Capítulo 3
Coloquei meu olho branco. Deus, que chato.
- Verônica. Posso ir agora? -
- Comigo. - Ele sorri, acho que está usando o sorriso mais lindo do seu repertório, mas não me afeta em nada.
Coloco minha mão em seu braço e tento movê-lo, mas ele não se move nem um centímetro.
- Vamos, venha comigo. Você é tão linda e eu sou muito melhor que isso – e aponta para Andrea, que nesse exato momento vem em nossa direção.
- Está tudo bem, certo? -
- Não te preocupes. Ele estava indo embora – e olhou para Luca com todo o desprezo possível.
- Não, eu não ia embora -
- Tem razão, estou indo embora – tento pegar a mão de Andrea, mas Luca me puxa de volta.
- Quanto custa para você me dar uma chance? Nem se quer me conheces! -
- Exato. - Dessa vez, quando coloco a mão no braço dele novamente, ele se move. - Obrigado - E seguimos em direção à saída sem olhar para ele.
- Mas quem foi? - Andrea pergunta entrando no carro.
- Ninguém... Um idiota! -
Observo Andrea pegar o caminho de volta para minha casa e fico um pouco decepcionado. Eu teria gostado de tomar um sorvete ou beber alguma coisa. Afinal, são apenas dez e meia.
Mais uma vez, como se estivesse lendo minha mente, ele tenta se desculpar desajeitadamente.
- É que... tenho que ir pescar com meu pai pela manhã. As manhãs de sábado juntos são um hábito: ele coça a cabeça.
- Não se preocupe, haverá outras noites - Ele chegou na frente da minha casa, então me inclino para beijá-lo na bochecha, mas ele se vira e nossos lábios se tocam. Um beijo, curto e delicado.
"Vou escrever para você", diz ele, sorrindo e se afastando de mim.
- Está bem! OLÁ! -
Saio do carro e o vejo ir embora, então procuro as chaves na minha bolsa. Quando estou prestes a colocá-los na porta, ouço uma buzina atrás de mim.
Será Andrea, ela terá reconsiderado. Ele quer ficar comigo mais um pouco.
Meu turno. Não acredito: é o Luca, o garoto da pizzaria.
- E o que você está fazendo aqui, está me seguindo? -
Ele desce da bicicleta, tira o capacete e coloca-o no selim. Ele se aproxima de mim.
- Não, eu estava passando por aqui - tento conter o riso.
- Mentiroso -
Eu me viro e vou em direção à porta.
- Vamos, por que você não quer me dar uma chance? -
- Mas então você é realmente estúpido! - Não me importo de parecer um neurótico, um lunático esgotado. Nem sei quem é esse cara, ele me estressa na pizzaria e depois me segue até em casa. Mas quem diabos ele pensa que é?
O sorriso morre em seus lábios.
- Mas por que, o que eu fiz? -
- Mas o que você fez! Você quer entender que eu nem sei quem você é, quantos anos você tem, o que você faz da vida! Como ousa me seguir até em casa? Saia agora! -
Aquele sorriso arrogante que tanto odeio está de volta.
- Tenho vinte e três anos, estou prestes a me formar em engenharia médica e não te segui até a porta da sua casa. - Risos - quero dizer, sim, tecnicamente eu te segui até em casa, mas só para você entender que não sou idiota -
Isso me pega um pouco de surpresa. Eu não esperava que ele estivesse prestes a se formar e pensei que ele tivesse mais de vinte e três anos, com aqueles músculos grandes e definidos e tanta autoconfiança que ele tem.
- Desculpe, tentativa fracassada! -
- Quantos anos tens? - ele pergunta, chegando um pouco mais perto.
- Vinte -
- Você parece menor! - Ele sorri para mim.
- OK -
- Mas só 'ok' você pode dizer? -
- Você sabe como é, eu não inicio conversas profundas sobre meus problemas existenciais com um completo estranho! -
- Problemas existenciais como? -
- Meu Deus, isso foi só um eufemismo! -
- Sinto muito, senhorita, eu sei de tudo! -
Isso está me deixando com raiva. Por que você não me deixa ir até a casa? Mas o que ele quer?
- Olha, posso te fazer uma pergunta? - Então eu explodi.
- É só perguntar - Ele senta no painel de um carro ao meu lado. Meu carro.
- Primeiro de tudo, saia do meu carro! -Ele dá um pulo.
- Me desculpe, não sabia que era seu. -
- Você já sabe disso! - Tento me acalmar um pouco. - Por que você veio aqui? Nem se quer me conheces! -
- Porque eu gosto de você, você é linda. E louco também! -
Tenho vontade de rir, mas tento me conter.
- Ah, e você segue todas as garotas bonitas que encontra na rua? - pergunto, desnorteado.
- Não, nem todas as bonitas. Tudo fofo e louco! -
- E por que ele estaria louco? -
- Por que você não gostou -
Agora não consigo conter o riso.
- O que é tão divertido agora? -
- Então você me segue pela casa porque eu não gosto de você... Ok... Então olha, você é lindo, eu gosto demais de você, você é o homem da minha vida! -
- Perfeito, então suba na bicicleta e vamos dar uma volta! -
Tenho cada vez mais dúvidas sobre sua sanidade.
- Eu estava brincando! -
- Brincando você sempre fala a verdade -
- Ok, então eu só estava mentindo para fazer você ir embora! - -
Você sabe que isso não é verdade! -
- Você sabe que tem transtorno mental? -
- Sim! - Ele ainda me olha, me encara, me penetra com seu olhar. Então pego a chave da porta e começo a abri-la.
- Vamos, se você vier comer um croissant comigo, eu te deixo em paz e você não me verá mais! -
Reflito um pouco sobre sua afirmação.
- Fala sério? -