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Alice e Lorenzo (19 anos de idade)

Lorenzo

A notícia que partiu meu coração mudou tudo. Sim, a mudança foi algo que me machucou profundamente e por isso tive de tomar algumas atitudes a respeito e me prevenir para evitar sofrimento, ali sendo jogado em minha cara todos o santo dia, de forma cruel e amarga.

Alice estava namorando. E não era comigo.

Para piorar a situação, o cara, porque eu jamais denominaria aquele ser infeliz como homem para mi princesita, é um idiota. Veja bem, não é questão de ciúmes, o cara realmente não merece um terço da garota maravilhosa que Alice é, e não é somente eu que acho isso, Henrique também é totalmente contrário a esse relacionamento que ao seu ver é uma furada. Sempre que possível, o pai deixa claro para a filha e para o resto do mundo sua insatisfação com o cara.

Eu já até tentei deixar algumas dicas, nada muito claro, mas ainda assim já é algo, para que Alice perceba que Bruno não é o cara certo, que tinha algo de errado com ele, mas ela não me ouve ou se finge de surda. Então penso "Ah, dane-se! Não irei mais insistir com uma mula teimosa", mas era só passar os dias e lá estava eu de novo, tentando abrir seus lindos olhos verdes. Alice está tão iludida e cega com esse namoradinho que até parece um personagem de Bird Box, vendada para a verdade bem a sua frente.

Só que todo mundo nessa vida tem um certo limite a tolerar determinadas coisas e eu havia atingido o meu. Não aguento mais ver o descaso imerecido com que Alice é tratada e ainda assim defender o babaca que se intitula seu namorado. E por causa desse idiota tivemos uma briga séria, como nunca tivemos antes. Alice não aceitou muito bem quando fui mais explícito e cru, pondo palavras meus reais sentimentos em relação a Bruno. Ela teve coragem de dizer que eu estava sendo injusto, grosseiro e egoísta. Egoísta? Logo eu? Que sempre fiz de tudo e a apoiei desde que me entendo por gente. Ela é que estava soando injusta no momento sem ao menos se dar conta, e por mais que suas acusações tivessem tido o poder de me ferir naquele instante, usei de todo o meu auto-controle e refreei as palavras ríspidas que se formaram na ponta da língua com a intenção de machucá-la da mesma forma que estava fazendo comigo. Agora há esse clima de mal-estar entre a gente, não nos falamos há mais de três dias, um recorde, porém sinto como se tivesse passado um século. Sinto sua falta, mas não serei eu a dar o braço a torcer. Não fui eu quem errou, então... dane-se Alice, dane-se aquele embuste do Bruno, dane-se todo mundo!

Mas... será que ela sente minha falta assim como eu sinto a sua? Me perco em pensamentos com isso em mente por alguns minutos. Não importa de qualquer forma. O que está feito, está feito.

-Enzo, você está bem? -ouço a voz de Camila vinda de longe e então eu desperto para a realidade voltando ao presente.

-O que você disse? -questiono mirando seu rosto, pisco uma, duas vezes e seus olhos castanhos me olham preocupados.

-Você tá legal? Sabe que se quiser, pode conversar comigo, não é? Dizem por aí que sou uma boa ouvinte. -ela ajeita suas pernas sobre meu colo e eu suspiro.

-São só uns problemas sem importância. -dou de ombros. -Um desentendimento que tive com Alice. -digo fitando um de seus pés pequenino e bem bonitinho, capturo um deles e começo a massagear desde o tornozelo estreito até a pele macia de sua panturrilha.

-E? -ela incentiva para que eu continue, sua atenção totalmente voltada para mim e isso me faz bem, ter alguém com quem compartilhar meus dilemas, que se importe de verdade.

-Ela disse algumas coisas duras que me magoaram. Nós tivemos uma briga séria.

-Poxa, que... chato isso. O que ela disse que te deixou mais chateado? -Camila se aproxima mais, suas coxas agora estão em meu colo, um braço descansa em meus ombros enquanto seus dedos de longas unhas pintadas de preto brincam com os fios de cabelo em minha nuca.

-Que sou egoísta, que não enxergo nada além do próprio umbigo. Que sou incapaz de torcer pela felicidade de uma amiga. -recordo suas palavras com ressentimento. -Eu não sou assim, sou, Camila? Em algum momento já a fiz se sentir desse modo? Seja sincera, por favor. -peço segurando sua mãos entre as minhas.

-É claro que não, Enzo. -ela responde tão rápido que a olho desconfiado. -Sério. -ela reafirma. -Não mentiria sobre isso. Você é um cara legal, um ótimo amigo. Se não o fosse, eu não teria problema nenhum em mandar bem na sua cara o tipo de bosta que é.

-Falando desse jeito, com tanta convicção, acho que estou começando a acreditar em você. -brinco para em seguida receber uma revirada de olhos impaciente.

-Pois deveria mesmo. -Camila rebate franzindo os lábios finos em um muxoxo adorável.

Sua boca apesar de pequena, não deixa de ser delicada e atraente, e analisando o conjunto que formava com rosto bonito e olhos castanhos expressivos, feito duas avelãs, a tornam ainda mais interessante.

-Você tem um coração incrível, é leal e amigo. Azar é de quem não viu isso. Se Alice não reconhece seu valor, deixe-a. Não faz bem ficar com alguém que não te valoriza, entende? -nossos rostos estão tão perto um do outro que quase sinto a pergunta me atingir fisicamente como um tapa na face. -Quando olho para você eu enxergo o verdadeiro Lorenzo que existe bem aqui. -ele me toca o peito, bem acima do coração.

Então eu seguro sua mão no lugar antes que ela a afaste e puxo Camila em minha direção, envolvendo sua boca com a minha em um beijo apressado, minha língua pedindo passagem, e como não há resistência, passo a explorar cada pedacinho até então desconhecido por mim. Não sei como e nem percebo quando acontece mas Camila de um segundo para o outro está sentada em meu colo, uma perna de cada lado a me cercar. Suas mãos passeiam ora por meus braços e costas, ora por meu pescoço e cabelos onde seus dedos os prendem em um rabo de cavalo.

Tenho um pequeno sobressalto quando inesperadamente uma de suas mãos se infiltra por debaixo de minha camisa e segue por um caminho mais ousado. Mesmo surpreso com a atitude, não impeço seus avanços, um som estrangulado me escapa da garganta e eu aumento a pressão do aperto que exerço em sua cintura.

Meu Deus, eu preciso parar com isso antes que perca o controle e o bendito juízo. É o que minha mente me alerta, mas quem diz que eu consigo parar? Essa nova sensação é boa demais para ser interrompida. Mesmo que algo lá no fundo me diga que talvez eu me arrependa amanhã por estar misturando as coisas. Camila é minha amiga, não quero magoa-la, mas ela também está correspondendo, certo? Está envolvida no momento até mais do que poderia imaginar, como se estivesse esperando por isso há um tempo.

Porém, minha consciência acusadora aponta que talvez Camila possa nutrir algum tipo de sentimento em relação a mim e eu esteja apenas me aproveitando de sua bondade, usando-a como uma muleta ou band-aid para tapar o ferimento causado por outra garota. Alice. E isso não está certo. Determinado a colocar um fim naquela situação com o mínimo de embaraço possível para ambos, seguro a mão que está por dentro da minha camisa detendo brevemente o movimento, entretanto antes que eu possa dizer qualquer coisa, somos abruptamente interrompidos.

-Enzo, seu pai esqueceu a porta aberta... -Alice vai dizendo ao entrar e para no meio do caminho, congelada ao ver a cena que está acontecendo no sofá da sala. -...ah, oi, Camila. Desculpa, não sabia que tinha visita. Se soubesse teria vindo outra hora ou talvez avisado antes. -Alice se coloca de costas evitando assim ter de no olhar daquele jeito.

Não tenho tempo para lhe explicar o ocorrido, sinto que de algum modo ela está se afastando de mim e isso dói. A surpresa e ressentimento que flagrei em seu olhar verde floresta antes que se desviasse para outro lado disse tudo. E não importa o quão magoado eu possa estar com ela ou com suas atitudes anteriores. Nada disso existe mais quando tudo o que eu sinto por Alice volta neste instante com força total. Independentemente do tempo ou das circunstâncias, sei que ainda amo essa linda garota .

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