01
O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O certo nunca foi feito pra andar com o errado, e quando nisso sentimos sentimentos estranhos? Eu olhava aquele homem todo errado, com vários erros atravez do seu olhar e jamais imaginairia que minha bondade ia completar naquele encaixe de erros.
Amar é bom, porém, amar dói, amar nos ensina a ser pesistente e ensina que nem todas promessas são para sempre.
"Não podemos esperar rosas daquilo que tem somente espinhos. "
Guerreiro
– Coé, acelera essa porra.- segurei o fuzil apertando firme.
Estávamos a milhão no Volvo xc metendo fuga, encarei o retrovisor novamente olhando os gambé dando perseguição.
Já estava batendo neurose, mente apertando, a cada momento uma fita diferente passava na cabeça, parcero, pensamentos altos que nem eu mesmo conseguia resolver essas paradas.
No porta-mala era vários malote pesado, dinheiro bolado do maior assalto a banco, papo de milhões, deixamos tudo acabado nos caixas.
Ficamos uma cota de tempo elaborando esse assalto, foram convocados os cinco piores bandidos, bandido 157 boladão.
Ratinho: Bate rádio para o patrão!
– Ele vai fazer que porra?- bufei. - Os comédias denunciaram pra falhar nessa missão! Vai porra, tú sabe ser piloto de fuga! Eu vou meter fogo.
Ratinho: Tá ligado que vai dar merda...
Patata: Vai, não dá! Para essa porra e vamos nos entregar logo!- disse nervoso no banco de trás junto dos outros menor, neguei sério me encarando no espelho e olhando a máscara em meu rosto.
Sou Rodrigo, famoso Guerreiro nessa parada! Nem tenho na mente de amarelar, rapá.
– Colfoi, somos bandidos! Bandidos nesse caralho, amarela não, porra!- segurei o fuzil abaixando o vidro.- Vai logo, caralho.- No escalados coloquei o fuzil metendo fogo pra descagarregar o pente nos gambé, na maior saga! Treinado pra caralho.
Meti fogo com o fuzil, com bandido não tem essa de porte arma fraca não, aqui é os que estoura os bagulho pra caralho, rapá.
Saber ser cauteloso e agir da maneira certa, papo reto.
Desenrolei o pente fácil, sou bandido nessa parada, meti uma de maluco mesmo descarregando o pentão. Me adiantei rápido caindo pra dentro novamente.
Nós não quer matar ninguém, mas tem que colaborar com a nossa cara também, gostamos de ser educados com todos, queremos apenas os malotes de dinheiro, nosso objetivo é esse, foder com o sistema.
Ratinho: Eu vou jogar o carro de lado e vocês metem fogo!- travei meu maxilar quando ele enfreeou o carro jogando de lado, na adrenalina abaixei o banco colocando o fuzil e metendo fogo.
Os gambés colou do ladinho mesmo, mas rendeu nada! Fuzilei o carro todo com a ajuda dos moleques, era tiro trocado em cima do outro, madrugada fudida, parcero.
Ficamos uns minutos dessa maneira até eles pararem de trocar tiro, tremeram tudo. Ratinho apertou no duzentos pra meter fuga novamente, dessa vez sem eles atrás.
Ratinho: É nosso, porra. - olhou no retrovisor.- Baleou alguns lá, isso mermo!
O bagulho é sempre dessa maneira, quando alguém dos parceiros deles é baleado, logo rendem.
Patata: Toma no cú...
Encostei no banco sentindo minha respiração pesada, ainda precisava de cautela, sempre vamos ser surpreendido por qualquer desses comédias.
(...)
– Vamos mergulhar no maior assalto a banco. Cê acha que estou aqui pra brincar? Madrugada de terror, cidade em surto, cinco bandidos entram mais armados que o rambo... mais armados que o rambo... dois polícias mortos e três feridos... - abri um sorrisão coringa escutando o bonde comentar.
Patata: Não mandei pra tú.- apontou o dedo na minha direção.
– Olha só, se eles brotar é apenas botar o fuzil barulhar.- falei calmo enquanto puxava a fumaça do meu cigarro.
Os moleques estava afim de pesar a mente com papo de parada bizarra, gosto não, parcero.
Patata: O papo é sério, porra.
– Quem disse que é brincadeira, pô.- arquiei a sobrancelha sério.
Ratinho: Papo bolado! É apenas ficar de contenção, caralho.
Patata: Se liga, os moleques estão despreprado no bagulho...
– Ninguém está nessa maneira, tú que está marolando na mente de vários, mané.- mandei um legal pra ele que me olhou nervoso.
Ratinho: Alivia, vamos curti os milhões, depois nós discute essas paradas aê.
Agora é lazer com várias granas no bolso, parcero, ninguém precisa meter de maluco por uns tempos.
Guerreiro
— A crentona do cú quente!- Patatá falou alto, tirei meu olhar do baseado mirando minha visão na garota.
Ela andava em passos devagar com um livro em suas mãos, uma saia até os joelhos que marcava pra caralho o corpo dela com uma blusa por dentro, cabelos cacheados que balançava na medida dos seus passos e de olhar baixo, envergonhada, parceiro.
Ratinho: Fala tú, crente mas tú é doidinho pra fuder...- gastou.
Patatá: Tô afim de ver a visão da amazônia não, deve estar toda... cheia, bom que deve ser apertadinha. - eles riram irônicos fazendo a mandada dar uma olhada de lado.
Medi ela sério quando seu olhar veio até minha cara, me encarou feio e voltou o olhar pra frente como se estivesse brava, mané.
Fiquei vários minutos olhando até ela toma uma distância maneria a ladeira.
– Qualé o nome da garota? - puxei um.
Ratinho: Colfoi, não é do seu porte não.
– Quero saber dessa parada não, tú sabe que não gosto de mulher assim... - neguei sério.
Patatá: Ela é a crente, filha do pastor do beco do lado, tô ligado que é Jéssica.- fiz um legal pra ele deixando na onda.
Mulher comigo é aquelas interesseiras, piranhas que é apenas um dia e rala. Não me prendo nessas paradas, odeio dar satisfação, imagina pra mulher, mané.
Todo dia meu pai dava esses conselhos que mulher serve apenas pra ser fudida e botar pra ralar, quando menor eu era revoltado com esses papos dele, porém, cresci com isso em mente, parcero.
Sou todo fechadão pra esses bagulhos, quando falam que bandido não tem sentimentos acreditem, não tem! Sem massagem, sem maquigens, é papo de 157 e 33 boladão.
Afastadão da minha mãe e da minha irmã, única família que tenho nesse mundão e sou afastado pra caralho desde quando entrei pro crime, a falta de opção e oportunidades me levou a essa escolha que elas nunca aceitam.
Não gosto que vem pesar na minha nem pouco, entrei pra essa sabendo todas possibilidades dentro do crime, não preciso dos comédias dando uma conselheiro.
Primeira peça, primeiro assalto e o ódio na mente, foi nessa que subiu mais um com a toca na cabeça e virando bandido pra facção.
Doze anos e já me envolvendo com paradas erradas, achava maneiro pra caralho, porém, não sabia que essa vida é puro sangue, o crime é onde não tem amor, nem compaixão a ninguém.
Tem regras e superiores, desrespeita que tú é cobrado, no certo ou errado, não tem meio termo. Bandido que é bandido não pensa em amarelar.
Facção perigosa, todos bandidos bolado que adora botar terror em todos, sem papo errado.
É só fumando um, tatuagem do palhaço, glock na cintura e radinho, pentão reserva para todos os inimigos que brotar e a bala vai comer, eles tanta a sorte, mas o azar é o certo.
Incentivo por alguém que eu considerava pra caralho, meu pai. É filhão os gambé brotava sempre batendo na porta do barraco procurando as drogas e os armamentos dele, mas não encontravam nada! Nem mermo comida, pobres e sem estrutura alguma.
No final quem apanhava era sempre minha mãe pelos gambé, mulher de bandido, parcero, se o macho é envolvido pra eles, mulheres também são, elas apenas estão acobertando as drogas, eles pensam dessa maneira por mais certa que a mulher seja!
No final acabou que meu "pai" pegou quinze fechadão, rodou feio desde meus oito anos.
O crime é dessa maneira, um dia tú é caçador, no outro é a caça, o crime vai ser essa lei, parcero.
(...)
– Tira a perna dele pra servi de aviso nos becos, porra.- murmurei enquanto os moleques acabava com a vida do menor que roubou dentro da quebrada.
Como eu mesmo disse, o tráfico tem leis, vai de cada um aceitar ou se fuder, nós joga fogo.
M. Fuzil: Boto fé nisso aê...- ela sorriu de longe.
Patatá: Torturar até não querer mais, rapá.- gargalhou sarcástico.- Vai aprender a roubar com uma perna agora, ô igual o saci-pererê, vai ficar pra lenda esse aqui.- arrastou ele até a parte mais afastada.
M. Fuzil: Ficou esses tempos todos sumido assaltando...- me olhou.
– Tá por dentro do assunto desde quando?
M. Fuzil: Somos da mesma facção, rapá.- nem dei papo olhando a glock que estava na minha mão negando voz.- Tô falando contigo, mané.- depois de um tempo riu alto, encarei pra cara da serinho.
– Não tenho cara de palhaço pra ficar rindo, se liga nessa porra.- posicionei a glock na cintura.
M. Fuzil: Desculpa, princeso brabo!- levantou a mão em forma de rendição fazendo eu revirar os olhos, neurótico.
Maria fuzil é rainha do tráfico, sabe ser mais macho que qualquer um traficante dentro do crime, porém, chata pra caralho, aperta cada na mente de qualquer um, parcero.
Tirei meu celular recebendo várias mensagens seguidas.
Rafaela: A mamãe está muito estranha ultimamente, cara.
Rafaela:Rodrigo?
Refaela: Ela não fica mais dentro de casa, sai de manhã e chega de madrugada...
Rafaela: Assim que ver me retorna!
Cíntia é foda, parcero, procura os filhos apenas quando quer, depois que dei uma afastada maneira delas, me procura quando quer dinheiro.
Vou brotar pra resolver esse câo, ficar em cima mermo pra ficar sabendo dessas saidinhas dela...
Jéssica
– Entra, a porta está aberta, senhor não sou digno, mas vim te adorar. Entra, a porta está aberta, quero que comigo venhas cear. Entra senhor, Jesus, em meu coração, vem inudar meu ser com tua presença, quero sentir o amor que nunca tive, porque não quero ser igual, quando amanhecer...- finalizei o canto abrindo um sorriso.
Falar sobre Jesus é algo tão bom, é algo que faz nossos corações saber o quanto precisamos dele, eu sigo, eu sou, eu louvo, eu adoro! Mas eu entendo que cada um tem sua escolha em relação a religião!
Alan: Sempre dei sentido pra essa sua voz.- sorri simpática com ele ao meu encontro.- Linda como a própria dona...
- Obrigada!- ele retribuiu o sorriso.
Alan é o tipo rapaz certinho aos olhos de qualquer um, porém, eu não acho isso tudo... Desde quando ficava com ele eu conhecia algumas reações estranha dele, mas nunca sentei pra conversa.
Alan: Será que não dá pra nós marca de se ver... Hoje mais tarde? Levo você pra tomar um açaí.
- Eu... Tudo bem.- engoli em seco.
Alan: Vou aguarda.- assenti acompanhando para a saída.
Comecei a caminhar a ladeira em passos largos pra chegar logo em casa.
— A crentona do cú quente.- engoli em seco olhando baixo.
Mulher é digna pra ouvir piadinhas sem graça de homem, eu tenho ódio de qualquer ser humano assim. Olhei de lado pra um rapaz que me encarava sério e com um cigarro sobre suas mãos, serrei os olhos e voltei meu olhar pra frente, mas continuei com a sensação de ser observada ainda.
Complexo da pedreira é cheia de homem assim, sujo.
Caminhei devagar até o escadão e subi para casa...
(...)
Marcos: Já falei pra tú parar de seguir isso!- falou alto.
Jasmim: Blá... Blá...
Joana: Jasmim, respeita!
Eu convivo isso dentro de casa pelo meu pai pastor e minha irmã da religião candomblé.
Dentro da nossa igreja é várias palavras bonitas do meu pai por ser pastor, vai de qualquer uma religião, as escolhas de cada uma da suas filhas, mas dentro de casa ele é não tudo isso, tem preconceito com tudo. Não aceita de modo algum nós tocar em assuntos de outras religiões, bebidas e homens.
Eu não concordo com isso, pois nossa religião é algo maravilhoso, assim como qualquer outra, todos merecem respeito.
Sou a certinha da minha família, aquela que nunca deu decepção e segue todos culto, talvez mesmo apenas por medo de ser negada por meus pais que são persistente na religião.
Alan: Foi tão complicado sair de casa?
– Sim... Discutindo novamente sobre religião.- neguei.
Alan: Você está bem?- assenti pegando meu açaí.- Conversei esses dias com mãe... Ela mesmo disse que eu sou um bom rapaz pra namorar você.- olhei pro açaí sentindo sua mão em meu rosto.
- Eu...eu... - tentei tirar sua mão, apenas senti seu rosto se aproximando enquanto ele levantava meu maxilar.
Alan: Faz tanto tempo que não ficamos, vamos matar essa saudade.- seus lábios foram até os meus beijando rápido, eu tentava parar não retribuindo, assim que forcei seu peito senti sua mão descer pela minha cintura e deslizar até minha bunda.
– Eu não quero.- o empurrei assustada.- As coisas não são assim...
Alan: Desculpa, achei que queria.
- Eu... Não quero, não agora.- murmurei.
Alan: Me desculpa!
– Tudo bem.- voltei minha atenção para o açaí dando um giro na cadeira e me indiretando.
Olhei para o outro lado da barraca do açaí encarando um rapaz que mantinha seu olhar na minha direção, ele estava com uma bermuda, camiseta no ombro que deixava a mostra uma arma em sua cintura, arquiei a sobrancelha lembrando do seu rosto de mais cedo, porém, dessa vez estava sozinho com a cara de mau intenção, sério.
Desviei meu olhar terminando o açaí.
Alan: Você conhece aquele rapaz?- neguei séria.- Não para de me encarar... e olhar pra cá.
– Nunca vi...
Alan: Sei bem... Tá se envolvendo com traficante?- olhei rápido pra ele.
– Não!
Alan: Jéssica, pessoas assim não querem nosso bem... bandido é ruim.
– Eu nem o conheço, cara...- bufei.
Alan: Tá legal, vou pagar...- assenti levantando e jogando o copo no lixo, olhava baixo todo momento, apenas esperando Alan.
Nunca me envolvi em nenhum tipo desses traficantes em questão de saber o quanto eles são ruins mesmo, sempre quando vejo um eu me afasto, ainda mais quando eles ficam se ostentando pela favela.