Capítulo 3
Estava no meu Facebook explorando, fui na seção de fotos, lembro que estava cheio de fotos das minhas meninas. Minhas fotos favoritas eram das minhas filhas e do meu pai. Também das minhas sobrinhas.
Minhas sobrinhas..
Ela tinha duas lindas sobrinhas, uma de oito anos que a conhecia desde o nascimento, seu nome é Olivia. E também minha sobrinha Lúcia, de três anos. Ulisses, o único sobrinho homem que ele teve.
Não me lembrava deles, eram uma das coisas mais importantes da minha vida.
- Não tenho fotos dos meus sobrinhos.
- Não se preocupe, talvez eles existam nesta realidade porque você não pesquisa no Facebook.
- Sim! - Animado, coloquei o nome da minha cunhada no buscador. Mas quando entrei fiquei congelado.
A família linda que eu conhecia não está lá, eles sempre foram muito próximos. Eles estiveram juntos por 10 anos com três lindos filhos. Independentemente de suas diferenças, eles sempre voltaram juntos.
Mas só tinha minha cunhada com uma foto da minha sobrinha, ambas sozinhas e com status de “solteira”.
- Não entendo, é só ela e minha sobrinha não tem a foto com meu cunhado.
- Talvez nesta realidade eles não estejam juntos - ele me olhou triste.
- Então Luci e Uli não existem - solucei.
- Venha – ele sentou ao meu lado e sem querer me tocar muito me abraçou.
- Não pensei que meu desejo de merda fosse me afetar tanto. - Enxuguei minhas lágrimas e olhei para ele.
- Veremos o que podemos fazer, para podermos consultar meu amigo que é engenheiro físico.
- É verdade, você deveria saber o que está acontecendo.
-Talvez seja como os multiversos.- Ele se levantou do local, colocando os braços atrás da cabeça em dúvida.
- Não sei - tomei um gole do chá que ele havia me servido - Mas preciso falar com Sami, minha cunhada com certeza me entenderia.
- Mas Giss, isso parece muito estranho, até eu hesitei por um momento no início.
- Ela com certeza vai me ouvir - apertei o botão de mensagem hesitante.
- Bom, eu tenho que ir trabalhar, amor - Ele ficou em silêncio ao ver minha expressão triste - Me desculpe...
- Não se preocupe, a culpa não é sua – cobri os olhos – a culpa é minha.
- Não diga isso, está tudo bem, sério, nós resolvemos.
- Obrigado e desculpe por tudo.
- Não te preocupes.
Nacho
Caminhei triste e preocupado em direção à saída. Peguei minhas chaves girando-as com o dedo indicador. Quando cheguei ao carro, encostei-me na porta, fechando os olhos.
Eu ainda tinha dificuldade em entender o que estava acontecendo. Fiz uma cara triste quando vi minha aliança, as alianças.
Não entendo, a princípio pensei que fosse algo psicológico ou do Nariz. Mas com tudo o que ela me contou de forma tão convicta, também as suas expressões, o seu jeito de ser.
Ele era uma pessoa muito diferente.
Não era a mesma pessoa com quem ele era casado.
Exasperado, entrei no veículo, girei as chaves e dei a partida.
Giss
Eu ainda estava indeciso, mas finalmente, com meu coração batendo a um milhão de quilômetros por hora, apertei enviar mensagem.
“Olá, você não me conhece mas tenho uma coisa para te contar, é muito estranho, nem sei por onde começar”
não sei se foi bom...
O que você teria colocado?
Fechei o laptop, levantei-me lentamente, olhando em volta. Quando ouvi meu telefone tocar, era Nacho... já haviam se passado duas horas desde que ele havia saído.
- Olá - murmurei lentamente.
- Como se sente?
- Estou bem, consegui escrever para a garota.
- É um bom passo
"Eu acho", dei de ombros.
- Daqui a pouco estarei aí, não se preocupe, não consegui falar com meu amigo, ele está trabalhando, aparentemente ainda não atendeu.
- Está bem .
- Sua casa é minha casa, na verdade é.
- Obrigado.
- Cuide-se.
Em parte, senti muita pena de Nacho, pude ver como cada vez que mencionava meu marido ou minha antiga família, o brilho em seus olhos se apagava. Eu vi como ele olhava para Giss, ou seja, para mim, mas eu não era seu Giss.
Pensando nela, onde ela está ou talvez ela nunca tenha existido.
Andei explorando a casa como a pessoa curiosa que era. Mas nada me chamou a atenção até que vi uma caixinha no armário do quarto.
Era feito de uma madeira muito bonita, achei estranho, algo me tornou familiar.
Sentei na cama com ela no colo, ela não era tão grande, na verdade era do tamanho de uma caixa de sapato.
Quando abri, meus olhos se arregalaram.
Eram fotos de Nacho e eu juntos. Eles eram muito macios, peguei todos nas mãos.
Comecei a assistir o primeiro, éramos ele e eu. Eu tinha em mãos um quadro que dizia “Parabéns engenheiro”. Parecíamos tão felizes que eu estava branco de farinha.
Continuei observando cada um deles, até chegar ao do nosso casamento. Eu tinha o vestido mais lindo que um dia poderia sonhar.
Com meu marido usei um vestido branco curto simples, com um laço na barriga. Eu estava grávida de oito meses, mas só nos casamos pelo registro civil, não houve casamento nem festa.
Sorri ao me ver tão bonita como sempre, que Gisel parecia muito feliz.
Embora eu tenha me lembrado com lágrimas nos olhos do dia do meu casamento.
Naquele dia que nos atrasamos, coloquei o vestido às pressas. Como maquiagem e acessórios. Chegamos em nosso carro, um Falcón 63 creme, mas não havia estacionamento. Andamos várias vezes rindo quando vimos nossa família esperando do lado de fora do cartório de registro civil. A única coisa que falta somos nós.
Então entramos no Carrefour, o barulho do motor roncou. Quase caímos correndo, rindo alegremente.
Quando dissemos sim foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Além disso, meu pai estava comigo na vida.
Deixei tudo no lugar, mas levei alguns anéis e colares nas mãos. Acho que memórias do meu outro eu.
Deixei a caixinha onde estava, em parte senti que estava invadindo a privacidade de outra pessoa.
Olhei para o armário por pura curiosidade. Nunca pensei que na minha vida teria algo assim, as roupas mais lindas e delicadas.
Os vestidos estavam harmoniosamente dispostos em cores e comprimentos. Principalmente cores neutras, como calças e blusas.
Na minha vida anterior eu tinha exatamente o que precisava. Eu havia vendido muitas das minhas coisas para poder comer honestamente. Ou quando compro presentes do Papai Noel para eles. Em parte me senti aliviado, gostei de aplicar o minimalismo, senti que antes tinha demais e não usei. As roupas novas que eu tinha eram de feiras que trocavam por comida.
Nunca na minha vida pensei que teria tantas roupas não usadas com etiquetas.
Minhas filhas ficariam muito animadas aqui.
Minha mão caiu ao lado de todo o meu corpo enquanto acariciava os vestidos. Ela está ajoelhada, um soluço escapou da minha boca.
Seguido por outro e outro.
Eu tinha tudo e não tinha minhas filhas.
Até que ponto é uma pena que ter dinheiro ou um título o faria feliz sem eles.
Eu pensei que não tinha nada quando tinha tudo
Eu senti falta do meu marido
Senti falta das minhas meninas.
E senti falta de como estava feliz e não percebi.
Ouvi meu celular vibrar, estava deitado na cama. Eu me senti desconfortável, porque não sentia que aquela era minha casa. Tomei enquanto dormia, olhei com os olhos meio fechados.
"Oi, não sei quem você é"
Ela era minha cunhada, bem, Anahi.
Sentei-me no colchão. Peguei o celular pronto para atender, comecei a escrever.
"Não sei como te explicar mas podemos nos encontrar??? Juro que não é fraude nem nada do tipo, vou te convidar para almoçar."
"cômoda grátis?"
Eu ri, ela estava sempre tão feliz e adorava comer.
"Preciso ver você, deve parecer muito estranho ler isso em uma mensagem."
Ela começou a escrever
"Sisi confortável grátis"
"Bem, diga-me onde está o Nose, porque você parece familiar."
"Vamos nos encontrar em .."
Já havíamos combinado dia e horário, hoje não pude porque estava trabalhando. Suspirei, precisava de alguém em quem confiasse para me ajudar...
Comecei a pesquisar um pouco mais sobre o que estava acontecendo comigo no Google. Mas não me ajudou muito, só falou de supostas viagens ancestrais.
Eu estava tão concentrado na leitura que não percebi que Nachi me olhava com curiosidade da porta do quarto.
- Olá
Caí para trás de susto.
-Está bem? - Senti os braços do Nacho em volta da minha cintura. Ele estava tão perto que seus olhos me olharam preocupados.
Entre aquele momento mágico estranhamente raro. Involuntariamente.
Soltei o gás.
Sim, um maldito gás.
- Me desculpe – saí rapidamente e ele começou a rir.
-Moramos juntos há anos, não se preocupe.
- Então meu eu anterior peidou sem piedade.
- não necessariamente, mas tudo bem..
- Entender.
- Não entendo muito bem o que você entende.
- Uma parte de mim deve estar nisso, certo?
- Esse pensamento filosófico foi antes ou depois do gás?
- Hmmm – uma risada me escapou enquanto eu fingia estar pensativo – acho que mais tarde.
- Está bem.
Levantei-me novamente um pouco vermelho de vergonha e ele arrumava a cama como se nada tivesse acontecido.
Continuei andando até descer as escadas e chegar na cozinha, abri a geladeira para beber água fresca.
Quase caí de choque.
A geladeira no caso era enorme. O dobro do tamanho que era xxs.
Sisi XXS, que significa extremamente magro.
Era pequeno, mas funcional.
Mas aí está, foi um daqueles duplos e cheio de comida.
Eles tinham iogurtes, frios, sucos, tudo o que você pedir. E ali estava o que ele mais amava no universo.
suco de cepita
Aceitei com muita alegria, servi-me de um copo e bebi com entusiasmo. Mas imediatamente me senti culpado, minhas meninas teriam adorado uma geladeira tão cheia.
Nunca consegui, sempre comprei o que era justo e necessário.
- Acho que aquele copo está vazio, ou talvez não enxergue muito bem mas me inclinei para o primeiro.
Olhei para o copo vazio que estava “bebendo” perdido em pensamentos.
- Desculpe.
- Está tudo bem, é que te vi muito perdido.
- Bom, não se preocupe, ainda não estou pensando no peido que quase joguei na sua cara.
- Não cheire nada que você negligencie.
- OK
- Vou cozinhar, fique calmo.
- Consegui falar com Anahí.
- Estou muito feliz Giss – ele sorriu para mim e começou a tirar coisas da geladeira, vegetais que eu nem sabia que eram vegetais.
- obrigado, eu acho
- Por que você olha para os vegetais assim?
- Este é o nariz.
- Bem, é uma variedade diferente de abobrinha.
- Achei que fosse um pepino vibrador.
- Bem, não, se você quiser eu posso pegar um para você.
- Não que eu estivesse pensando em um.
- Eu não disse sim, estão se referindo a um pepino e não ao outro - Ele sorriu e se virou.
- Nunca pensei em um vibrador.
- Pacífico.
- Bem, vou ao banheiro.
- sem pressa.
- Não farei nada que você imagine – olhei para ele com os olhos semicerrados.
- Eu não disse nada