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Dois

William Blackwell

Mal acreditei quando Roger me contou que a moça que, levou em uma certa ocasião, era contratada, pois, ela era boa demais.

Entrei nessa posição delicada e aceitei sua ideia maluca.

Agora que fiz o cadastro, recebi uma ligação nada comum e a moça do outro lado era muito boa.

Mas ainda assim havia dúvidas sobre sua competência, afinal por telefone qualquer um pode ser alguma coisa, quero ver pessoalmente.

— Seja bem-vindo a The Secret World, selecionaremos a melhor para o que deseja.

Engulo em seco, pois, a voz que me atende é muito sedutora e demoro a responder.

— Senhor, está aí?

Não tenho uma boa foda há dias e esta mulher me causa reações adversas.

— Sim, estou apenas surpreso com a rapidez do contato. — Posso ouvir a respiração calma do outro lado da linha.

— Somos a melhor agência, senhor, então temos que ser eficientes e discretos ao efetuarmos o primeiro contato para sabermos o que procura.

Respiro fundo e encaro meu amigo que está rindo da minha cara.

— Você é um homem que gosta de estar no comando e quando as coisas saem do seu controle fica nervoso e perdido, mas é só te dar alguns segundos que tudo ficará claro.

Abro a boca inúmeras vezes antes de responder a sua opinião totalmente desnecessária.

— É assim que conquista seus clientes? — indago com sarcasmo e ela não desce do salto por nenhum momento.

— Se o senhor se refere a dizer a verdade, sim. A ética entre cliente e contratante deve ser respeitada.

Posso ouvir o bater das unhas em uma superfície, ela parece nervosa ou ansiosa, mas não altera em momento algum seu tom de voz.

— Meu amigo me indicou seu serviço, mas não estou convencido de que será a escolha ideal.

Sua respiração fica mais pesada e acelerada, ela deve ter se irritado com minha afirmação.

— Garanto nosso sucesso em qualquer momento e ocasião, embora seja muito difícil o cliente escolher quem deseja contratar. Temos regras rígidas com a escolha e a seleção da parceira ou parceiro ideal. Como disse no questionário, deseja algo bem selecionado e como duvida do êxito, eu mesma ofereço meu serviço...

Não é sempre que o chefe inverte a posição e não se importa com isso.

— Então a minha peculiaridade torna minha procura complicada, é isso?

Minha secretária entra na sala e após meu amigo contar o que estou fazendo, ela cai na gargalhada.

— Sim, a exigência em certas perfeições traz uma gama x de possibilidades. E a cada item que deseja no pacote precisamos afunilar ainda mais a seleção. — Faz uma pausa e penso se é realmente correto o que faz. — E a cada especificação que o cliente pede, nem todas possuem. Você quer uma moça culta, que saiba impressionar a família, deve ser de berço e que preza os bons costumes.

Ela deduziu tudo isso em meia dúzia de palavras?

Estou intrigado.

— Onde quer chegar? — pergunto sem cerimônia.

— No ponto crucial. Para que deseja todos esses requisitos? A meu ver, é para impressionar alguém e mostrar para essa pessoa que não é mais importante em sua vida.

Ela está certa até certo ponto.

— E, ao mesmo tempo, teme que isso seja errado. Mas temos um contrato para assinar e prefiro tratar de negócios pessoalmente.

Temos uma afinidade, gostamos do cara a cara antes de findar um negócio.

— Onde posso te encontrar?

Ouço alguns cliques das teclas do teclado e após alguns minutos de puro silêncio ela diz:

— No hotel Four Seasons, suíte quinhentos e oito em uma hora.

Ela já escolheu o hotel e alugou a suíte.

Confesso que sua escolha é peculiar.

— Ah, mais uma coisa, possuímos uma política muito rígida quanto a relacionamento. Embora pareça real, ele não é. Não nos apaixonamos e nem transamos com nossos clientes, mas pode ser uma exigência do cliente algo mais íntimo e já aviso que custará $10.000,00 a mais, caso haja algo.

Fico surpreso pelo valor cobrado.

Não que deseja me envolver intimamente com quem quer que seja, mas fico tentado a saber os serviços oferecidos nesse caso.

— Não precisa ficar com medo, não me interesso facilmente por alguém, muito menos tendo que pagar por algo que consigo de graça ou em troca de presentes.

Ela gargalha do outro lado da linha e antes que possa responder algo que possa se arrepender, ela apenas se despede.

— Até breve, senhor, te aguardo no hotel e não se atrase.

Antes que possa dizer algo ela completa:

— Meu vestido será azul e serei a mulher que chama sua atenção — diz com propriedade.

— A senhorita nem me disse seu nome e já está barganhando, é uma tola ou é muito boa no que faz. — Não que deseje desmerecê-la, mas tem certas coisas que quando compro, desejo obediência e não insubordinação.

— Irá descobrir em breve.

Ela desliga o telefone e isso me deixa intrigado e, ao mesmo tempo, curioso, tentado a conhecê-la completamente e de preferência sem roupa.

Mas pagar por sexo está fora de cogitação.

— Pelo visto, você, meu amigo, foi fisgado. Adora um desafio e ela acabou de se tornar um.

Roger me conhece muito bem.

— É, ela é um desafio, mas algo em sua voz e postura me deixam intrigado.

Minha secretária começa a rir.

— Qual a graça?

Ela leva a mão a boca tentando conter o riso, mas é em vão.

— Uma mulher te superou.

Levanto e ela nem me dá tempo para responder, apenas sai me deixando boquiaberto.

— Ainda não sei por que não a demiti.

Roger vem em minha direção e bate em meu ombro.

— Porque, no fundo, ela é a única que te suporta e não quer ir para a sua cama.

É verdade até certo ponto, aprecio seu profissionalismo no fim.

— Agora me deixa trabalhar que preciso me preparar psicologicamente para conhecer minha noiva. — Rio da situação.

Eu que iria me casar há cinco anos, hoje não me vejo casado e agora estou noivo.

Não sei se é uma ironia ou peça do destino, mas irei descobrir.

***

Me sinto nervoso e ansioso.

Nunca precisei pagar por companhia e agora estou fazendo isso, mas olhando pelo lado bom, nenhuma parte sairá magoada e nem apaixonada.

O maior erro que se pode cometer ao sair comigo, é simplesmente se apaixonar. Todas são suscetíveis ao meu charme e ela não será exceção.

Saí da empresa há quinze minutos, dispensei o motorista e vim até o hotel no meu Lamborghini preto.

Acredito que seja uma forma de mostrar que não sou um homem qualquer, mas do tipo discreto, que exige nada menos que perfeição.

Me sinto confiante em nossa transação, mas agora que estou parado do outro lado da rua, pensando na grande besteira que estou fazendo, me sinto um mentiroso ao tentar enganar minha doce mãe.

Puxo o ar dos pulmões e tento criar coragem.

Saio do carro, o trancando em seguida, caminho até o semáforo e quando a luz verde com a imagem de uma mão aparece, atravesso a rua indo em direção ao hotel.

Entro no local e sou recepcionado pelo concierge que repara como me visto e deve ter me reconhecido.

— Bom dia, senhor, deseja um quarto?

Balanço a cabeça em negativa e quando chego ao balcão digo para a recepcionista:

— Bom dia, tenho uma reunião no quarto quinhentos e oito.

Ela me olha, curiosa e pergunta:

— Desculpa, senhor, mas é política da empresa e não posso entregar a chave para qualquer pessoa. A moça me orientou a só deixar subir quem soubesse a cor de seu vestido, ela foi muito enfática nesse detalhe.

Respiro aliviado, já que ela me falou qual era e por sorte sou um homem que não esquece fácil as coisas.

— Entendo que a segurança deve ser prezada sempre, o vestido da bela dama é azul!

Ela estende o cartão e avisa:

— Senhor, o quarto é no quinto andar, deseja que envie o almoço logo em seguida?

Analiso um pouco as opções e sei que a reunião será longa, então iremos apreciar o almoço enquanto conversamos.

— Sim, peça para que sirvam o prato do dia, e claro, levem a sobremesa.

Ela anota no computador e antes que me afaste, diz:

— Tenha uma bela e proveitosa estadia!

Pela forma que diz, percebo que ela pensa que irei transar, e não que não precise, mas não com ela.

Há uma singularidade de sutileza na escolha do ambiente.

Ela está tentando me testar ou entende de todos os detalhes solicitados.

Meus pais são exigentes até mais do que eu. Nunca me importei com vestimenta ou como a moça é ou deixa de ser, mas como é o casamento do meu irmão, não posso aparecer com qualquer pessoa. Não seria justo comigo, não mostrar que estou bem e que superei ambos.

Ando pelo saguão até chegar ao elevador, entro e aperto o número cinco.

Em poucos segundos, a porta fecha e sobe até o andar.

O sentimento de nervosismo se abate em meu corpo, quando o elevador para, e saio.

Posso reparar que o corredor é todo na cor creme e o tapete que se estende no chão é em um tom ouro.

Caminho procurando o número quinhentos e oito enquanto reparo que os números são incrustados em mármore branco na porta da mesma cor.

Quando chego no quarto, acho mais sensato dar duas batidas à porta antes de entrar. Respiro fundo e rapidamente à medida que a porta abre.

Noto ao entrar no quarto que há uma dama com curvas muito sensuais de costas para mim, observando o movimento pela janela. Seu longo cabelo castanho está semipreso por uma fivela de borboleta, é magra e mesmo assim possui curvas que elevam seu padrão de feminilidade.

Parece levemente distraída e alheia a quem entra no quarto, mas pelo reflexo que vejo na janela ela é simplesmente belíssima.

Me sinto encantado apenas com seu olhar sedutor perdido no movimento da grande cidade.

Percebo que ela escolheu uma roupa fina assim como as joias e salto alto delicado.

Ela parece uma mulher refinada e isso chama minha atenção completamente.

Ela está ao telefone e parece calma enquanto dá instruções em francês e sua voz é sedutora.

Ela fala fluentemente e não quero atrapalhar.

Como não faço negócios com qualquer pessoa, antes de sair solicitei para um amigo que é investigador me contar mais detalhes sobre a agência. Pouco se sabe sobre os funcionários, donos ou até mesmo clientes, mas é uma empresa real que dá lucro e cumpre o que é prometido.

Me perco em meus pensamentos, notando como ela move os dedos e gesticula, como se alguém fosse vislumbrar ou entender o que expressa.

Observo que ela morde o lábio delicadamente e isso me proporciona ideias tentadoras do que fazer com eles.

Sinto uma vontade quase insana de tomar seus lábios que está apenas com um gloss e é perfeito para não deixar marcas visíveis.

Respiro fundo e resolvo findar a indiferença, preciso chamar sua atenção sem distraí-la ou até mesmo tirar seu foco da conversa que parece ser séria.

Resolvo fechar a porta e o barulho irá tirar sua concentração.

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