Capítulo 4
- Sim - vejo um raio de esperança em seus olhos.
-E onde vamos conseguir esse croissant? -
- Aqui atrás, na pastelaria antes da entrada do cruzamento. Se não, onde você quiser, Roma é grande, e eu vou a todo lugar com minha esposa. - Conclui dando dois tapinhas no assento da bicicleta.
Eu olho para ele horrorizado.
- Você está brincando certo? Iremos com minha senhora. -
Tiro as chaves do carro da bolsa.
- Porque? Vamos com a bicicleta! - ele insiste.
- Ouça, me escute. Já é um absurdo ele vir comer um croissant com você. Não me irrite e entre no carro. Entro e bato a porta. Ele faz o mesmo.
- Gosto quando você fica com raiva! - Ele me olha rindo.
Ele é um menino bonito, com maçãs do rosto salientes, olhos felizes e lábios carnudos. Pena do personagem. Ele é apenas um cretino. Mas assim vou me livrar dele, ou pelo menos assim espero.
Saio e coloco 'Radio Italia', minha estação favorita. Tiziano Ferro está lá, então aumento um pouco o volume.
- Por favor, o que você está ouvindo? -
- Fique quieto -
- Sim senhora! - ri novamente. Mas você sempre terá que rir. Talvez seja estúpido. Mas no fundo eu nem o conheço, não posso julgar; mas a impressão que dá é apenas essa.
Vejo ele olhando uma folha de papel que tenho no porta-luvas do carro, depois olha para mim.
- Nós estudamos na mesma universidade! - diz ele, me mostrando um papel que alguns alunos me entregaram na entrada da faculdade no final de junho. Por que ainda não joguei fora?
Aceno com a cabeça, estaciono o carro, tranco e assim que saio meu celular toca.
-Quem é esse seu namorado doce e educado? - ele me pergunta, fazendo uma vozinha irritante.
Levanto o dedo indicador para pedir silêncio quando vejo que é Sara. Se eu contar a ele agora que estou com esse Luca, ele vai me fazer duas mil perguntas e dizer que é a pessoa certa para mim.
Ele é o típico garoto por quem Sara se apaixonaria.
- Diga-me -
- Com quem você saiu no carro há dez minutos? -
Coloquei meu olho branco.
- O que você está fazendo, está me espionando? O que há de errado com você hoje, minha vida é tudo menos interessante -
- Eu não estava te espionando, estava fumando um cigarro na varanda e te vi. Quem é esse? -
- Quem? -
- Não seja tonto. -
- Ninguém -
- Não é verdade, ele era um grande jovem. Mas o que aconteceu com Andréa? -
- Hum… -
- Não pode falar? -
- Não! -
- Ok, amanhã de manhã às nove e meia na sua casa. Vamos tomar café da manhã com 'Ricky' -
- Você está brincando comigo? -
- Não porque? -
- Porque amanhã de manhã é sábado. E quero dormir até as duas da tarde! - Reclamo, mas já sei que ele vai armar uma armadilha para mim.
- Não seja o reclamante de sempre, vamos. Vou até te pagar um café! -
- Um café não será suficiente para me acordar de manhã! -
- Ah, é verdade... Quem sabe o que você fará esta noite que vai te deixar tão cansado! -
- Sara! - grito com a voz estridente, depois abaixo a voz e me afasto de Luca, que enquanto isso me olha com o sorrisinho de sempre nos lábios.
- Ele não é ninguém, eu não gosto dele, ele é um idiota e amanhã de manhã te explico tudo mas não tenha ideias estranhas! -
- Boa noite querida! - e desliga. Ela venceu, como sempre.
- Então você não gosta de mim e eu sou um idiota, né? - Eu me ouço. Mas ele não parece zangado, pelo contrário, eu diria divertido.
Dou de ombros e ele me imita. Eu rio.
- Seu amigo tem razão em ter ideias estranhas. Porque eu vou me tornar seu namorado! -
Agora eu rio ainda mais.
- Você gostaria disso! -
Ele bloqueia meu caminho e me segura pelos ombros.
- Sim o faria! -
Agora não rio mais. O idiota que conheci na pizzaria está de volta. Vazio e egocêntrico. É o que é. Ele é apenas um oportunista excêntrico e não gostou do fato de eu não tê-lo ouvido. E agora, para mantê-lo afastado, dei-lhe a vitória. Eu sou o idiota!
- Olha, vamos! - digo, voltando para o carro.
- Porque? -
- Pois sim! -
- É por causa de algo que eu disse? -
- Não, é por causa do que você vai fazer. Você só me seguiu para provar ao seu ego machista que pode conseguir a garota que quiser, mesmo que ela inicialmente recuse. Você é apenas egoísta, narcisista, egocêntrico... -
Ele bloqueia meus pulsos enquanto faço gestos, me gerando mil paranóias e filmes mentais.
- O que você está dizendo? Eu te segui porque gosto de você e não sei quando te veria de novo, talvez nunca mais. Eu queria ter uma chance com você, mas você fica gritando que sou um idiota quando nem sabe quem eu realmente sou! -
Olho para ele por um momento, depois abro o carro e sento, ele faz o mesmo.
- Não vai acabar aqui esta noite. Se eu deixar você ganhar, você vai me dar mais uma de suas pequenas chantagens, como: 'Vamos, se você vier jantar comigo amanhã à noite, juro que não vou mais te estressar' e de novo, de novo, de novo... - estou sem fôlego