Capítulo 5
- Está bem? Devo ligar para sua mãe? — Rosita pergunta muito preocupada, colocando a mão na minha testa para medir minha temperatura do jeito dela. — Ai meu Deus... você é gostoso Giorgio! -
— Quente... sim, era isso que eu estava — delirando mesmo sem consciência.
—Apoie-se em mim, temos que descer—Rosita me levanta com dificuldade e agarrada a ela descemos as escadas.
- O que está acontecendo? - Rafael pergunta com um pedaço de bolo na mão ao me ver cambalear.
“Rápido, um pouco de água gelada e um pano”, Rosita intervém, colocando-me no banquinho.
— Minha pequena, recupere o juízo — ele imediatamente banha meu rosto, que ficou vermelho e eu rio com os olhos ainda fechados — Você está recuperando o juízo? É impossível, Rosita, terminei.
- O que acontece? — ouvimos a voz de Sharon atrás de nós.
Abro bem os olhos e olhando para ela a vejo com um vestidinho branco enfeitado com flores coloridas e os cabelos desgrenhados como se tivesse... não, Giorgio, chega.
— Ele não está se sentindo bem — Rosita aponta para mim, enquanto Sharon se aproxima um pouco mais de mim e me solta — Ele está fingindo —
Que vadia, me sinto mal por você.
De repente, ele olha para mim e, segurando meu rosto entre as mãos, me observa com uma proximidade muito perigosa.
Prendo a respiração, me perdendo em seus olhos verdes, até que de repente ele se vira e murmura: "Dê o bolo a ele e ele vai cair em si."
—Azedo, rápido. —Rosita manda Rafael que corta um pedaço e me entrega meio hesitante.
Não entendo o que diabos está acontecendo, mas aceito o pedaço de bolo e coloco na boca, gemendo imediatamente de prazer.
- Você vê? Eu só precisava de um pouco de açúcar: Sharon mordisca sua fatia como um pequeno hamster.
“Estava a um passo de chamar a ambulância”, murmura Rosita, ainda alarmada.
— Nada que seu bolo resolva — Sharon responde, tomando um pouco de chá.
Estou intrigado com essa combinação e roubo um chá. “Ei, sirva-se de um pouco”, protesta Sharon, olhando para mim.
Ignoro e ao mergulhar um pedaço de bolo no chá descubro outro universo.
— Mas é a melhor coisa do mundo — Bebo o copo inteiro de Sharon, enquanto Rosita imediatamente lhe serve outro para não discutir mais.
Passamos uma hora saboreando o delicioso lanche da Rosita e não consigo parar de olhar para Sharon, não consigo tirar os olhos dela.
Agora que experimentei, quero todo o resto. De imediato.
- Vamos estudar? — Sharon pergunta a Rafael que assente e eles descem dos bancos.
Espero que? Aonde vocês vão juntos?
“Vou me juntar a você,” murmuro, também saindo do banco, mas com o resto do bolo, não vou soltar.
"Vamos estudar grego, não nos divertir, Giorgio", murmura Sharon... Imediatamente olho para ela com o canto do olho. Por acaso você quer me distanciar dela para poder seguir em frente com seu plano misterioso e maligno?
—E quem quer se divertir aqui? Falo muito sério - passo por ela e ao lado do Rafael que me olha surpreso - Mas você não tem nada com você -
— Tudo o que precisamos é de um manual. Vamos? -
—Giorgio, posso falar com você? —Sharon diz, ficando nervosa.
- Claro, me diga -
- Em privado. -
E aqui estamos nós novamente com minha imaginação.
Ele agarra meu braço e me arrasta para um canto da sala onde não tem ninguém, tento com todas as minhas forças não pensar que ele quer sair comigo para me agradar.
- O que vai fazer? Se perder. — ele sibila friamente... direto ao ponto.
- Ei? Entendo que é você quem tem más intenções – respondo, segurando a forma de bolo perto de mim como se quisesse servir de escudo entre mim e ela.
Preciso me segurar em alguma coisa ou não sei para onde minhas mãos iriam.
—Desde quando você se tornou detetive Conan? -
Comecei a rir - Conan sempre resolve seus casos -
- Isso não. -
Levanto as sobrancelhas surpresa com sua determinação — Por que você não quer me contar o que sabe? Eu poderia te ajudar -
- Você? Você está brincando comigo? “Você já quebrou meu celular e roubou minha privacidade”, ele sussurra, aproximando-se do meu rosto.
—Era a única maneira de fazer você falar—
— Você falhou nas duas vezes, Conan falha ou estou errado? -
Isso vai me deixar louco.
— Não quero deixar você sozinha com ele. —Confesso sério.
- Que você tem medo? -
Que eu possa te machucar, que eu possa te tocar, tocar a coisa mais preciosa que tenho no mundo.
—Ela esconde algo grande, você não consegue lidar com isso sozinho—
Um sorriso orgulhoso pinta seus lábios e chegando ainda mais perto de mim ele murmura - Porém, eu posso lidar com você porque você é mais desonesto que ele -
— Sharon... — sussurro, umedecendo os lábios enquanto meus olhos focam nos dela, cheios e brilhantes, prontos para receber uma emboscada minha.
— Giorgio... deixe-me fazer isso — ele sussurra, tentando me convencer com seu olhar penetrante.
— Não posso correr nenhum risco quando se trata de você. Você também... — minha respiração fica presa porque não consigo continuar a frase.
- Também...? —ela me incentiva a terminar de qualquer maneira.
Muito importante para mim.
- Tão estúpido. -
Sharon me empurra com raiva e vai embora, deixando-me encostado na cortina para me recuperar do toque dela mais uma vez.
Isso me consome como um fino pedaço de papel preso em chamas infernais.
Pego outra fatia de bolo e, frustrada, volto para a cozinha, onde encontro a mochila de Sharon apoiada ao pé do banquinho.
Que menina desajeitada, ela tem que estudar e esquece a mochila aqui.
Recupero colocando-o sobre o balcão e sento no banquinho para beber um copo d'água... Percebo que alguns papéis caíram da mochila aberta e ao tentar guardá-los, fico paralisado ao ver Documento de Rafael.
Que...?
Deixo o copo d'água descansar e pegando o documento deixo cair uma cópia... quantas são?
Espere... eles não são iguais, noto, notando uma sutil diferença de cor entre os dois. É mínimo, mas para quem viveu de documentos falsos na adolescência é visível.
Um é original e o outro não.
Pego o original e leio todos os detalhes até arregalar os olhos na data do nascimento, não é possível.
Certifico-me de ter o documento original em mãos, mas é isso...Rafael tem anos.
— Você demorou muito para descobrir — ouço alguém dizer atrás de mim e reconheço a voz de Rafael.
Eu me viro com as cartas na mão e sibilo: O que isso significa? -
— Xavier deu para você? —ele desabafa, arrancando os documentos das minhas mãos.
- Javier? O que diabos isso tem a ver com...? — Só agora percebo que deve ter sido o próprio Xavier quem o fez obter os documentos falsos.
—Como você os conseguiu então? -
“Fui eu”, diz outra voz na porta da cozinha.
Nós nos viramos e encontramos Sharon olhando para nós com seriedade e caminhando lentamente.
—Sharon? —Rafael sussurra com verdadeira surpresa.
— E vou te contar mais... Procurei no seu computador e encontrei a foto de um menino que se parece com você, então presumo que ele seja seu pai, junto com a tia Beni. Como você quer nos explicar isso? -
Franzo a testa, sem entender mais nada... o que diabos seu pai tem a ver com tia Beni?
— Eu sabia que deveria ter te observado mais do que Giorgio — Rafael sorri amargamente, observando-a intensamente.
Não é um olhar que me agrade, na verdade fico na frente de Sharon e deixo escapar para Rafael: "O que você está jogando, amigo?" -
- Ei? Vocês são aqueles que brincam de detetives.
— É por causa da minha família, eu não brinco de jeito nenhum. —Sharon diz severamente, passando por mim.
Agarro seu braço e sibilo acima de sua cabeça: Não se afaste de mim. -
—Também é sobre minha família. Meu pai foi assassinado injustamente e sua família tem algo a ver com isso, não vou recuar até descobrir quem fez isso.
—Como você pode ter tanta certeza disso? —pergunto, apertando com força o pulso de Sharon.