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Regresso ao novo lar

HANNA MONTE NEGRO

Terminamos o jantar e meus irmãos menores já se recolheram para seus aposentos, então estamos papai, minhas duas mães e eu tomando um chá, eu amo passar esse tempo com eles.

_ Olha como nossa filha está formosa!

Mamãe Bella fala e papai Bento coça a barba como se algo o deixasse cabreiro e fala por fim.

_ Logo vamos ter que fazer o casório dela, afinal Hanna já está com dezoito anos e já está na idade de casar, mas não quero nenhum desses almofadinhas para minha filha.

_ Amor, você já colocou três pretendentes para correr esse mês, ninguém é o bom o suficiente para nossa Hanna.

Mesmo com minha familia não tendo uma boa reputação, tenho conhecimento que tenho recebido pedidos para ser cortejada, minha mãe fala que é por conta da minha beleza e sei que também por conta da minha família ter dinheiro, mamãe Aurora continua a falar:

_ se ela não quiser casar, ela não vai casar! Nossa filha não será obrigada a fazer o que essa sociedade de merda diz ser o certo, minha Hanna só vai se casar se um dia se sentir apaixonada de verdade.

_ Adorei a ideia, a Hanna não vai casar!

Papai fala satisfeito e nesse momento escutamos umas batidas na porta.

_ quem é o inconveniente que vem a essa hora visitar alguém?

_ eu vejo de quem se trata!

Mamãe Bella fala se erguendo e caminhando em direção a porta. Não demora para ouvirmos um falatório alterado.

_ Are! que algazarra é essa?

Papai fala indo apresado até a porta e mamãe Aurora e eu vamos em seguida, meu mundo para quando eu o vejo, sua imagem é algo que sempre me impacta, Alexandre II, sua figura grande e larga chegando a ser grosseira, sempre me encantou, seus gestos são brutos, até a forma como ele move a cabeça ao falar soa agressivo, sua voz é rude até quando ele tenta colocar delicadeza, Alexandre II é algo como um monstro tenebroso que sempre me despertou sentimentos profundos, no fundo eu sinto que ele é um ser destruidor!

Alguém me manda se retirar e eu obedeço prontamente, mesmo desejando permanecer o olhando, quando adentro nos meus aposentos tomo um susto ao me deparar com dois homens de aparências assustadoras.

_ calma senhorita, temos ordens para que nos acompanhe!

_ ordem de quem?

Pergunto assustada.

_ nosso líder, Alexandre II!

Então a promessa que ele me fez a pouco tempo atrás me vem a mente: eu vou te buscar para viver comigo meu raio de sol!

_ eu não sei se devo, eu...

_ senhorita, precisa ser agora!

Um dos homens fala de uma forma deixando claro que não tenho escapatória, ele vai me levar por bem ou por mau!

Me recordo que em minha última conversa com Alexandre eu prometi que iria, prometi que o seguiria, de alguma forma eu sinto que posso ajuda-lo a sair dessa vida de escolhas ruins que ele vem fazendo, o que ele fez com meus avôs foi algo muito terrível, então decido ir certa de que Alexandre II nunca me fará mal.

_ preciso fazer minhas malas.

_ não temos tempo para isso senhorita.

Acabo por seguir os dois homens e saltamos pela janela do meu dormitório, eles em momento algum encostam o dedo em mim, sou conduzida até um automóvel elegante e eles me mandam entrar, ficamos por alguns minutos aguardando, até que os homens de repente se afastam e eu vejo uma grande sombra se aproximar.

Alexandre entra no automóvel, ele não me olha, apenas fala antes de ligar a máquina me tirando da casa dos meus pais de onde sempre foi meu lar:

_ agora você é minha joia mais preciosa e nunca mais permitirei que eles e nem ninguém cheguem perto de você!

Suas palavras me assustam, só de pensar que nunca mais posso ver minha família sinto vontade de chorar, eu amo todos, meus irmãos, meus avós e principalmente meus pais! Mas tenho fé em Deus que após conversamos Alexandre me deixará ter contato com todos e meu sonho é que retornemos novamente a sermos uma família unida, tenho recordações de quando era criança de todos fazendo a refeição na mesa juntos, éramos felizes e tudo que desejo é ter isso novamente, todos juntos.

O automóvel para em frente a uma casa que eu conheço muito bem, passei toda minha infância aqui desde que mamãe Aurora me resgatou das ruas, tenho muito amor por essa casa, a porta do lado que estou do automóvel é aberta e a grande mão de Alexandre está estendida para mim, eu a pego me apoiando a saio do veiculo.

_ bem vinda ao seu novo e definitivo lar minha Hanna!

Alexandre diz ao meu lado e seguimos para dentro da casa, assim que adentro na casa a primeira imagem que me vem a mente é de vovó Kassandra, tudo nessa casa lembra a ela, e a cada passo que dou me sinto emocionada, chego na sala de visitas e é como se eu avise ali, sentada na poltrona com seu terço nas mãos me ensinando a rezar, foi com ela que aprendi a falar com Deus e com nossa mãezinha, nessa sala ela também trançava meus cabelos e me vestia de princesa, mesmo estando tudo diferente, mesmo sem flores em todos os moveis, mesmo sem toalhas e tapetes coloridos, tudo aqui me faz lembrar a minha amada vozinha, será que Alexandre II não recorda da sua mãe? não sente falta do seu amor e de sua presença? Eu não consigo acreditar que ele não sinta falta de sua mãe, eu vou ajuda-lo a reconhecer seus erros e repara-los.

_ você vai ocupar o dormitório que pertenciam a Bella e Aurora!

Sorriu ao saber que vou ficar no dormitório das minhas mães.

_ no dormitório das minhas mães!

Digo satisfeita.

_ ELAS NÃO SÃO SUAS MÃES!

Alexandre berra e eu me assusto tanto com o berro que não esperava, como com a forma que ele diz isso, carregado de ódio.

_ nunca mais quero ouvir sua boquinha linda falar que aquelas duas aberrações são suas mães!

_ mas elas são...

tento me justificar, falando que temos uma relação de amor, mães e filhas quando sou calada abruptamente por um forte tabefe que me faz cair no chão com a força que vem dele, Alexandre é enorme e suas mãos são compatíveis com seu tamanho, sem falar que ele usa vários anéis em todos os seus dedos como adornos, minhas pernas tremem, minha cabeça começa a doer e meu rosto queima, levo a mão até a bochecha e sinto o sangue, ele me cortou, o olho apavorada, esse não é o mesmo homem que vinha todos os dia me visitar na escola, eu não o reconheço.

_ Me dê a mão meu raio de sol.

Ele me estende a mão e com medo de levar outro tabefe desses eu pego sua mão e ele me ergue do chão, abraçando meu corpo trêmulo.

_ você sabe que foi sua culpa, não queria ter batido em você!

Ele diz contra minha cabeça ainda me abraçando.

_ minhas irmãs são assim porque não levaram a sussurra que precisavam, mas como você vai ser diferente, vou te ensinar como uma mulher deve se portar perante a sociedade, mesmo que algumas vezes tenha que usar a força do punho para te corrigir, mulher que apanha é mulher boa que aprende rápido, quero que esqueça tudo que viveu com aqueles imundos, você agora é minha e vamos casar como tem que ser, você vai viver para gerar, criar e educar nossos filhos, vai ser minha esposa e vai cuidar das minhas coisas, roupas, comida, casa, mulher preguiçosa é vergonhoso, como homem não te deixarei nada faltar, você terá tudo que sonhar aos seus pés e será invejada por todas as outras mulheres.

Ele me pega no colo e começa a subir as escadas comigo e eu começo a chorar com o rosto contra seu peito ele diz:

_ aos poucos você vai compreender o que me agrada e o que me deixa irritado, eu não gosto de ficar irritado, acabo explodindo, aprendendo isso viveremos em paz!

Alexandre me coloca em cima do leito e me olha de uma forma que me faz fecha os olhos de medo, é como se algo fosse sair do seu olhar e ganhar forma a qualquer momento.

_ tenha uma boa noite meu raio de sol e trancarei a porta dos seus aposentos por precação essa noite, mas não se preocupe que assim besta e fera estiveram aqui isso não será mais necessário, meus anjinhos cuidaram de tudo.

Dito isso ele se vai! Besta e fera? o que seria isso? Parece algo vindo das profundezas.

Pergunto me afundando no leito chorando, eu esperava uma coisa e nada é com imaginei, meu desejo se realizou deixando de ser um sonho se tornando no meu pior pesadelo, não sei o que me aguarda de hoje por diante, mas vou fazer o que me minha vovó Kassandra sempre me ensinou a fazer: rezar, confiar e ter fé!

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