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03

Jéssica

Marcos: Já falei pra tú, garota.- engoli em seco escutando a discussão do meu pai e Jasmim.- Tá achando que é quem?

Jasmim: Se liga! Aconteceu...- sai da minha cama indo em direção a sala, no mesmo momento que entrei na sala vi Jasmim receber um tapa em sua cara.

– Pai...

Marcos: Seu futuro que você quer é esse? Jasmim está envolvida com bandido, é isso?- me encarou.

– As coisas não são assim...

Joana: Filha, não fala nada...

– Olha quantos anos ela tem, ela sabe do que está fazendo...

Marcos: Não, não sabe de merda nenhuma, depois começa apanhar e vai voltar correndo pra onde? Pra casa dos papais...- olhei Jasmim que tinha a mão sobre o rosto.- Se tú vai namorar bandido, não te quero mais dentro da minha casa! Tenha um bom dia.- dito isso ele pegou sua bolsa saindo de casa.

Joana: Vocês não aprendem mesmo.- negou.- Depois não fala que não te avisamos, uma coisa que eu e seu pai nunca aceitaremos é você envolvida com isso...- virou se retirando.

Jasmim: Eu... eu vou sair de casa.- suspirei indo até sua frente.

– Tú tem certeza? Cara...- ela assentiu olhando baixo.

Jasmim: Eu amo... Eu amo ele.

– Quem é?

Jasmim: Igor... Ele se chama Igor! Conhecido como G4.

– Toma cuidado com suas escolhas, por mais que nossos pais são persistente, eles querem nossos bens. Toma muito cuidado, bandido não presta, cara...

Jasmim: Eu sei o que estou fazendo, ele fala que vai me fazer feliz, poxa...

– Aquele ditado de no começo tudo flores, mas no final vai ser flores também, porém, morta no caixão, talvez de tanto apanhar?- ela me olhou séria.

Jasmim: Não...

– Eu não quero isso pra tú, jamais pense isso, não é somente com bandido, como vários homens em referente a relacionamento abusivo, por favor... Não me esconde nada, nada mesmo!- ela confirmou sorrindo de lado.

Jasmim: Tudo bem...- abri os braços fazendo ela se aconchegar.- Como vou morar com o bofe, churrasco todo final de semana pra nós.- neguei.

Uma coisa que sempre aprendi na minha vida é não confiar muito nas pessoas, minha primeira decepção amorosa foi dessa maneira, Alan sempre me mostrou ser diferente, mas quando aprofundamos na relação eu conheci outra pessoa.

Minha primeira relação sexual e última, não foi uma experiência boa. Alan se mostrou outra pessoa tirando minha virgindade, estava bêbado e fora do seu controle.

Ele prometeu não fazer mais aquilo, pediu perdão, eu o perdoei, mas não me reaproximei mais...

(...)

Joana: Tem certeza?- a olhei que estava na porta olhando Jasmim que arrumava suas coisas.

Jasmim: Sim!- fechou a mala.

Joana: Seu... Seu pai não vai querer mais saber de você...

Jasmim: Ele julga tanto as coisas, mas não lembra do passado dele...- arquiei a sobrancelha.

– Como... Como assim?

Jasmim: Fala mamãe, fala as dívidas que o papai tem com um criminoso, só não foi morto ainda porque o bandido está preso, fala!

– Dívida de drogas?

Joana: Jéssica...- a olhei arregalando os olhos.- Isso é passado...

Jasmim: E quando o bandido sair do presídio?- suspirou. - Se o pai não pagar?

Joana: Jasmim, já deu!- neguei séria pensando nessas possibilidades.

Eu vi nos olhos da Jasmim que ela não está mentindo, por mais que eu quero que seja, me senti totalmente desconfortável com isso.

Envolver com esses tipos de pessoas tem que saber de todas regras deles, com bandido não se brinca, não precisa nem peitar.

– Ele impõe tanto as qualidades dos outros, não deixa as filhas com amigos... Coloca tantas regras e tem dívidas com traficantes...

Joana: Filha, esquece isso, pelo amor de Jesus!

Jasmim: Eu já estou indo! Bofe mandou mensagens que está me esperando.- neguei séria engolindo em seco...

Jéssica

Olhei no relógio suspirando fundo, era nossa segunda discussão em um dia.

Marcos: Eu sempre mostrei um homem que nunca fui! Eu mudei, Jéssica.- ele me olhou por cima enquanto minha mãe nos olhava sem reação alguma, como se já soubesse que isso um dia ia acontecer.

– Eu entendo...

Marcos: Eu sei que errei feio... Nunca fui um dos melhores maridos, mas por você e sua irmã eu sai de uma vida que me prendeu nas drogas, segui um caminho diferente, eu fiz de tudo por vocês e o que ganho em troca? Saber que minha filha senta pra um bandido!

– Tú...

Marcos: Eu não quero o pior pra ela, assim como pra tú, mas sei que sua irmã não tem mais volta...

– Pai... Tú está desviando de um assunto pra outro...

Joana: Já deu!- negou.- Seu pai era um rapaz com dependência às drogas, fez contas com o traficantes, mas já está tudo resolvido, não está?- ele olhou pra minha mãe e voltou seu olhar pra minha cara confirmando.

Marcos: Sim... eu mudei.

– Tudo... Tudo bem.- olhei baixo me levantando do sofá.

Marcos: Jéssica?- o olhei.- Eu não quero tú muito próxima da Jasmim, ela vai...

– Não, ela é minha irmã! Qual foi, pai.- abri os braços negando.- Minha única melhor amiga que eu sempre tive, tú fez o favor de fazer ela se afastar... Agora quer me afastar da minha própria irmã?

Marcos: Tua irmã deixou claro que não se importa com a família dela.- suspirei pesado.- Jéssica, você não era assim... Porque está me peitando?

– Cansei de "obedecer" suas falas...- me retirei da sala indo pro corredor.

Marcos: Nisso que da ficar dando corda pra essas garotas.

Joana: Depois eu converso com ela...

Sempre vai ser dessa maneira. Bati a porta do meu quarto me encarando no espelho, joguei meu cabelo de lado e desviei meu olhar escutando a porta abrir.

– O que foi?- encarei minha mãe.

Joana: Precisamos conversar sério.- suspirei sentando na cadeira e a encarando.

– Pode... Pode falar.

Joana: Tú não pode ficar dessa maneira, querendo queixar tudo com seu pai...

– Sério mãe? Deixa isso pra depois.

Joana: Tú ainda vai se arrepender muito disso, seu pai não é brincadeira, então não fica fazendo essas coisas como sua irmã!

(...)

Reli a mensagem novamente na tela do meu celular.

Jasmim: Churrasco hoje na "minha" goma, quero tú aqui, vai brotar vários.

                                                         19:32

Era exatamente nove horas, como aqui em casa meus pais dormia cedo, já estava deitada, porém, não conseguia dormi de jeito nenhum, revirei na cama olhando o teto e bufando.

Esse churrasco não saia da minha cabeça.

– Que caralho...- tirei o edredom me levantando.

Fui até meu guarda- roupa, abri e olhei as roupas, saias... Calças e algumas blusas com um decote pequeno.

Peguei uma saia bem acima do joelho que marcava minhas curvas e uma blusinha com um decote pequeno, depois de um tempo eu vesti, desfiz meu coque deixando meu cabelo solto, joguei um perfume e calcei minha sandália.

Joguei meu celular na bolsa abrindo a porta do quarto e fechando, fui sem fazer barulho algum em direção a porta da saída.

Primeira vez é tudo!

Assim que coloquei o pé pra pisar na escada e cair pro beco suspirei aliviada, sair foi sem problemas, quero ver pra voltar!

.....

Quando parei no portão da casa já escutava o funk tocando no fundo, revirei os olhos abrindo e logo subi a escada...

Jasmim: Não acredito. - veio até minha direção.- Essa saia, eu em!- deu um gole da sua bebida negando.

– É...

Jasmim: Amor, vem aqui!- olhei em direção ao rapaz que estava sentado em uma das mesas com outros homens, ele falou algo para os amigos dele e veio em nossa direção.- Essa aqui é minha irmã...

G4: Satisfação, Jéssica!- sorriu de lado, apenas confirmei.- Porra, Jasmim... Porque tú foi chamar aqueles comédias?

Jasmim: Patatá é namorado da sua irmã.- eles sussurraram, dei uma que não escutei e olhei pra mesa.

Guerreiro, como se eu não soubesse que ele estaria ali com seus amigos, porém, ele ainda não tinha me visto.

Jasmim: Viu que Simone está de romance com Patatá?- cortou o G4 olhando pra minha cara.

Simone estava sentada no colo de um daqueles "comédias".

– Vi...- mordi os lábios.

G4: Colfoi, bô.- levou o copo de bebida que estava em sua mão na minha direção.

– Eu...

Jasmim: Pega logo!- engoli em seco pegando, dei um gole sentindo aquele líquido passar pela minha garganta.

Jasmim: Vamos lá! É apenas nós mesmo.- me puxou em direção aquela rodinha que estava na mesa.- Aê meu amores, essa aí é minha irmã...- meu olhar foi direto para o Guerreiro, depois de alguns segundos fitando minha cara ele desceu o olhar para o meu corpo, me medindo.

– A... oi...- falei baixo.

Simone: Quanto tempo, amiga.- levantou do colo do rapaz me abraçando.

– Desculpa...

Simone: Relaxa, sua irmã me disse sobre seu pai.- engoli em seco sentindo o olhar de todos ali sobre minha direção.

Simone e eu nos conhecemos desde o colegial, nossa amizade fortaleceu, mas meu pai me privou de andar com ela e acabamos afastando.

Simone: Bom, esse aqui é meu...

Patatá: Namorado! Satisfação, Patatá.- assenti.

Simone: Ratinho... e Guerreiro.- sorri pra Ratinho que mandou um legal, quando bati meu olhar no Guerreiro eu senti um desconfortável frio me percorrer e desviei meu olhar no mesmo momento.

Jasmim: Hoje a noite promete!- engoli em seco...

Jéssica

Simone: Não vai querer mesmo não?- riu me oferecendo o cigarro de maconha novamente, neguei séria.

Patatá: Ela é crente, amor...- riu, me ajeitei na cadeira.

As conversas deles estava me deixando realmente desconfortável, não conseguia explicar o quanto isso me deixava pra baixo, não é pela minha religião, e sim por saber onde eu vou parar usando isso!

Todos a ali faziam piadinhas, menos Guerreiro que encarava tudo calado.

Patatá: Tú é muito certinha, a vida é pequena demais pra viver o certo.- engoli em seco.

Ratinho: Deixa a mina, já viu que ela não quer, mané...

Patatá: É aquelas mulheres que se guardam pro marido, tá ligado?- os outros riram.

– Eu vou no banheiro...- menti.

Levantei da cadeira caminhando em direção a escada e logo descendo, suspirei pesado assim que entrei no corredor, cortei o caminho do banheiro indo direto pra varanda e sentando em uma cadeira que tinha ali.

Por mais que eu quero fazer diferente, eu não consigo, não sair totalmente da igreja, mas ser mais social. Me sinto realmente desconfortável com qualquer tipo de pessoa que tenta uma aproximação.

É algo que nunca vamos conseguir explicar, por eles verem uma diferença assim...

Senti o perfume masculino escutando alguém entrar na varanda, olhei rapidamente, forcei minha visão encarando Guerreiro.

– Oi...- falei baixo, ele me olhava com aquele rosto sério.

Guerreiro: Posso?- apontou para a cadeira do meu lado, dei de ombros desviando meu olhar.- Cadê seu namoradinho?- sentou ao meu lado.

– Namoradinho?- encarei ele de sobrancelha arqueada, confirmou mirando seu olhos no meus.- Ele não é meu namorado, é apenas... Amigo.- ele não falou mais nada olhando pra outro canto qualquer.

O silêncio entre nós dois reinou, apenas escutava o som e as gargalhadas na laje.

– Tú... Tú é amigo do G4?- puxei um assunto.

Guerreiro: Pra que quer saber?- arregalei os olhos enquanto encarava ele.

– Não... Não...- ele arquiou a sobrancelha.- É... não é nada!

Guerreiro: Hum...

Nao resisti e desci meus olhos pra olhar cada parte do corpo dele, camiseta larga, seu boné deixando seu maxilar sério e a sua bermuda leve que marcava perfeitamente um pequeno volume.

Guerreiro: Quer ficar apenas olhando? Pode tocar, pô.- falou ainda sério.

– Tocar?- confirmou.

Não queria admitir, mas eu senti meu coração em um batimento forte, envergonhando ainda mais meu rosto, ele não mostrava reação nenhuma.

Apertei o copo de bebida na minha mão e levei até minha boca dando um gole.

Eu não me vi ali, senti um desejo por ele, eu consegui sentir um desejo enorme por ele naquele momento...

Jéssica

Tirei meu olhar do seu encarando o chão, dei mais um gole na minha bebida. Fiquei sem jeito algum, não sabia mesmo o que fazer e nem falar, cara.

– Mas... aqui?

Guerreiro: Colfoi, tô gastando contigo, mané.- negou sério.

– Gastando?

Guerreiro: Esquece... Esquece!

Se antes eu estava envergonhada, agora eu estava pior, não sabia o que falar, apenas olhei fixamente para o chão, senti seu olhar me analisando, porém, não revidei.

Pela primeira vez fiquei triste por saber que não ia rolar nada, afinal, eu também nem posso deixar rolar nada!

Ficamos nessa de silêncio por alguns minutos. Eu sentia ele explorar cada parte do meu corpo com seu olhar, o que já está me deixando bem desconfortável.

Sai dos meus pensamentos com meu celular tocando, logo na tela estava o nome da minha mãe.

– Oi...

Joana: Oi? Oi uma merda, Jéssica.

– O que foi?

Joana: Eu quero você em casa, agora!

Engoli em seco quando ela desligou na minha cara, não estava preparada pra levar os xingamentos dos meus pais, que raiva.

Guerreiro: Vou meter o pé, fé.- assenti.

– Tchau...- falei sem olhar ele direito, ele levantou da cadeira indo direto para o portão da caragem e saindo da casa, suspirei pesado me relaxando na cadeira.- Que vergonha...

(...)

Marcos: Desde quando tú sai escondido?- segurei o choro sentindo sua mão aperta meus braços com força.

– Pai...

Marcos: Agora é pai, agora é pai...- negou rindo.

– Olha minha idade, eu sei o que faço!- aumentei o tom de voz.

Marcos: Jéssica, Jéssica...Seu conceito desceu comigo, vai para o quarto!- me soltou dando um empurrão.

Sai dali indo em direção ao meu quarto, fechei a porta escorando na mesma e mordendo meus lábios.

Marcos: Se eu descobrir que está igual sua irmã sentando pra bandido, tú vai apanhar muito, me escuta, é isso que vocês duas precisam.

Fui em direção a cama me deitando. Desde o princípio meu pai deixa claro que não podemos nos divertir, nem em festas e com amizades, por mais que eu tento entender o lado dele, isso é algo cansativo!

Depois de muito tempo com esses pensamentos eu acabei me pegando no sono.

...

Simone: Que babado, amiga.- negou.

Já cedo e eu desci pra contar tudo a minha irmã, sempre que eu precisava dela nessa ponto, ela me escuta.

– Tudo acontecendo como eu nunca esperava.

Jasmim: Eu falei pra tú não da corda pro nosso pai, eu falei...- bufou.- Eu fico preocupada contigo, papai é doido!

Simone: Agora mudando de assunto... Tá envolvida com algum bandido? - neguei arregalando os olhos.

Jasmim: Sabemos...- se entre olharam.

– Não!- bufei.

Jasmim: Tudo bem...- deu de ombros. - Agora quem topa fazer um brigadeiro daquele?

Simone: Vamos!- elas foram direção a cozinha, eu nem fiz questão de levantar do sofá, apenas peguei meu celular abrindo nas mensagens do WhatsApp.

021xxx: Eai... Salva meu número!

021xxx: Guerreiro aqui.

- Onde pegou meu número?

021xxx: Sem tempo, mermão.

- Que engraçado.

021xxx: Pesa na minha não, crente.

– Filha da puta!- murmurei revirando os olhos.- Eu senti desejo por você, desgraçado.- abri a foto do perfil dele que estava com várias mulheres do lado dele, uma das mulheres era aquela Marcela.

Jasmim: Desejos?- bloqueei a tela do celular olhando ela rápido.

– Desejos? Que desejos?- arquiei a sobrancelha.

Jasmim: Tú acabou de falar aí.- cruzou os braços.

– Não falei nada disso não, eu em.

Jasmim: Sei... Vamos me ajudar a fazer brigadeiros! Acha que vai apenas comer? - suspirei apenas assentindo.

Abri o celular novamente lendo a última mensagem dele.

021985:Quero tú na base 02 assim que der nove horas.

- Pra?

Ele vizualizou a mensagem e não respondeu mais nada, senti uma menção de sentimentos. O que ele quer comigo, cara.

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