02
Guerreiro
A cada dia nisso aqui é um menor mais emocionado que o outro, parcero, eu já fui como um desses menor que quer pagar tudo na emoção, maneiro.
Já passei do tempo que me emocionava apenas com um radinho na cintura e pentão reserva, papo reto.
Me sentia o rei disso tudo e na verdade não era porra nenhuma. Primeira vez é foda no bagulho.
- Desenrola o papo!
Xxx: Pô, eu preciso de dois daquele pino.
- Quantos anos tú tem, menor.
Xxx: Doze...- tirei logo fazendo ele estender a mão com dinheiro.- Já sou cliente.
- Da morte também tú já é cliente.- mandei serinho contando o dinheiro e voltado o troco.
Aqui não tem essa de idade, vai de menor até o mais velho, pediu é pra vender, parcero.
A vida é essa mermo, vários menor trilhando essa linha, se deixando levar por algo de momento, a maioria é por incentivo de parceiros que se dizem ser amigos, digo por experiência própria.
Manda papo que é amigos, mas na real quando tú mais precisar vão negar voz, meu único amigo rodou pro asfalto, queria tanto ser um dos gambé que fez vários concurso e até hoje nunca mais voltou.
Ele mesmo me incentivou a entrar nessa vida, tinha mais condição na vida, já eu me fodi.
Patatá: Precisamos de lazer, tem uma parceira minha elaborando um churrasco na laje, vou brotar...- joguei os pacotes da maconha dentro da mochila, calado.- Coé, vamos brotar!
- Não tô afim.
Patatá: Colfoi, tú só fica ai, precisa de uma piranha pra te satisfazer, bebida e ouro.- riu debochado.- Precisa de mais que isso?
- Brota tú, já mandei que não tô afim.- murmurei colocando a mochila na costas.
Patatá: Tú é amarelão mermo, não brota em lugar nenhum, faz quanto tempo que não transa?
- Pergunta pra tua mãe que ela vai saber te responder...
Patatá: Se liga nesse teu papo.- apontou o dedo.- Mas a tua mãe é mais gostosa, coroa gostosona pra caralho.
- Aproveita que ela está solteira.- mandei um legal saindo, escutei ele resmungar algo que me fez revirar os olhos.
Puxei a chave da moto do bolso, subi na mesma ligando em seguida e dei pinote logo pro barraco antigo da minha mãe, desenrolar um papo sério.
Assim que parei entrei encarei Rafaela no sofá.
Rafaela: Quem é vivo sempre aparece...
- Cadê tua mãe?
Cíntia: "Tua mãe" um caralho, sou tua mãe também, porra.- mudei meu olhar pra cara dela.
- Tô sabendo da tua descendo o asfalto todo dia...
Cíntia: Quando tú aderir a palavra educação, vem conversa com tua mãe!- deu as costas indo pra cozinha, apenas fui atrás.- Mas fala aê, tú está me observando desde quando?
- Desde quando tua filha falou que tú não para em casa.- meti serinho olhando pra cara dela.
Cíntia: Tú é igualzinho seu pai mesmo...- riu dechada.- Fala essa mochila aí é de drogas né?- negou séria. - Vai acabar igual seu pai, na cadeia!
- Vai começar com o mesmo papo? Se liga nessas paradas, pesa na minha não...
Rafaela: Qual foi, vocês dois não cansa de brigar não? Que merda!- suspirei.
- Apenas vim mandar o papo de ficar de mente aberta com essas tuas descidas pro asfalto...- falei dando as costas.
Cíntia: Relaxa, meu futuro bofe é de boa.- engoli em seco sem dar papo.
Ela tem que saber com ela vai se envolver, parcero, aqui é facção e não tem essa de perdão em relação a macho de mulher de favela.
(...)
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'WhatsApp'
Patatá:Brota no churras,vai está quente.
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Marcela:Churras hoje?
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Simone: Teu parceiro te quer no churras na minha laje, te aguardo!
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- Que porra.- murmuro indo até o banheiro ligando o chuveiro e tirando minha bermuda junto com a boxer.
Aproveitei pra pensar várias fitas debaixo daquela água fria, foi papo de um banho de meia hora.
Me enxuguei e passei a toalha na cintura saindo do banheiro, vesti uma boxer, bermuda tactel, camiseta e um boné enterrado no rosto deixando meu rosto mais sério, levei a peça na cintura jogando um perfume.
Me olhei no espelho encarando meu próprio rosto, olheiras, maxilar travado e um olhar frio, fechei o pulso pra desferir um murro no espelho, mas parei em cima suspirando fundo.
- Caralho, de novo não, Rodrigo.- Me disviei pegando a chave da moto.
Desci naquela de sem ânimo algum, vou pra esse churrasco afim de beber apenas, com saco pra nada, parcero.
Subi na moto puxando pra goma da Simone, estacionei a moto desligando e ativando o alarme.
Marcela: Todo gostoso.- mordeu os lábios chegando de canto.
- Eu ou a grana?- ironizei.
Marcela: Sabe que os dois.- sorriu safada dando as costas, desci meu olhar pra sua bunda.- Não quer pegar?
- Não tô afim.- revirei os olhos passando na frente dela pra entrar na goma.
Marcela: Qual foi, sabe que tô afim...- caminhou do meu lado subindo a escada pra laje do meu lado.
- Chatona pra caralho...
Patatá: Sabia que é tú ia brotar.- fiz um legal pra ele dando um giro com o olhar.
- Porra...- sussurrei forçando minha visão sobre aquela mina.
Patatá: Agora tô ligado... A crente.- puxei a cadeira sentando do lado dele.
- Coé, crente brota nisso?- tirei meu cigarro acendendo.
Patatá: Olha pra cara dela, como se ela quisesse estar aqui... Com certeza veio puxada pela irmã dela que é piranha.- puxei uma fumaça desviando meu olhar pra ela que tinha na mão uma latinha de guaraná observando geral.
Mesmo de calça que marcava o corpo e uma blusa com apenas um pequeno decote, enquanto as outras garotas de short e decotão jogando a bunda, ela chamava atenção, parcero.
Patatá: Tá querendo fuder ela?
- Não faz meu tipo...- neguei soltando a fumaça do cigarro.
Patatá: Tô ligado, tú gosta das safadas experientes... As piranhas.- apenas confirmei calado...
Jéssica
Olhei novamente pra direção daquele rapaz, e lá estava seu olhar na minha direção novamente, dessa vez sustentei sua olhada fazendo ele serrar os olhos e beber sua bebida do copo.
Engoli em seco sentindo uma sensação estranha quando seu olhar desceu pelo meu corpo parando em direção da minha coxa e subiu novamente para meu rosto.
Alan: Jéssica? Pô, o que tú tá fazendo aqui?- desviei os olhar rápido pra seu rosto.
– Alan... Vim acompanhar minha irmã.- sorri simpática.
Alan: Isso não é lugar para um moça como você estar.- sorriu forçado olhando meus seios e sorrindo safado, o olhei estranha.- Tão linda...
– Eu...
Jasmim: Beleza, toma.- empurrou um copo de bebida em minha direção.
– É o que te pedi?- assentiu.
Peguei o copo de vodka com enérgetico dando um gole.
Alan: Tú está bebendo bebida alcoólica, cara.
– É apenas um pouco...
Jasmim: Tú é alguma coisa dela?- encarou Alan que negou.- Então para de encher o saco, caralho.- ele a olhou nervoso.
– Jasmim, não precisa falar assim...
Jasmim: Pela-saco esse rapaz, eu em!
Alan: Modos, modos...- Jasmim bufou saindo de perto.- Me acompanha?- colocou a braço pra eu passar no seu, apenas assenti passando meu braço.- Sua sorte é que em meio tantas pessoas estranhas, eu me salvo...- riu negando puxando a cadeira de uma das mesas, sentei olhando ele que sentou na outra cadeira.
– Eu acho que não sirvo pra beber...- neguei dando mais um gole.
Alan: Para de beber, cara.- tentou tirar o copo, porém, segurei firme.-Olha pra isso...- olhou pra frente fazendo eu olhar também.
Tinha algumas pessoas sambando, alguns rapazes bebendo e fumando, se divertindo da maneira deles.
Alan: Tú quer isso?
– Eu não estou lá, ou seja, se eu estivesse também, as consequências seria minhas, assim como as consequências será deles, cada um cuidando da sua vida, já tenho a minha.- dei de ombros não me importando.
Alan: Seu pai sabe disso?- apontou o dedo para meu copo, neguei séria.- Imagina quando souber...
Passei maior parte do churrasco escutando esses "conselhos" de Alan, não aguento mais, cara.
– Vou no banheiro.- deixei meu copo em cima da mesa me levantando.
Eu tentei desviar meu olhar, mas foi direto ao daquele rapaz que tinha no seu colo uma mulher que sussurrava algo em seu ouvido e ele apenas a encarava sério. Passei por eles de cabeça baixa.
Xxx: Crente em um churrasco?- escutei a voz chata da mulher.
– Qual problema?- arquiei minha sobrancelha cruzando os braços e a encarando.
Xxx: É algo... Bizarro.- riu negando, revirei os olhos.
– Pelo o que eu sei a dona da festa não colocou regras de quem entra ou deixa de entrar em relação a religião...- sorri forçado, dei as costas, mas parei a encarando novamente.- Prazer, Jéssica!- pisquei sentindo o olhar do rapaz na minha direção.
Xxx: Desprazer, Marcela!- sorri dando as costas novamente e descendo a escada.
Esperei duas mulheres no banheiro e logo em seguida entrei, fiz meu xixi e lavei minha mão.
Abri a porta do banheiro saindo devagar, assim que dei meu primeiro passo encarei aquele rapaz na minha frente.
– A...- engoli em seco o encarando.- Oi...- arquiei a sobrancelha.
Xxx: Jéssica...- murmurou me fitando, assenti descendo um pouco meu olhar.- Guerreiro.
– Tudo... Tudo bem...
Guerreiro: Colfoi, uma parada séria.- ohei curiosa.
– Sim?
Guerreiro: Acompanhada?- quando fui negar Alan entrou do meu levando sua mão até minha cintura.
Alan: Sim!
– Como assim...- Guerreiro me fitou por um tempo e depois desviou pra Alan.
Guerreiro: Perguntei pra garota, mané.- falou sério voltando a me fitar.
–Eu... Eu estou acompanhada...
Guerreiro: Sussa!- antes de sair olhou Alan e levou a mão na cintura por cima da arma mostrando o volume, arregalei os olhos assustada. Ele apenas serrou o olhar no Alan e deu as costas se retirando.
Alan: Isso foi algum tipo de ameaça?
–Eu... Eu não sei.- engoli em seco.- Se for tú está...
Alan: Morto, estou morto, caralho.- negou.- Ainda bem que te acompanhei até o banheiro, ou esse cara ia fazer o que quisesse contigo...
(....)
Joana: Jéssica, pode ir me contando tudo!- abri meus olhos me virando na cama.
– Contar o que, mãe?
Joana: Onde estava, com quem e o que bebeu?- sentou na minha cama me encarando.- Vamos, cara.
– Eu... Eu estava com minha irmã.- no mesmo momento ela arregalou os olhos.- Também, olha minha idade, não sou mais criança, sei o que faço.
Joana: Sabe das regras do seu pai, tú deixará de ser a filha certinha que ele tem orgulho de falar pra todos.
– Caralho, mãe...
Joana: Jesus toma conta, olha as palavras, Jéssica.- levou a mão no rosto me olhando assustada.
– Desculpa.- segurei a risada ficando séria.- Mas relaxa, eu não fiz nada demais...- ela nem deu mais atenção levantando da cama e saindo do meu quarto, me sentei na cama.
Não deixarei minha religião, porém, vou me sair um pouco, como nas amizades e pra mais...
Guerreiro
– Já mandei o papo pra tú da um esfrega naquele filha da puta do Igor.- olhei serinho pra Patatá que negou.
Patatá: Colfoi, ele é irmão da minha mulher, pô.- negou sério me encarando.
– O cara quer atrasar seu lado com a garota, se liga.- não falei mais nada puxando a fumaça do meu cigarro.
Patatá: Ela gosta dele... É mano, mané.
– Tú é bandido, tio.- falei serinho.- Aja como um! Seja pra mulher ou para os comédias da família dela, assim meu pai falava.
Patatá: Por isso está fudido assim...- riu negando, encarei ele soltando a fumaça.
– Nunca gostei de nenhuma.- dei de ombros.- Ou seja, nunca amei ninguém, parcero, fé que nunca vou passar por esses bagulhos de família aí, pego a gorata e mato cada um da família dela, só de ódio.- me ajeitei na cadeira relaxando.
Patatá: E o medo da mulher não querer saber mais...
–Bandido tem sentimentos?- perguntei pra ele que me olhou estranho.
Patatá: A mulher ou família?
–Os dois, parcero.
Patatá: Não tenho ninguém da minha família a não ser minha mãe que sempre batalhou, mané...- deu de ombros.- Tô amando a minha Simone! Amo ela...
– "Parceira."- neguei lembrando da fita do churrasco.- Não era tua parceira?
Patatá: Era parceira e se tornou uma paixão...- revirei os olhos.- Tú nem acredita em amor, tá gastando com minha cara aí e eu dando ideia pra tú, se liga...- mandei um legal pra ele que se levantou.
Fiquei naquela brisa com meu cigarro. Favelão estava piado de vários comédias metido a plaboy pra comprar os bagulhos do nossos portes, assim que tem que ser, parceiro.
Se nós não pode ir até eles, eles vem até nós.
Chico: Esse é o futuro do nosso Brasil.- abri os olhos rápido encarando o chefe do tráfico.- Guerreiro! Aquele moleque que eu ajudei quando o pai espancava ele e a mãe dele.- engoli em seco olhando serinho pra cara dele.
Odeio esses bagulhos de passado que tem persistência na mente.
Guerreiro, um vulgo sem sentindo, porém, com várias fitas. Foi esse apelido que os menores deslocoram quando meu pai me espancava, mané.
Não acreditem em papo de viciado, promessas? Não serão cumpridas, ainda mais quando a mulher apoia, o bagulho fode mais, tio.
Chico: Fiquei sabendo daquela fita...- levou a mão na minha direção, fiz um toque rápido e apaguei meu cigarro. - Desenrolaram o banco, fuderam com tudinho!- falou baixo, apenas corfirmei encarando os soldados que acompanhava ele.
– Sou treinado pra isso.- falei olhando ele sentar na cadeira e relaxar.
Chico: Vida de bandido não é fácil não! Estava rodando pra umas paradas aí, estava na saudade do favelão.- assenti calado.
Tá ligado que o crime é vários supiores, por maioria das vezes o chefe do tráfico não dão bobeira muito a baixo na quebrada, parceiro, os cana ficam doidinho atrás da caça.
Chico: Tua família está firmeza?- dei de ombros, ele riu irônico subindo um balão.- Teu pai fechadão no presídio?- confirmei.- Logo mais está de volta...
(...)
Marcela: Isso, mais rápido...- gemeu alto, estoquei ela na sequência até me sentir no limete.
Tirei meu pau devagar e gozando na barriga dela que sorriu safada, me ajeitei subindo minha boxer e minha bermuda, na minha.
Piranha veio logo na intimidade pra me beijar, virei meu rosto deixando sua boca pegar no meu rosto, ficou toda sem jeito.
Marcela: Quero gozar também... Última vez que tú me fez gozar, estava bêbado, amor...
– Pra isso serve sua mão, caralho, nessas horas precisamos da nossa própria presença...- abri a carteira tirando umas notas pra ela e jogando em cima da cama.
Marcela: Poxa...- nem dei mais papo.
– Fé!- sai saindo.
Subi na minha moto e dei partida em direção ao beco que os moleques rendem, assim que parei desci da moto encarando Ratinho.
Ratinho: Tua mãe desceu a ladeira, estava toda arrumada... Gostosa pra caralho.- sussurrou a última parte, dei de ombros negando o ódio.
Cíntia e essas saídas dela...