havia um cachorro pinscher em casa.
Naquela época eu não gostava de animais, mas minha filha insistiu tanto em ter um que resolvi dar para ela.
E agora eu estava lá. Cruzei os braços e segurei uma risada. A garota que me desafiou tinha medo de um cachorrinho.
Seu olhar encontra o meu.
-Ajuda! ~Ele pergunta quando ouve Jujuba rangendo os dentes novamente e latindo incontrolavelmente.