Fazenda Ardenas:
Em casa, na hora do jantar, Jakeline conta que ganhou o cavalo..
Dayana- Filha, nós precisamos conversar. Primeiro, parabéns pelo cavalo e espero que não se decepcione.
Jakeline- Pode deixar, ele será o melhor cavalo de Ardenas.
Antônio- O que deseja querida?
Dayana- Eu e Elizabete, encontramos uma faculdade para as meninas. Eles têm alojamentos e cursos secundários, se elas desejarem.
Jakeline- Mas mãe, eu não queria sair daqui!
Dayana- Mas é preciso filha, não temos faculdades por perto. Terá que fazer fora.
Jakeline- E quem vai cuidar do meia noite?
Antônio- Nós, filha, você virá nas férias. Vai passar rápido, logo estará de volta. E poderá assumir a responsabilidade de cuidar dos animais.
Dayana- Será uma excelente veterinária. Diz com um belo sorriso.
Jakeline- Eu prometo, vou estudar muito e serei a melhor aluna.
Antônio sorri para Dayana.
Após o jantar, eles saem para a varanda. Dandara chama Jakeline para dar uma volta.
Antônio- Esperem um pouco, precisamos acertar a ida de vocês.
Dayana- Temos que fazer um pequeno enxoval para levarem.
Jakeline- Ainda temos um tempo, vamos ver o meu cavalo e não vamos demorar.
Jakeline sai com Dandara correndo.
Elizabete- Não mudam, quem sabe, elas aprendem a se comportar fora daqui.
Rodrigo- Vão aprender, mas não cobre muito, a personalidade das duas, são únicas. Isso já nasceu com elas.
Dayana- É verdade, vou sentir falta quando forem. Espero ver minha filha se formar.
Antônio- Vai ver querida. Você é forte.
Dayana- Eu estou me sentindo mais fraca, mas não quero que Jakeline ou Dandara saiba. Quero que viajem sem se preocuparem comigo.
Elizabete- Não vamos contar, mas tem que se cuidar. Você vai conseguir!
Eles ficam conversando até a volta das meninas.
Dayana- Vamos deitar, esta semana vamos viajar para comprar roupas, e ver o dia que devem chegar a faculdade, eles pedem que cheguem antes do início das aulas, para conhecerem e se adaptarem ao lugar.
Jakeline- Está bem mãe, só não quero que me compre vestidos. Me sinto mais confortável com a calça.
Elizabete- Mas vamos comprar, sim, onde já se viu! Toda faculdade tem atividades e às vezes ocasiões, em que vão precisar estar bem arrumadas.
Dayana- Não queremos que ninguém diga, que não tem roupas femininas. E isso não tem negociação, Jakeline. Disse firme.
Jakeline revira os olhos e depois olha para o pai.
Antônio- Não vou discutir com sua mãe, ela está certa. Você já está com quinze anos. Então deve aprender modos de garota.
Jakeline abaixa a cabeça resignada.
Dandara- Por mim, sem problemas, mas que seja um ou dois vestidos. Se precisar, depois compro. Também não sabemos como o pessoal se vestem. O jeans é básico para todos. Não quero usar um vestido que todos vão rir.
Jakeline- Mãe, Dandara está certa. Nós podemos comprar vestidos lá mesmo. Não conhecemos o pessoal, então não faz sentido comprar algo, que pode não ser de bom agrado.
Antônio- Querida, elas estão certas. Estão indo para outra cidade e vão conhecer novas pessoas. E se comprar um vestido que não se iguala às novas amizades?
Dayana- Está bem, mas quero a promessa que vão comprar.
Jakeline- Prometemos mãe, mas o jeans não tem erro. Todos usam.
Antônio desfaz a roda de bate papo, falando que precisam descansar. Elizabete e Rodrigo moram ao lado do casarão. Para Antônio e Dayana, eles são parte da família.
A vida na fazenda é farta, todos são pessoas que se vestem com simplicidade e praticidade. As garotas, não são acostumadas e se enfeitarem, gostam de percorrer a fazenda e com isso, se vestem sempre roupas adequadas.
Elas levantam cedo com os pais. Durante o café da manhã, Dayana insiste em comprar roupas.
Jakeline- Mãe, não tenha pressa, ainda falta um tempo para irmos!
Dayana- Quero aproveitar e fazer compras para o Natal, por isso estou querendo ir logo.
Jakeline- Tudo bem. Vamos ir às compras então.
Antônio sorri ao ver a resistência da filha, e a insistência de sua esposa.
Antônio- Vocês podem ir de helicóptero, podemos ficar sozinhos até a volta de vocês. Assim economiza tempo.
Rodrigo concorda com ele.
Elas se preparam para viajarem.
Dandara- Deveria ter lugares mais próximos, toda vez que precisamos de algo, temos que viajar!
Elizabete- Esquece que a fazenda fica bem afastada? Ela ocupa um espaço enorme, ir de carro seria uma perda de tempo.
Jakeline- Vou correndo ver meu cavalo e não demoro. Diz saindo antes de ser impedida. Dandara segue a amiga.
Enquanto caminham, Jakeline conversa com ela.
Jakeline- Tenho certeza que minha mãe vai comprar vestidos. Até parece que vai ajudar aqui. Já tenho muitas roupas!
Dandara- Jake, já pensou que vamos ficar fora por anos? Vindo só nas férias?
Jakeline- Sim. Estou indo só por querer ser veterinária, senão nem cogitava sair daqui.
Dandara- Eu estava olhando, vou fazer agronomia, não vou fazer administração.
Jakeline- Mudou de ideia?
Dandara- É que administração eu volto antes de você. É só quatro anos. E você ficará mais um ano lá. Não me vejo sozinha aqui.
Jakeline- Entendi, o bom é que você estava em dúvida, mas se quiser voltar antes, não tem problema. Eu volto depois.
Dandara- Já está decidido, vou e volto com você.
As duas se abraçam e vão ver o cavalo.
Depois elas partem com Dayana e Elizabete. Elas compram tudo que precisam e a tarde, retornam a fazenda. Jakeline fica surpresa por sua mãe não ter forçado a compra de pelo menos um vestido. Isso a deixa surpresa.
Dayana- Eu estou confiando em você. Por isso não comprei. Quero ter um natal tranquilo e no final de janeiro, vocês partem. Vamos manter um clima de festa e aproveitar o tempo.
Jakeline- Obrigada mãe, eu não vou deixar de comprar vestidos.
Dayana pega na mão de Jakeline.
Dayana- Filha, eu só desejo sua felicidade. Mas deve saber explorar seu lado feminino, Dandara também. Já fico triste por não terem, tido contato com outras pessoas fora de casa.
Jakeline- Pois vamos fazer amizades e convidar a vir em nossa casa.
Elizabete- Assim espero, e não perca a oportunidade de conhecer alguns garotos, não é para namorar agora, mas para um futuro.
Jakeline- Tia, já está pedindo demais, eu não penso nisso. A minha vida são os cavalos. Só vou pensar em garotos quando estiver bem mais velha.
Dandara- Eu penso como Jakeline, ainda temos muito tempo pela frente.
Dayana está calada ouvindo a conversa, ela não diz nada.
Jakeline- Mãe, está quieta! Você está bem?
Dayana- Sim, filha, é só um cansaço. Mas logo vai passar.
Elas ficam quietas até chegarem. Jakeline conta ao pai, o jeito da mãe.
Jakeline- Pai, sei que ela não tem uma boa saúde desde que nasci. Eu estou preocupada com ela.
Antônio- Ela vai ficar bem. Eu já estou indo para casa.
Jakeline espera e volta com ele. Dayana está deitada quando eles chegam.
Elizabete conversa com Antônio e diz o mesmo que Jakeline.
Antônio- Vou chamar o médico. Assim vemos como ela está. Antônio vai ver Dayana no quarto.
Antônio- Querida, estamos preocupados com você!
Dayana- Eu só preciso descansar. Logo estarei bem. Diz ela com um sorriso.
Antônio- Eu, vou mandar buscar o médico, para te olhar.
Dayana- Não precisa, mas se for para se sentir tranquilo, tudo bem.
Antônio beija a esposa e a deixa descansando, ele liga e o médico se prontifica a ir de manhã. Antônio agradece e depois toma um banho e fica em casa.
Depois que as meninas vão dormir, Antônio conversa com Rodrigo e Elizabete.
Antônio- Eu estou preocupado. Dayana está cada dia mais fraca. Só não pressiono ela, para não assustar as meninas.
Elizabete- Já percebi também. Mas ela quer muito que Jakeline vá para a faculdade. Por isso ela segura, se Jakeline souber, vai adiar sua ida para a cidade, isso Dayana não quer.
Antônio- Eu imaginei. Mas não é certo. Jakeline deve saber o que acontece com a mãe, e não pode deixar de estudar.
Rodrigo- Eu acho que se ela souber, não sai daqui. Apesar do jeito livre de sua filha, ela ama Dayana. Não vai querer ficar longe. Isso é fato.
Antônio- Amanhã vamos saber do médico. Ele virá cedo. Agora vamos descansar, já está tarde. Diz levantando e entrando em seu quarto.
Elizabete e Rodrigo fecham a casa e vão embora. Já deitados, Rodrigo diz.
Rodrigo- É delicada a situação, eu não saberia o que fazer, se fosse comigo.
Elizabete- Acho que faria o mesmo. Não contaria a Dandara. Ela tem um futuro. Não iria atrapalhar isso.
Rodrigo abraça a esposa e desliga o abajur.
Rodrigo- Vamos dormir. Amanhã saberemos o que fazer.