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Capítulo 04

Conversas de família

Alguns anos antes, a avó de um dos peões, foi passear na Fazenda. Ela fazia perfumes artesanais, Jakeline e Dandara eram muito curiosas, ao ver a fabricação dos perfumes pediram para aprenderem. A vovó, assim era conhecida, ensinou as duas, como fazer os seus próprios perfumes, com as flores, e o que tinha na fazenda, Elas ficaram encantadas, com a alquimia da fabricação de perfumes, Dandara gostava muito de jasmim, Jaqueline gostava de cheiro cítrico e amadeirado, ela aprendeu a fazer o seu perfume, colocando um leve cheiro de maracujá. O perfume de Jakeline era único, ela mantinha sempre um estoque reservado para usar.

Com a aproximação do Natal, elas dividiam o tempo entre os cavalos, e faziam perfumes para presentear. Jakeline estava treinando, meia-noite a se acostumar com ela. O potro, parecia sentir ir à presença de Jakeline. Meia-noite, tinha uma pelagem muito linda. Jakeline corria solta, e o potro, lhe acompanhava. Sempre quando terminava, Jakeline me dava uma cenoura.

Dayana estava sendo cuidado pelo médico, sua saúde a cada dia mais debilitada. Próximo ao natal, eles organizam a festa natalina para todos, que trabalham na fazenda e uma particular para a família. Antônio e Rodrigo, estão trabalhando para exportar uma remessa de encomenda, de uma raça específica de cavalos. Como em uma fazenda existe muito trabalho, os dias passam rápido e logo chega o Natal.

Dayana- Meu bem, conseguiram entregar a encomenda?

Antônio- Bem em cima do tempo, mas, sim, conseguimos.

Dayana- Eu e Elizabete já adiantamos a festa para o natal. Sei que alguns dos peões, irão visitar sua família.

Antônio- E o que, a minha bela esposa planejou?

Dayana- Vamos fazer a ceia, com todos juntos, depois quero aproveitar minha família, pois Jakeline irá partir em janeiro, para a faculdade.

Antônio- Vamos sentir falta dela! As meninas, estão sempre correndo pelas terras, vai ser difícil. Só espero, que ela se dê bem, que faça muitos amigos e aproveite o tempo em que estiverem lá.

Eles estão sentados na varanda, Rodrigo chega, com sua esposa e as meninas.

Elizabete- Aqui está, um lanche para todos. Preparei um pouco de cada petisco, que todos gostam. Espero que gostem.

Dayana- Você amiga, conhece o gosto de todos nesta casa. Não tem como rejeitar as delícias que faz.

Elizabete- Eu gosto deste momento que temos.

Jakeline- Vamos sentir falta. Como será longe daqui? Diz ela triste.

Dayana- Filha, não importa o que aconteça. Nunca desista de lutar pelos seus sonhos. Ser veterinária, vai lhe ajudar a cuidar da fazenda, e será você quem vai cuidar dos animais.

Jakeline- É isso que me acalma, mas ficar cinco anos em uma faculdade! É muito tempo.

Antônio ri dela.

Rodrigo- Mas quando voltar, já estará adulta, e vai poder vir nas férias, então você e Dandara, nem vão perceber, o tempo passar.

Dandara- Eu espero.

Dayana- Vão aprender muito. Nós passamos por isso, quando éramos jovens. E as duas, vão ajudar muito mais do que agora. Por isso, não deixem que nada desviem vocês dos seus objetivos.

Jakeline- Pode deixar. Prometemos nos esforçar muito e voltar logo.

Na cidade Altanês:

A família Elban, também estão com os mesmos dilemas. Igor é o único que não demonstra insatisfação. Ele quer muito, ir para a faculdade. Mas Ingrid, começa a enfrentar o dilema de ficar longe dos pais.

Osvaldo- Será rápido, filha. Logo estará de volta.

Ingrid- Eu não acho. É muito tempo longe.

Janira- Mas quando fizer amizades, vai te ajudar a não se sentir sozinha. E nas férias, estarão em casa.

Ingrid abraça a mãe.

O natal de todos é como uma despedida de uma fase, para o início de outra. No ano novo, todos fazem um pedido especial.

Na fazenda, eles têm o costume de escrever e colocar em uma caixa. Abrindo no último dia do ano, e ver se conseguiram realizar.

E os novos são colocados no lugar dos antigos.

Jakeline- Este ano realizei o meu sonho. Eu queria um cavalo já faz tempo.

Antônio- Mas ainda era muito nova, por isso não tinha ganhado.

Dandara- Eu tinha esquecido o meu pedido. Por isso desta vez não consegui.

Jakeline- E o que tinha colocado?

Dandara- Eu queria fazer perfume para vender. Disse rindo.

Elizabete- Menina, que ideia foi essa?

Dandara- Eu estava empolgada, mãe. Disse rasgando o papel. Mas agora o meu pedido só vai ser aberto daqui a cinco anos. É quando termino meus estudos.

Rodrigo- Isso aí, e quando voltar, vai trabalhar comigo.

Depois das brincadeiras, Dayana e Antônio entram e deixam que Jakeline fique com Dandara.

Elas vão passear pela fazenda. A noite está refrescante e linda.

Jakeline- Vou sentir falta disso tudo.

Dandara- Eu também. Mas vamos estar juntas e uma apoia a outra. Assim não vemos o tempo passar.

Elas andam até tarde. Depois voltam para casa e ao deitar, sabem que está perto do momento de partirem.

Já na casa de Ingrid e Igor, eles participam da festa que é feita todos os anos. A família Elban, por serem tradicionais e conhecidos, faz a festa anual na mansão. Os convidados dão os parabéns a Ingrid e ao Igor.

Ingrid está linda, ela é vidrada em moda, por isso, suas roupas, acompanham a tendência. Igor veste um terno, ele gosta de se vestir bem. Mas com seriedade. Ele tem o corpo desenvolvido pela idade que tem. Mas é resultado do esporte.

Ingrid vai para a varanda, tomar ar. Igor, de longe, vê a irmã saindo. Ele pede licença e vai até ela. Ingrid está sentada em um canto olhando para o céu.

Igor- O que foi? Por que está sozinha no escuro?

Ingrid- Estou pensando, logo estamos indo para estudar. Não será a mesma coisa de agora.

Igor senta perto dela e lhe entrega um copo de suco.

Igor- É verdade. Mas vai ser bom. Quando voltarmos, já teremos mais idade e estaremos formados.

Ingrid- Igor, os garotos que conheço, já tem paqueras, e você?

Igor- Mas que mudança estranha de assunto! O que tem a ver?

Ingrid- Não se esqueça que podemos ser diferentes, mas somos gêmeos. Tem sentimentos que eu tenho, que não são meus. Acho que é de você!

Igor- Está falando besteira. Isso sim.

Ingrid- Nunca, sentiu algo, que não te pertence?

Igor toma um pouco de suco, e depois deposita o copo na mesa. Ele se levanta e encosta na parede da varanda.

Igor- Poucas vezes, mas você sabe o que eu quero. Não posso deixar isso afetar o meu estudo e me tirar o foco.

Ingrid- Você é duro contigo mesmo! Somos jovens, meu irmão, isso vai passar, depois, não volta. Teremos que entrar no mundo dos adultos. Não vai ter lembrança da juventude. Pois vive fechado. O que te faz ser assim? Eu queria entender.

Igor- Você, é uma garota, é diferente. Vocês tem um pouco de tudo, e ainda se tornam uma boa profissional. Mas no mundo masculino, a conversa é outra. Os garotos já crescem planejando o que vão fazer para conseguirem o que querem, alguns são legais. Mas tem muitos que já não são. Eles disputam até quem são as garotas que vão pegar. Ridículo isso. Estes, quando tiverem oportunidade, com certeza não vão ter caráter nem vão medir consequência para obterem o que querem. Este é o mundo que eu preciso lidar. Por isso, me dedico. Vejo como exemplo, nosso pai. Na empresa, ele não se parece com o que temos em casa. Ele tem pulso forte e não admite nada errado e em casa, é completamente diferente. Tem um coração de ouro. Ele não traz nada contaminado para casa. Mas todos os dias, ele luta. Eu quero não ter que viver assim. Por isso eu não me deixo levar por emoção.

Ingrid- Mas nosso pai, sabe diferenciar as coisas, deveria fazer o mesmo.

Igor- Isso é o que vemos, não sabemos o que está por trás do homem que chega cansado e ainda sorri para a família.

Ingrid- Mas não é assim que deve ser?

Igor- Não sei, deixa o tempo dizer. Eu só me protejo.

Ingrid- É uma pena, está deixando passar sua juventude. Sempre sério e fechado. Mas eu te amo assim mesmo. Espero que um dia, alguém lhe toque o coração.

Igor- Meu coração é de vocês. Ele já tem dono. Diz com uma sombra de sorriso.

Ingrid- Sabe o que estou dizendo.

Ela abraça o irmão e entra. Igor fica um pouco mais na varanda.

Igor suspira e olha para o céu.

_ Eu já tenho duas mulheres que amo. Mamãe e você sua boba. Não preciso de problemas.

Ele entra e depois sobe sem se despedir. A festa vai até tarde. Mas Ingrid subiu assim que entrou. Seus pais ficaram até o último convidado sair.

Osvaldo- Gosto de festa, mas é cansativo. Diz abraçando a esposa.

Janira- Eu também acho. Vamos descansar. As crianças subiram cedo. Agora é preparar para a partida deles.

Osvaldo- Vou sentir falta deles.

Janira- Eu mais ainda, afinal são eles que ficam, o dia comigo.

Osvaldo- Sabe que pode voltar a trabalhar quando quiser. Agora que vai ficar sozinha, pode ser minha assistente.

Janira- Não, meu bem, vou aprender coisas novas, não quero mais voltar ao escritório. Estou pensando em fazer cursos de pintura.

Osvaldo- O que desejar meu amor. Só não quero te ver triste.

Os dois sobem e as luzes se apagam.

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