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Capítulo 2 Bella

— Desculpe ter te assustado!! Não era minha intenção. — Pediu uma voz sedutora de homem bem atrás de mim, e quando eu me virei para ver quem era, deparei-me com um rapaz lindo, alto não muito forte, pele clara, olhos escuros, cabelo preto na altura do pescoço. Ele tinha uma beleza diferente, mas mexeu comigo.

— Não foi nada! Eu estava tão distraída que não ouvi você se aproximar e me assustei quando tocou em mim. Prazer; sou Annabella, mas pode me chamar de Bella. — Me apresentei dando a mão para cumprimentá-lo, mas ele não me cumprimentou, apenas respondeu:

— Tudo bem Bella! O prazer é meu, sou Eric! Estava indo tomar um ar lá fora, quando ouvi alguém falando no corredor e achei estranho, pois a esta hora todos já estão dormindo. E ao checar quem era, encontrei você parada no meio do corredor. Eu inclusive te chamei, mas parece que você não me ouviu, foi por isso que toquei em seu ombro.

— Estava tentando conversar com uma garotinha, pois acho que ela estava perdida e apareceu no meu quarto chorando, mas a única coisa que consegui tirar dela foi o nome de sua mãe: Marta. E logo em seguida, ela desapareceu, bem na hora que você Eric me tocou.

— Trabalho no hospital à noite e a única garotinha que deu entrada foi uma que sofreu um acidente de carro. Os seus pais estão bem, mas a garotinha não resistiu aos ferimentos e morreu assim que deu entrada. Então eu creio que não deve ser a mesma que você viu, mas também não sei de nenhuma outra. — Esclareceu ele. — Só achei estranho um fato: fui eu quem preencheu a ficha dos pais dela, e sua mãe se chama Marta.

Quando ele falou que a mãe da garotinha que morreu era Marta, eu me arrepiei todinha. E senti um frio gélido percorrendo todo o meu corpo. Então passei minhas mãos em meus braços, como se estivesse com frio.

— Você está com frio?

— Não Eric! Eu só fiquei arrepiada com o que me contou.

— Esquece isso, Bella! Deve ser só coincidência. Eu vou te acompanhar até o seu quarto, pois está esfriando e você precisa descansar.

— Tudo bem. Deve ser mesmo coincidência! E realmente já está esfriando. — Então ele me acompanhou até o quarto. Eu realmente estava assustada, pois desde que acordei do coma, tenho visto coisas estranhas. Até cheguei a pensar que era minha imaginação, mas agora estou duvidando que sejam somente delírios de minha mente fértil.

— Você está se sentindo bem? — Insistiu o rapaz parecendo preocupado comigo de verdade.

— Sim estou! Será que você poderia ficar comigo até eu pegar no sono? — Pedi num impulso. Que sinistro! Ele era um estranho para mim, mas era como se eu já o conhecesse da vida toda. Realmente coisas estranhas têm permeado a minha vida nestes últimos dias. Estaria sonhando?

— Claro que fico! — Respondeu me dando um sorriso lindo. Que ficaria gravado em minha memória para sempre.

— Eu não quero te atrapalhar, Eric! — Exclamei meio ressabiada.

— Não vai não! Apesar desse acidente que te contei, a noite está tranquila. Posso ficar com você até conseguir dormir.

— Eu agradeço, pois é horrível passar a noite sozinha. — Então ficamos ali conversando um pouco: contei a ele como vim parar aqui, e ele me contou que estava de férias, por isso não soube antes do meu acidente, mas que ficou sabendo assim que voltou a trabalhar, e ficamos ali conversando até que finalmente meu sono chegou, e sem perceber acabei dormindo. Acordei com a porta do meu quarto se abrindo. Rapidamente, eu olhei para ver quem era.

— Bom dia, Bella! Como foi sua noite? — Perguntou o doutor Júlio assim que entrou em meu quarto e viu que eu estava acordada.

— Bem graças a Deus! Demorei um pouco para dormir, mas quando consegui; apaguei. E pelo que vejo só acordei agora. — Não podia contar para ele que Eric ficou comigo até eu pegar no sono, pois fiquei com medo de prejudicar o rapaz.

— Que bom que você conseguiu dormir! Tenho ótimas notícias, Bella. Você vai ficar aqui apenas mais dois dias, e na sexta terá alta, visto que consta no relatório das enfermeiras que você não está mais sentindo dor. — Fiquei feliz em ouvir aquilo, ele continuou:

— Para ter certeza e por medida de segurança, sua alta será na sexta, então você ficará em observação e se tudo correr bem, você vai para casa. Vou diminuir seus remédios, por isso qualquer dor que sentir é só chamar.

— Nossa doutor Júlio! É tudo que eu mais quero; ir para casa!

— E se Deus quiser você vai! — Em seguida ele pediu licença e saiu do quarto. Eu fiquei muito feliz com essa notícia, pois não via a hora de contar para minha mãe e meus amigos.

A enfermeira trouxe meu café, e pelo que notei a medicação realmente diminuiu. Assim que a enfermeira saiu, resolvi fazer algo para me distrair. Resolvi ligar a TV, mas não encontrava o controle remoto. Levantei-me com cuidado e ao me aproximar do aparelho, percebi um senhor de idade saindo de dentro do banheiro. Quase morri de susto e só não cai porque segurei a tempo na parede lateral. Quando finalmente recuperei as forças questionei meio gaguejando:

— O que o senhor está fazendo aqui dentro do meu quarto? — Ele se virou e ainda me olhou, mas nada disse. Ele apenas caminhou alguns passos, alcançando a porta saindo. Um tanto curiosa, resolvi ir atrás do mesmo, pois ele não me respondeu o que fazia em meu banheiro, mas quando sai do quarto atrás dele, não o vi mais. Será que ele entrou no quarto da frente? Pois sumiu tão rápido! Uma enfermeira passava em frente ao meu quarto nesta hora segurando uma bandeja. Sem pensar eu chamei a moça que por sua vez parou questionando:

— Bella você está precisando de alguma coisa? Por que está fora da cama, mocinha? — Vi pelo crachá que o seu nome era Rose.

— Não estou precisando de nada, Rose! Mas obrigada por perguntar. Eu só queria saber se conhece esse senhor que acabou de sair do meu quarto, pois acho que ele deve ter usado o meu banheiro e saiu na hora que eu o vi, foi bem na hora que você estava passando na frente do meu quarto.

— Não vi ninguém saindo do seu quarto! Ou talvez eu estivesse distraída, por isso não vi.

— Acho impossível não ter visto! Pois quase trombou com ele, mas quando olhei para você, ele havia sumido. — A enfermeira Rose me olhou de modo perturbador, em seguida ordenou:

— Você não me parece nada bem. Vou avisar ao doutor e....

— Por favor, não diga nada ao doutor, eu estou bem. Veja, estou até andando normalmente! — Argumentei receosa de que o médico me fizesse passar mais tempo neste hospital de malucos. Ou eu estaria mesmo surtando? Achei muito estranho o fato de a enfermeira não ter visto o homem, mas achei melhor deixar como estava.

—Tudo bem Rose! Ele deve ter se enfiado em algum lugar. Eu já estou voltando para meu quarto.

— Tenho quase certeza que ninguém saiu do seu quarto. Eu agora tenho que ir. Descanse e qualquer coisa é só tocar o sininho. — Aconselhou a enfermeira seguindo seu destino. De volta ao meu quarto, eu liguei a TV. Estava passando um filme de romance daqueles que eu adoro e estava no começo, mas minha mente estava focada nos últimos acontecimentos... Primeiro vi um rapaz, só não consegui ver quem era, pois estava imobilizada, no dia em que acordei do coma. Ontem vi uma garotinha sumir na minha frente e agora esse senhor que saiu do meu banheiro. Não estou entendendo nada! É tudo muito estranho. Mas tenho certeza que estou bem acordada e também não sou nenhuma maluca, disso tenho certeza.

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