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Capítulo 2 Entre promessas e desilusões

No fim da tarde, ao sai para jogar o lixo fora, vi Caio encostado na parede do corredor, fumando. Perdi a conta de quantas vezes o jeito relaxado e nobre dele já me encantou. Mas agora, não vou mais me deixar enganar por sua aparência.

Ignorei-o completamente e apertei o botão do elevador.

— Aninha, eu não te contei porque temi que você fosse me interpretar mal. Não fique brava, por favor. — Ele apagou o cigarro e me seguiu, suavizando a voz.

Continuei a andar, ignorando suas palavras. Ele estendeu o seu braço comprido, me puxando para perto dele.

— Desta vez eu errei. Por favor, me perdoe, tá? Podemos nos casar outro dia... — Ele disse com um olhar gentil.

— Tudo bem qualquer outro dia, exceto o que combinamos, certo? — interrompi.

Ele ficou sem palavras, e voltou a pedir desculpas de forma suave e repetitiva.

— Eu vou sair com a Morgana para comemorar o aniversário dela. Vamos? — No fim, ele ainda soltou essa frase.

Soltei uma risada sarcástica. Justo quando eu estava cheia de ressentimento, a amiga de infância aparecia como alvo perfeito para eu descarregar.

No passado, por consideração a Caio, eu tolerava seus “irmãzinha daqui, irmãzinha dali”. Mas hoje, eu estava pronta para brincar de igual para igual.

— Tudo bem, vamos. — Eu respondi.

O carro dele estava estacionado logo abaixo. Joguei o lixo fora e entrei no carro, logo pude sentir o cheiro enjoativo de um perfume doce. Era o favorito de sua adorada irmã, Morgana. Senti um nojo imediato e fui para o banco de trás.

— Tudo bem, hoje você é a chefe. E eu serei seu motorista. — Caio tentou brincar.

— Não se preocupe, não quero te incomodar. Só não quero vomitar na sua frente por causa do cheiro — respondi friamente.

— Não se preocupe, se você não gosta que outra pessoa sente no banco da frente, posso te garantir que ela não sentará mais. — Ele me olhou pelo retrovisor, resignado.

No passado, eu ainda me importaria com a veracidade dessa promessa. Agora? Prefiro ser a estrela do meu próprio show.

Quando chegamos à sala reservada no hotel, a maioria das pessoas já estava presente.

Ao entrarmos, todos os olhares se voltaram para nós.

No meio de todos os olhares curiosos, Caio pegou minha mão. Olhei para nossas mãos entrelaçadas e decidi não interromper.

Morgana logo se levantou, com um sorriso no rosto.

— Que bom que vocês dois vieram juntos, Caio e Ana! — Ela continuou. — Ana, achei que você ainda estivesse brava e não viria. Caio estava certo, ele disse que o seu gênio não é forte, e que eu não precisava me preocupar.

Que fofo! Logo de cara, ele se preocupou em tranquilizar a amiga de infância para que ela não se sentisse mal.

— É verdade, além de não ter gênio forte, sou esquecida. Acabei não comprando presente para o seu aniversário. — Eu disse forjando um sorriso.

— Eu e Ana compramos para você. Feliz aniversário! — Caio rapidamente pegou uma caixa elegante e a entregou a ela.

Morgana abriu a caixa imediatamente na frente de todos e tirou de dentro um colar da nova coleção Coração do Oceano.

— Uau! Esse não é o colar que Ana estava namorando há tanto tempo? Achei que fosse presente de Dia dos Namorados para ela. Não imaginava que vocês tivessem o comprado para mim! Caio, como sabia que eu também queria? Que surpresa! — Ela exclamou.

Eu não consegui evitar de revirar os olhos e me sentei. Todos os presentes olhavam para nós, ansiosos esperando por alguma confusão.

— Ana também tem um igual. — Caio deu uma tossida e murmurou.

— Ana, você se sente desconfortável usando algo igual ao meu? — Morgana perguntou, piscando os olhos inocentemente.

— Não, porque eu acabei jogando o meu no lixo ontem à noite. Quem sabe alguém tenha encontrado o que eu não quis e tenha a sorte de usá-lo como você. — Eu sorri levemente.

O rosto de Morgana ficou pálido imediatamente. Seus dedos tremiam enquanto segurava o colar.

— Caio, isso é verdade? — Ela perguntou, com a voz trêmula.

— Ana está só brincando com você. — respondeu Caio. Ao ver a expressão frágil dela, ele não conseguiu esconder a sua preocupação.

— Sim, além de não ter gênio forte, também adoro fazer piadas. — Eu sorri de novo.

Ele percebeu que o tom da minha voz estava frio.

— O que você quer? Eu compro para você. — Ele disse num tom suave.

Com todos à nossa volta ansiosos por mais confusão, brinquei com o copo à minha frente.

— Qualquer coisa que você me der, eu não vou gostar. Não precisa perder seu tempo. — Eu disse levemente. — Ah, e aproveito para dizer a todos que eu e Caio terminamos.

— Ana, não fique chateada. Aqui, pode ficar com o colar. Não quero que a nossa amizade afete o relacionamento de vocês. — Morgana, na sua típica atitude dissimulada, disse.

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