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Capítulo 1 O fim sob a luz do amanhecer

O vídeo do casal sob a luz do sol, tão aclamado pela internet, se espalhou como um vírus.

Sob a luz dourada do amanhecer, os dois se olhavam com intensidade como se não houvesse mais ninguém no mundo, apenas os dois.

O homem que deveria estar comigo, prestes a oficializar o nosso casamento, apareceu em um vídeo com uma outra mulher, com inúmeros comentários dizendo “casem-se já!”.

Quando vi o vídeo pela milésima vez, com os mesmos comentários, o horário marcado para o registro já tinha passado. E o meu namorado, cujo eu estava apaixonada há quatro anos, ainda estava desaparecido.

Eu estava vestida com o vestido branco delicado que escolhi seis meses antes, maquiada por uma maquiadora que tinha contratado para às cinco da manhã, li, um por um, todos os votos de felicidade que ofereciam online ao meu namorado e outra mulher.

No início, ver eles trocando olhares de forma doce fazia meu coração se contorcer de dor. Com o tempo, as minhas lágrimas secaram uma por uma, e a dor em meu peito também diminuiu.

Talvez, quando me apaixonei por ele toda água da minha cabeça tenha se transformado em lágrimas e agora escorrido para fora.

Depois de ler o último comentário, eu adicionei um: “Respeito e os votos de felicidades.”

Às duas da tarde, finalmente, Caio, que estava incontactável desde manhã, me ligou.

— Estive ocupado a noite toda, mas finalmente resolvi tudo. — A voz dele propositalmente transmitia cansaço.

As mentiras dele vinham com tanta facilidade, sem nem um pingo de remorso.

O Dia dos Namorados havia se transformado em Dia da Mentira. No dia em que oficialmente nos casaríamos, ele e outra mulher estavam sendo abençoados como um casal por toda internet.

Que ironia.

— Caio, vamos terminar — exclamei.

— Você está brava porque ficou me esperando, não é? Aninha, estou muito cansado, tente me entender — disse ele.

Foi a primeira vez que eu percebi o quão canalha ele era. Me deu o bolo no dia do casamento civil e ainda jogou a culpa em mim por não entendê-lo?

— Vi o vídeo de você e Morgana contemplando ao amanhecer. Mentir para mim deve ser realmente cansativo. Ao terminarmos, você não terá mais esse peso. — Eu disse e aproveitei para desligar o telefone após ele ficar em silêncio por um breve momento.

O celular ao meu lado começou a vibrar sem parar. Ele estava me ligando de novo.

Ignorei e não dei atenção, fui ao banheiro tirar o vestido sufocante, tirar a maquiagem e relaxar na banheira com um banho bem quente.

Olhei para o celular, que finalmente parou de vibrar, havia dez chamadas não atendidas. Esse foi o ápice da paciência do homem que eu persegui por dois anos e amei por quatro.

Ao relembrar os momentos que passamos juntos, percebi que sempre estava esperando por ele. Morgana ficava doente, e ele me deixava sozinha no restaurante para ir vê-la no hospital. Morgana era repreendida pelo chefe, e ele, sem hesitar, se arrumava e corria até ela para consolá-la.

Eu ficava com ciúmes, chateada, discutia, mas ele sempre dizia que não tinha nada com Morgana, que ela era apenas uma amiga de infância.

Sempre que eu ficava brava, ele cozinhava para mim, me envolvia em palavras doces, e eu, fraca como sempre, não conseguia resistir a sua voz mansa. Bastava ele me confortar, e eu já estava nos braços dele de novo.

No amor, quem ama mais intensamente, sempre sai machucado, sempre perde.

Eu decidi arrancá-lo do meu coração.

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