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5 - Pista falsa

 Corri apressada pelo o corredor. Bati na porta duas vezes e não demorou muito para ela ser aberta por David descabelado. Assim que estou dentro, percebo Dylan lambendo as feridas no canto do quarto.

  O moreno rugia enquanto o amigo pressionava a mão no lugar de um ferimento em seu braço. Limpei a garganta, pronta para jogar um lindo “eu te avisei” em sua bela cara, quando ele se adiantou, adivinhando meus pensamentos:

— É melhor guardar sua piadas para si mesma. – Ele avisou, com um olhar sério. David riu, enxaguando o pano manchado de sangue.

— Não tenho medo de nada, da sua arrogância muito menos — me aproximei do seu equipamento jogado na cama, procurando por alguma pista com os olhos. 

— Tem mais alguma ajuda extraordinária que queira me dar?

— Pelo o que estou vendo, você não voltou de mãos vazias — encaro um pedaço de um cordão rompido, dourado e sujo de terra. Parecia ser de um colar ou pulseira. — Estranho...

— O quê? – David perguntou.

— Nos arquivos diziam que revistaram o lugar, interessante não terem achado algo tão notável quanto uma jóia dessas – o ouro brilhava nas pontas dos meus dedos.

— Ele disse que achou próximo ao armazém, não foi onde vocês viram ela na gravação?

— Deve ter sido prova implantada para enganar alguém, é óbvio. – O jogo de volta na cama. — E já tenho meu suspeito.

— Isso é ridículo – Dylan se ergue da cadeira, trocando sua camisa por outra.

— Quem? – o loiro bufou. O moreno apenas deu de ombros, seguindo até o banheiro.

— Acredito que Eduard pode estar dificultando nossas buscas, Tobias e ele podem ter se desentendido.

— Por que acha isso? – cruzou os braços vindo até mim.

— Somos melhores do que isso, uma pista falsa e outra possivelmente implantada – acenei para o objeto na cama. — Ele e Eduard se bicam quase sempre, mesmo que mantendo a consideração por causa de Helena. De repente quando algo sério como isso acontece, o máximo que Tobias faz é mandar apenas Dylan numa missão de reconhecimento e sem a ajuda da equipe. Ele mesmo pode estar desconfiado de Eduard.

  O silêncio se estabeleceu, os olhos de David grudaram-se aos meus, a boca entreaberta. Ele parecia surpreso com minha análise sobre minha suspeita, mas pelo menos ele não descartou a ideia sem ao menos me ouvir, como um certo carrancudo fez. O mesmo voltava para o quarto em silêncio. Caminha até a cama, recolhendo algumas armas, trocando a munição.

— O que realmente aconteceu lá? — questionei. E depois de me ignorar por um tempo respondeu-me.

— Dois homens estavam disfarçados, fingiam que trabalhavam no armazem, eles notaram o que fui fazer e atacaram, mas consegui despistá-los. — Põe de volta um coldre de ombro, e outro de coxa, sem sequer me olhar na cara. — Não deu pra identificar para quem trabalhavam.

— Se Eduard deu mesmo uma pista falsa sobre Helena, não faz sentido o motivo ser os desentendimentos que já teve com Tobias, e nunca soube de um mal entendido que fosse tão sério para chegar à esse ponto. — David refletiu. — Quer dizer, a segurança dela devia ser mais importante que qualquer rivalidade entre eles!

— Não sabemos tudo sobre eles, eles é quem sabe tudo sobre a gente. Somos apenas soldados! Pode haver mais alguma coisa que a gente não saiba – conclui.

— Já chega, isso é ridículo! – Dylan se estressou.

— Se quer defender seu primo vá enfrente, mas ninguém é obrigado a seguir tudo o que você diz cegamente. – Ele deu passos duros se aproximando de mim, com uma expressão fria e dura.

Eduard era seu primo, mas ele abandonou o que restou de sua família, que agora fazia parte da máfia americana e esse era o motivo para ter desertado. As brigas entre os mafiosos foi o que levou seus pais e seu irmão à morte. Eduard era o único que ele respeitava, pois o mesmo sempre procurou fazer o certo.

— Eu dei minha opinião e expliquei o porquê. Esses arquivos que consegui são inúteis sem ter um ponto de partida íntegro. Já que insiste que a missão é sua, por que não vai até Tobias e resolve essas questões em aberto?

— Você é irritante, Katherina... — rugiu entre dentes, mas eu interrompi suas declarações de "amor".

— Não se preocupe, não vou perder meu tempo tentando mudar sua opinião, ela não importa pra mim mais do que descobrir onde está Helena e por que a levaram! – dei um passo para trás, mantendo minha posição firme.

— Você não está considerando nem dez por cento da suspeita? — David questionou o amigo, e o moreno apenas continua com suas orbes quentes como o fogo do inferno em minha direção.

  Finalmente aquele contato visual é quebrado. Observo as costas do moreno se distanciarem, com os músculos tensionados. Ele tinha receio de estarmos certos, era isso.

— Mesmo que discartemos essa hipótese, como vamos descobrir o caminho certo para resolvermos esse mistério e recuperar a Helena? — David volta a questionar.

— “Dylan, David, Katherina, Lilian, Buck, e Mathew, solicito a presença de vocês na sala de reuniões em cinco minutos.” — Um aviso rápido e claro, sai da caixinha de som no recanto da parede. A voz de Tobias ainda soava sobre meus ouvidos, quando despertei do transe.

— Será que finalmente ele contará para o resto da equipe a notícia sobre Helena? – me adianto indo até a porta.

— Não sei o que pensar — David me acompanha, com um carrancudo atrás dele.

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