Capítulo 4
Capítulo 4
|KATE|
Kate tinha vergonha de admitir, porém, todas as noites ela ainda tinha um pouquinho, apenas uma pitada de esperança e rezava por todas aquelas pessoas ali do Orfanato, para que elas pudessem se tornar pessoas melhores. Com esperança em seu pobre inocente coração, ela que continha ainda um pouco de fantasia e um pinguinho de forças para continuar pensando que aqueles funcionários poderiam realmente mudar e se tornarem boas pessoas para as crianças dali. Contudo, mal sabia ela que esses eram pensamentos em vão, fruto de Uma Mente fantasiosa de uma criança como ela, que não tinha perspectivas para nada da vida, ou seja, era só uma esperança vaga e vazia, que nunca iria acontecer de verdade. Todas aquelas pessoas tinham um pouco de amargura em suas vidas, frustrações as quais elas descontavam nas crianças com suas atitudes frias, grosseiras e que colocavam em risco a segurança e a integridade de cada pequeno ali, que estava abandonado a própria sorte.
Kate não sabia, mas era uma completa tola, talvez por ser apenas jovem, uma criança que não sabia nada sobre a vida real. Mas ela ainda tinha coração puro e inocente de uma criança, que almeja e espera pelo melhor, mesmo que aquelas pessoas não tivessem esperança de mudar nunca em suas vidas. E não era porque não podiam, mas sim, porque não queriam mesmo. Elas eram seres amargos e malvados de propósito, faziam o que faziam porque queriam... porque estavam frustrados consigo mesmos, e com a vida ruim que levavam no dia a dia. Eles eram indivíduos que descontavam nas crianças tudo aquilo que não era culpa delas. Toda a raiva e covardia eram propositais. Mas, ainda assim, nada impedia Kate de fazer suas preces durante todas as noites sem fim.
E foi assim que ela terminou aquele dia, mesmo tendo sofrido tanto e de tantas formas... Kate voltou para o seu quarto e se deitou no chão frio, com apenas um fino cobertor, alguns lençóis esfarrapados, e um travesseiro tão fino e duro ao mesmo tempo, que mais se parecia com uma pedra. Uma coisa dura que não é era nada semelhante a um travesseiro, e que nem um adulto deveria usar, muito menos uma criança como ela, pois poderia fazer mal a sua saúde. Mas o tanto o dela assim como também os das outras crianças eram terríveis do mesmo modo.
Eram horríveis as condições precárias, desumanas, que mais aparecia com um cenário de guerra, o que aquelas pobres criaturas abandonadas, viviam dia após dia. Na verdade, sobreviver era a palavra mais correta para se usa. Todos ali sobreviviam as condições, quase insuportáveis que existia ali, naquele ambiente, o qual deveria ser um local de acolhimento para proteger crianças vulneráveis dos perigos que existiam lá fora no mundo.
O abrigo, um orfanato que deveria ser um lugar de acolhimento, mas que não era nada disso, e todas as crianças sabiam disso, como também tinham plena consciência da realidade, desde as mais novas, as de média idade e as mais velhas, todas elas sabiam que ali não era um lugar ideal para se viver. O orfanato não era um lugar Digno e humano para se colocar qualquer criança que seja. Nenhum tipo de ser humano deveria viver ali, naquele local e com aquelas condições, que mais se parecia com uma zona de caos. Um local onde faltava tudo, havia muitos perigos à vista... e perigos esses que eram eminentes, os quais poderiam causar algum mal ou acidente a qualquer uma daquelas crianças.
Apesar de tudo de ruim que experimentou ao longo daquele dia infernal, Kate procurou o seu cantinho de noite, e se deitou mais uma vez para tentar dormir. Todavia, já era quase madrugada, e dali a algumas horas ela teria que acordar para fazer seu serviço, assim como todos os demais tinham que fazer ali, e cumprir com suas obrigações no orfanato. Ela havia perdido muito tempo durante o final da noite e na madrugada lavando o seu pequeno colchão, que era bem maior do que ela, e depois lavando as suas roupinhas esfarrapadas que estavam se desfazendo em suas próprias mãos durante a lavagem, a qual foi uma tarefa que exigiu muito tempo, muito esforço, e que a fez sentir muito frio durante a execução do trabalho pesado.
Aquela era uma tarefa que não deveria ser realizada por uma pequena e pobre criança de apenas cinco anos de idade, que mal tinha forças para aquilo. Kate estava cansada, sobrecarregada, tanto dos maus tratos, quanto dos castigos físicos, e da tarefa árdua que teve que fazer, mas mesmo assim não reclamou de nada, e nem disse um ai a ninguém, enquanto se ajeitava de um jeito bastante desconfortável sobre o chão e os lençóis, que lhe serviriam como colchão naquela noite. Porém, todo mundo sabia que aquilo não funcionaria, não daria certo, porque os lençóis eram tão finos, que ela poderia sentir o próprio chão encostado em pele repleta de sardas, e que sofreria com o frio da noite, e a dureza do piso áspero e duro, que chegaria em seu corpo durante a noite inteira. Na verdade, seria durante o restante das horas que ela teria para tentar descansar e adormecer, um pouco antes de se levantar novamente, e fazer o que teria que fazer pelo restante do dia.
Então, ela ajeitou seu pequeno e frágil corpinho magricelo, sobre o pequeno espaço tumultuado entre as bicamas das outras crianças espalhadas, e apertadas pelo pequeno dormitório, tudo misturado entre meninas e meninos, criaturas indefesas e sem o mínimo de ordem ou conforto para passarem a noite, e fechou os olhos.
Kate apertou o cobertor contra os seus braços e se enrolou como se fosse um casulo e tentasse se se proteger dos perigos do mundo externo, que estavam a rodeá-la por todos os lados à sua volta. Ela precisava se proteger de alguma forma e essa era a única maneira que ela sabia fazer para se proteger do mundo, da maldade das pessoas... então ela se escondia debaixo dos lençóis, seus lençóis surrados e fininhos, que mal cobriam qualquer coisa. Eles eram tão esfarrapados, que era possível ver o que estava do outro lado do tecido, de tão desgastado e rasgado que aquela peça se encontrava, mas que deveria servir como um cobertor. Contudo, que na realidade se tratava de apenas um pedaço de pano jogado para que as crianças se virassem, da forma que elas conseguissem.
Era vergonhoso e lamentável a situação de cada criancinha que vivia ali, pois essa não era a forma que deveriam ser tratadas, mas, infelizmente essa era a realidade de cada uma delas ali, e que ainda teriam que sofrer com esse tipo de situação por longos anos, se permanecessem no orfanato.