Ele não sabe mentir?
Não tinha como eu não ficar chateada. Pedi para uma amiga que era vizinha de Jason lhe avisar do meu aniversário há mais de um mês. Programei aquela festa para ficarmos juntos naquela noite. E sim, me passou pela cabeça perder a porra da virgindade com ele, de forma totalmente planejada.
E ele não apareceu no meu aniversário. Não tinha dado certeza de que iria, mas também não negou. Então o esperei praticamente até o final da noite. E agora o encontrava na rua abraçado com outra garota, que por sinal conhecia Pedro.
Jason era um desgraçado! Mas claro que eu não ficaria por baixo. Peguei a mão de Pedro e fingi que também estava acompanhada, assim como ele. Tipo: “Você não foi e ops, acabei ficando com outro”.
Ficamos os quatro nos olhando, sem dizermos nada. Foi bem tenso.
- Eu... Eu... – A garota que estava com ele começou a gaguejar, enquanto olhava para Pedro – Eu... Queria ir no Baccarath.
Olhei para Pedro e percebi que ele estava tenso, encarando-a. Será que que se conheciam? Tive a impressão de ter ouvido ela falar o nome dele antes. Mas estava tão nervosa que nem prestei muita atenção.
- Está tudo bem! – Ele deu de ombros, com um sorriso.
- Não ficou chateado?
- Não, imagina!
- Por que ele ficaria? – Levantei a minha mão, junto da dele, mostrando que “estávamos juntos”, caso ela e Jason não tivessem percebido.
- Sou Anastácia – ela soltou a mão de Jason, a fim de se apresentar.
Não soltei a mão que estava junto da de Pedro. Com a direita apertei a dela e lhe dei um beijo na bochecha:
- Prazer, Anastácia! Sou Clara. Pedro, este é Jason, meu amigo! – Apresentei-os.
- E aí, cara! – Jason sorriu por obrigação, dando um tapinha no ombro de Pedro, olhando para cima, já que era bem mais baixo que o meu namorado de mentira.
Pedro, por sua vez, não disse nada, só cumprimentou o outro com um aceno de cabeça.
- Bem... Estávamos indo embora! – Falei, soltando a mão de Pedro e abraçando-o com as duas mãos, enlaçando sua barriga, que era o que eu alcançava – Não é, Pedro?
- Sim! – Ele demorou um pouco a responder, me olhando confuso.
- Será que... A gente pode conversar um pouquinho antes? – Jason me perguntou.
Eu não esperava por aquela atitude dele. Será que não ficou claro que eu estava acompanhada também? Como assim ele queria me tirar do meu “ficante” para conversar? O desgraçado sequer se importava comigo! Ignorou meu aniversário para ficar com outra.
Enquanto eu pensava, Pedro me afastou um pouco e disse:
- Tudo bem, “querida”. Pode conversar com ele... Sem problemas. Só seja... Rápida. – O “rápida” soou tão estranho que eu quase ri.
Aquele garoto não sabia nem mentir?
A tal Anastácia pegou Pedro pelo braço e levou-o para o outro lado da calçada, começando a conversar com ele seriamente, gesticulando o tempo todo, parecendo explicar-se.
- Acho que eles tiveram ou tem um lance! – Jason me disse, também os observando.
- O fato é que... Agora ele está comigo! – Fingi segurança.
- Há quanto tempo está com ele?
- Um tempinho!
- Você me convidou para o seu aniversário hoje.
- Um tempinho... Tipo três a quatro horas. – Me ouvi justificando.
- Eu vim para ir ao Baccarath...
- Sim, mas encontrou a baranga no meio do caminho e decidiu ficar com ela! – Eu ri, cruzando os braços.
- A gente não tem um compromisso.
- Eu sei. E por isso nunca lhe cobrei nada.
- Então não pode ficar braba se eu fiquei com outra garota. Até porque, você fez o mesmo. Ou seja, não fiz falta na sua festa, não é mesmo?
Suspirei, observando-o atentamente. Jason não era alto, alguns centímetros mais do que eu. Mas tinha um corpo bonito, musculoso e pernas e coxas bem torneadas e com muitos pêlos. Ele tinha olhos cor de mel, penetrantes. Eu o achava bonito, embora fosse a única. Minhas amigas diziam que ele era no máximo sexy. Gostava dos cabelos dele, sempre arrepiados com gel. Ele tinha 23 anos e nos conhecíamos desde os meus 16. Quem nos apresentou foi uma colega de classe, que era vizinha dele. Desde que nos vimos pela primeira vez, ficamos juntos. E desde então, cada festa que fazíamos, quando nos encontrávamos, aquilo acontecia. Nunca nos vimos fora daquele ambiente de “noitada”.
Jason era experiente e bem convencido quando o assunto era mulheres. Beijava bem para caralho e praticamente transava comigo sem tirar a minha roupa. Foi o primeiro homem a fazer minha calcinha dar perda total. E também a me tocar de forma mais íntima... E me fazer gozar, sem precisar me penetrar.
Nunca toquei no pau dele por dentro da calça, mas o sentia fora dela e até já tinha sentado nele, nós dois de roupa. Praticamente tudo que aprendi e conheci sobre prazer foi com Jason. E o mais incrível é que apesar de tudo que rolava entre nós e ele ser bem mais velho, bem dizer um homem enquanto eu era só uma adolescente inexperiente, é que nunca avançou sem a minha permissão. Uma vez abriu meu zíper e enfiou a mão na minha boceta. Quanto tentou descer a calça, segurei-a e não deixei. Sem dizer nada, ele continuou me beijando e fechou o zíper. E assim era todas as vezes.
No meu aniversário de 17 anos Flora fez uma festa para mim na casa dela e Jason foi convidado, é claro. Até porque ele tinha vários amigos bonitos e divertidos, o que fazia com que minhas amigas sempre quisessem a presença deles.
Naquela noite dormimos juntos, no chão, na cozinha da casa de Flora. E não, não transamos. Ele não me perguntou se eu era virgem... Afirmou: “Você é virgem, eu sei! E embora eu curta muito estar com você, não quero que perca a virgindade com alguém como eu”.
Depois daquela fala, eu decidi que ele seria o meu primeiro homem. E por isso planejei a festa no Baccarath, tratei de mandar o convite para ele e ao final da noite lhe diria que já era de maioridade e o tinha escolhido para tirar minha virgindade. Pensei que não tinha melhor escolha, afinal, nos conhecíamos há dois anos. Ele transava comigo de roupa todas as vezes que ficávamos juntos. Ir para um Hotel, tirar tudo de uma vez e acabar com aquele martírio seria o melhor a fazer. Ele era gostoso e fazia tudo de forma perfeita. Não tinha como ser ruim.
Enfim, Jason não foi e perdeu a chance da vida! Agora certamente iria comer a loira que conversava com Pedro.
- Está tudo bem, Jason. A gente se curte e é isso! – Fingi estar tranquila – Só que por ser meu aniversário, achei que você iria.
- Me desculpe, Clarinha! – Apertou minha bochecha, comprimindo os lábios.
Eu não tinha certeza se ele realmente estava arrependido. Mas enfim, por algum motivo não chegou no Baccarath e estava com outra. E certamente não me explicaria como aconteceu, pois achava que não tínhamos compromisso um com o outro. E realmente não tínhamos. Mas doeu vê-lo pela primeira vez com outra.
- O que acha de marcarmos algo na semana que vem? – Ele sugeriu.
Para ficarmos juntos? Você acha que sou o quê? Ah, já sei, que estou completamente abalada e preciso que me dê um pouco de você para que eu não sofra! Ele sempre foi um convencido e eu sabia daquilo.