Capítulo 3 Bella
Tirando esse acontecimento logo cedo, o dia se passou tranquilamente. Eu almocei e logo depois do almoço, minha mãe veio ficar comigo, e nós duas conversamos bastante, mas não contei nada a ela sobre as coisas estranhas que ando vendo, e muito menos do tal rapaz que trabalha aqui noite. Morria de medo que as paredes ouvissem, visto que aqui no hospital é o seu local de trabalho. Só contei a ela, que o doutor Júlio falou que se correr tudo bem comigo, eu saio do hospital sexta-feira. Minha mãe ficou tão feliz de saber que eu estava prestes a sair dali que me beijou e me abraçou muito.
— Filha essa notícia alegrou meu dia! Você vai ficar na chácara com a gente, até se recuperar! Seu pai também vai ficar feliz com essa notícia!
— Não me leve a mal, mãe! Mas eu gostaria de ficar no meu apartamento com os meus amigos.
— Não filha! Eu te entendo, mas eu ainda acho melhor você ficar conosco na chácara. Por que você não convida seus amigos para passar uns dias com a gente? Eu vou adorar receber todos vocês lá. Você sabe como aquele local é enorme. E muito grande para mim e seu pai. Pensa nisto com carinho e depois me fale, sim? Estarei aqui amanhã, agora preciso ir. — Ela me deu um beijo na bochecha e foi embora.
Fiquei pensando que a ideia de mamãe não é ruim, pois a chácara é linda e não fica tão longe daqui. Logo que minha mãe foi embora, Laura e Yago vieram me visitar.
— Olha o que eu trouxe para você! — Exclamou Yago entregando-me um buquê de rosas brancas.
— Que lindas, Yago! Adorei! Mas não tenho onde colocar. — Comuniquei olhando ao redor, à procura de um vaso ou recipiente. — Pensando bem se você não se importar, vou levar na igrejinha que tem aqui. Obrigada. Eu adorei.
— De nada coração! Fico feliz que gostou! As flores são suas agora. Faça o que achar melhor ‘’ta’’. E essa é uma ótima ideia de colocar na igrejinha.
— Ah, confesso que eu não sei o que está acontecendo com o Yago, amiga! Pois ele anda muito romântico!
— Para de bobeira, Laura! Eu sempre fui assim! — Defendeu-se o rapaz.
— Coração, você já sabe quando vai sair daqui? Estamos sentindo muito a sua falta no apartamento. — Adoro quando Yago me chama assim! "Coração".
— Se tudo correr bem, sexta-feira eu saio. Meu médico já veio me avisar, mas não vou para o apartamento! Minha mãe quer que eu fiquei uns dias com ela, até eu me recuperar bem.
— Mas sua mãe mora em uma chácara! E era para lá que a senhorita estava indo quando sofreu o acidente, lembra-se? — Questionou Laura preocupada.
— Eu sei gente! Eu me distraí ouvindo música, por isto não vi o que surgiu em minha frente e bateu em mim! Foi tão de repente! Quando dei por mim, estava aqui, neste leito de hospital. Eu estava indo jantar com meus pais, pois eles estavam comemorando quarenta anos de casados. Mas a chácara não fica longe daqui, é só vinte minutos. — Eles entre olharam. Não consegui decifrar o semblante de nenhum dos dois. O que estariam pensando?
— Eu sei Laura que você está de férias do trabalho, e você Yago vai entrar de férias na próxima semana.
— Verdade Bella! Finalmente; férias! Bem merecidas por sinal! Estou exausta! — Confirmou Laura suspirando e arqueando as sobrancelhas daqueles olhos enormes e lindos.
— Pessoal? O que acham de passar uns dias comigo na chácara?
— Nossa! Adorei a sua ideia!
— Eu também coração! Mas eu só posso na sexta que vem, embora se eu bater um papo com o meu chefinho, ele possa adiantar alguns dias. Assim ficaremos todos juntos. — Contou ele passando as mãos nos cabelos.
— Boa ideia, Yago! Conversa com ele e diz que vai ajudar uma amiga que sofreu um acidente. Ele é uma pessoa boa e compreensível! E tenho quase certeza que ele vai cooperar. — Exclamou Laura toda sorridente para Yago.
— Então está combinado! Vou resolver isso com meu chefe e aviso vocês amanhã.
— Legal! Vou esperar ansiosa.
— Coração! Fico tão feliz de ouvir isso de você. — Elogiou ele olhando para mim de um jeito diferente. Yago é um rapaz lindo de vinte e cinco anos, assim como eu. Este belo exemplar da ala masculina é forte e tem a pele bem clara. Mas o que chama atenção mesmo nele são seus olhos perfeitos! De um azul celeste magnífico. Cabelos ligeiramente cacheados e um furo no queixo irresistível completam a aparência daquele homem, que toda mulher sonha em ter por perto.
Eu o conheço desde pequena, quando eu tinha mais ou menos dez anos. Nós crescemos e estudamos juntos, e confesso que já tive uma quedinha por ele! Mas como ele sempre me olhou como amiga, e nunca correspondeu; O tempo passou e hoje nós somos grandes amigos.
— Então, Yago, tomara que dê certo para você! — Exclamei ainda recostada na cabeceira do hospital, enquanto eu esquecia o incidente das pessoas e vultos que desapareceram misteriosamente. Tudo aquilo parecia ter sido fruto da minha imaginação.
— Senhor! Nós nem percebemos que já está escurecendo! — Assustou Laura, abrindo levemente a persiana azul turquesa da janela. — Eu preciso ir, pois combinei com a Lídia de ir a um barzinho! Ela vai conhecer um rapaz que conheceu na internet há meses, e não quer ir sozinha!
— Nossa! Que babado! Lídia conhecendo um rapaz pela net? — Estranhei, visto que a menina era meia maluquinha e ficar com medo não combinava muito com o estilo dela.
— Depois quero saber o que aconteceu, ok? — Lídia é uma amiga nossa de faculdade de Administração. Laura e ela são as únicas amigonas que fiz durante a minha vida estudantil. Agora somos três administradoras e amicíssimas.
— Vou indo Bella! Fica com Deus! — Despediu-se minha amiga, dando-me um beijo carinhoso na cabeça. Eu por minha vez, sorri agradecendo a visita. Quando ela estava quase alcançando a porta, voltou-se novamente:
— Bella eu já topei! Vou passar uns dias com você na chácara. Amanhã estarei aqui novamente.
— Coração? Fica bem, ok? — Pediu Yago, piscando para mim. — Qualquer coisa, já sabe; passe um WhatsApp ou me liga que eu venho voando! — Brincou quase me abraçando forte, esquecendo o quanto frágil eu poderia estar.
Confesso que senti uma pontada de tristeza dentro do peito quando o vi sair pela porta, e ao me dar uma segunda piscadinha. Em seguida, a porta verde musgo fechou atrás de si. Suspirando, ao notar que estava novamente sozinha. Deixei-me escorregar colchão afora. E quando eu pensei em dar mais um cochilo, ouvi a porta se abrir novamente.