Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Capítulo 3

- Vamos entrar? - Daniel pergunta, percebendo que já são quase quinze.

— Vai, eu te acompanho — vou com calma.

Tanto Bartis quanto eu somos repetidores e pedimos para sermos colocados na classe de Clarissa para que ela pudesse nos passar as versões latina e grega sem problemas. Para disciplinas de ciências, terei que encontrar algum escravo para fazer jogos sujos para mim.

—Você quer que sejamos expulsos no primeiro dia? — Bartis ri, balançando a cabeça.

-Isso seria tão ruim? -

—Meu pai me mataria—

—Seu pai te mataria se soubesse de mais alguma coisa.— Acredite: termino de fumar o baseado e atravesso a rua para entrar pela porta.

— Olá Bartis — Fabiana, melhor amiga de Clarissa, cumprimenta com uma piscadela.

—Olá amor—Bartis pisca para mim e eu balanço a cabeça divertida.

- O que está acontecendo? —ele observa, me cutucando no ombro.

— Fabiana? Na realidade? Clarissa não vai gostar...

—Quem sou eu para me privar dos boquetes deles? E minha irmã tem problemas com você, então ela não tem o direito de falar.

- Que significa? Clarissa e eu não estamos juntos, apenas nos divertimos.

— Não entre em detalhes, por favor — ele sobe as escadas até a área e eu o sigo até nossa sala de aula.

Também não tenho ideia de que seção é.

— Bom dia professora, sempre fresca como uma flor — Bartis entra na sala e a professora de inglês trabalha com seu habitual humor de merda.

—Perera, não me ataque, vice-presidente imediatamente. Você tem alguma ideia de que horas são? -

Olho para o meu celular e diz e meia.

— Professor, eu te falei que eles estavam bloqueados na presidência! - exclama Clarissa, vindo em nosso auxílio.

— Exatamente, meu pai queria garantir que o ano começasse da melhor maneira possível e nos manteve por mais tempo que o normal. Eu prometo a você, professor: Bartis pega a bola.

A professora de inglês bebe tudo e, ao nos deixar entrar, Bartis percebe que só resta a primeira carteira como vaga.

— Desculpe — ele levanta a primeira mesa no ar e a coloca atrás da segunda onde está sentada uma garota negra que ele nunca viu antes.

Espero que ele proteste contra a informação, mas ele simplesmente ajusta os óculos e olha para baixo com raiva.

Foi mais fácil do que o esperado.

— Voilà — Bartis move minha cadeira para me acomodar e eu fico sentado em silêncio.

Mesmo o primeiro desktop teria funcionado bem, eu teria sido capaz de copiar sem ser pego de qualquer maneira.

“Já começamos a explicar, pegue o caderno”, diz a professora que volta para a lousa.

— Você está com o caderno? —Pergunto a Bartis.

“Não tenho nem uma folha de papel”, ele dá de ombros, mas imediatamente começa a pegar duas folhas da garota que está na sua frente.

"Pss, chocolate", ele grita em voz baixa.

Não posso acreditar no que ouço.

A menina se vira estupefata e ele lhe pergunta - Você tem duas folhas de papel para nos emprestar? -

Quando penso que é hora de ir se foder, ele suspira, tira duas folhas de papel do caderno e as entrega para nós.

—Muito gentil e… você também teria duas canetas? Por favor? — Bartis ainda tem a decência de falar.

Isso é o que mais admiro nele: ele sempre, e quero dizer, sempre, consegue o que quer.

Meninas, favores, dinheiro... não há nada que ele não possa acessar.

“Tenho uma preta e uma verde”, diz a menina, estendendo as canetas na mão.

"Eles estão bem, obrigado, querido", ele pisca e Bartis me entrega a caneta preta, é claro.

Finjo fazer anotações para o resto da aula até que o sinal finalmente toca e Clarissa corre para sentar no meu colo.

"Adoro ter você sob meus olhos o tempo todo", ele sussurra em meu ouvido.

Estremeço imediatamente – Clarissa parece perturbadora – empurro-a para o lado para sair da sala, sinto-me sufocada.

Bartis é parado por Fabiana que pergunta por que ele não ligou mais para ela e ele decide fugir dali o mais rápido possível.

— Com licença — murmurou a garota da primeira carteira que estava voltando para a aula e estava prestes a se chocar comigo, acho que ela pediu permissão para ir ao banheiro há alguns minutos.

Quando dizem que não presto atenção nas aulas, mentem.

Sinto meu celular vibrar e leio a mensagem de Xavier dizendo que conseguiu estocar até o final do mês e que está me esperando na quadra.

O dia na escola passa devagar, vendemos três vezes mais do que costumamos vender e juntei na nossa turma outros garotos que vêm de bairros populares e dizem que sabem lidar com o tráfico de drogas.

Vou ficar de olho neles, mas eles não parecem dispostos a brincar comigo... eles não teriam coragem.

“Temos um problema”, Oliver me informa quando saímos da escola.

- O que acontece? — Acendo um cigarro, parece que já passou um século desde esta manhã.

— Daniel vendeu um pouco de maconha para Gabriele Esposito sem saber quem ele era —

—E isso seria? -

—Ele é filho do coronel Espósito e se ele nos denunciou? -

Eu sorrio divertida. Relatório? A mim?

— Ele realiza vários projetos jurídicos e já tentou diversas vezes me incriminar enquanto eu vendia na escola. Aqui está ele, aponta com a cabeça para um sujeito seco e avermelhado que atravessa a rua como se tivesse medo até da sua sombra.

— Fique de olho nele caso consigamos o que queremos —

—Entendido—Oliver ri sadicamente.

Ouço meu celular vibrar e várias ligações perdidas da Clarissa, meu Deus, que carrapato.

Não respondo e ao subir na moto murmuro - vou, por favor -

"Temos tudo sob controle, não se preocupe", Oliver tenta me tranquilizar, mas a verdade é que acho que são todos um bando de idiotas que gosto de tratar como marionetes, e eles nem percebem isto.

“Sim”, digo simplesmente quando saio do estacionamento.

- Ei! — ouço alguém gritar atrás de mim e vejo pelo retrovisor minha prima Diana correndo em direção à moto.

— Graças a Deus você ainda não foi embora, pode me levar na casa da tia Lena? Prometi a ela que a ajudaria nos preparativos.

— Graças a Deus você passa por ali ou eu teria te deixado com a bunda no chão — Jogo o capacete nele e espero ele subir na moto.

— Sim, ande — ele me ignora, segurando a moto.

Paro na frente da casa da tia Lena e saindo do Didi, saio pelo portão para sair - Você pode nos dar uma mão? —ele pergunta, me devolvendo o capacete.

-Tenho que ir para a academia-

"Que desculpa de merda, ok... vejo você hoje à noite então", ele bufa, ajustando a mochila no ombro.

- Eu não estarei lá -

- Claro? Mas Sharon...

"Deixe-me em paz e cuide da sua vida, Didi", digo severamente e depois vou embora.

O que diabos há de errado com todo mundo? Ninguém que entende que eu nunca mais quero ver aquela vadia pelo resto da minha vida? A simples ideia de topar com ela na rua me dá nojo.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.