Plano perfeito
ALEXANDRE MONTE NEGRO II
_ Anjinhos?
Chamo, fechando a porta adentrando no galpão.
_ Besta? Fera?
Não ilumino o galpão acendendo as luzes, tudo permanece na mais perfeita escuridão, sorriu quando vejo dois potinhos acessos como faróis, intensos e brilhantes, os dois pontos viram quatro e meus anjinhos se aproximam.
São grandes, fortes, imponentes e com uma boca que fariam qualquer um se tremer inteiro como um frouxo, qualquer um, menos eu, eles são meus, eles conhecem seu dono, eu Alexandre II sou a única pessoa que entra nesse recinto sem ter medo de ser devorado, por isso alguns mexeriqueiros falam que o coisa ruim anda comigo e esse seria o motivos dos cachorros não me atacarem, talvez eles estejam corretos, ou talvez eu seja o próprio coisa ruim.
_ Como estão meus anjinhos?
Pergunto e passo a mão em seus focinhos e recebo uma lambida de cada um, não prolongo o contato, para ele não acharem que estão recebendo carinho.
_ Hoje não posso leva-los comigo.
Digo e eles parecem compreender o que falo, pois emitem um som agudo como de um choro.
_ mas é por uma boa causa, ela está vindo para nós e vocês podem assusta-la!
Falo mesmo sabendo que eles nunca a machucaria, mas meu raio de sol é delicado por demais.
_ antes de me retirar trouxe guloseimas!
Falo e rasgo a sacola grossa e grande que trouxe comigo, fazendo vários ossos e carnes pigando sangue caírem no chão formando um montante e meu anjinhos atacam e rangidos e mais rangidos de dentes triturando ossos são ouvidos.
_ Não devorem tudo, nunca se sabe quando será a próxima refeição.
Falo tendo em vista que nunca os alimento todos os dias.
Pego meu relógio de bolso do meu paletó só para conferir a hora e hoje será um grande dia, não terei tempo de passar na minha produção de conhaque, preciso chegar naquele antro que minhas irmãs chamam de lar ainda com minha Hanna desperta, nada pode sair fora de ordem, hoje eu a trago comigo para minha casa, de onde ninguém vai a tirar de mim, vou salvar a Hanna dessa familia imunda com a qual ela vive.
A visto os três rapazes que irão acompanhar meus passos ao longe e faram um trabalho de suma importância no plano, enquanto o furdunço se forma na sala, os três sujeitos estão incumbidos de entrarem nos aposentos de Hanna e a levarem em meu nome, se um dos três relarem o dedo nela, mesmo que de raspão terão as tripas expostas e cada um já estão bem avisados quanto a isso.
Entro no meu automóvel e faço todo o trajeto satisfeito, paro o carro em frente a casa dos pulhas e mesmo não vendo sei que os rapazes já estão a espreita, o combinado é que após dez minutos da minha entrada eles entrem em ação, saiu do automóvel e aprumo minhas vestes ficando apresentável, endireito meu chapéu na cabeça e toco a companhia.
_ Alexandre? O que faz aqui?
Minha irmã Bella abre a porta e sua expressão ao me ver é impagável.
_ Olá maninha, não vai convidar seu querido e amado irmão para entrar nesse antro?
Falo e não aguardo resposta e já vou adentrando na casa.
_ Alexandre, não é uma boa hora!
Bella fala e eu me viro para olha-la!
_ não? e quando será uma boa hora para receber a familia?
_ você não é bem vindo e sabe muito bem disso!
_ quanto rancor querida Bella, me recordo que não eras assim outrora! O que ocorreu? A vida de podridão e pecado a fez uma mulher rancorosa?
_ você sabe muito bem o motivo de não apreciarmos sua presença, nunca esquecerei o que fez com nossos pais!
Bella fala acusatória e eu nunca me arrependi do que fiz, fiz e está bem feito e feria novamente se necessário fosse.
_ Quem está ai?
Escuto a voz do maldito Bento falar:
_ Alexandre?
Olho e observo o desgraçado do Bento se aproximar, e o olho com cara de nojo, eu o odeio com todas as forças que há em mim, não o suporto, ainda o verei morto se estrebuchando em minha frente e tomarei conhaque em cima do seu tumulo, homenzinho asqueroso, vejo também Aurora com um expressão de fúria e Hanna atrás dela olhando tudo com curiosidade.
_ Se retire Alexandre, não o queremos aqui!
Bento fala se achando o dono da casa, patife!
_ Eu não obedeço ordens de um pulha! Vim visitar minhas irmãs!
Alguém manda Hanna se retirar para seu aposentos e ela vai obediente de cabeça baixa, minha Hanna é perfeita.
_ Alexandre olhe aqui...
Aurora fala altiva:
_ se você veio até aqui, coisa boa não há de ser, se você realmente quisesse viver em harmonia com sua familia, começaria devolvendo tudo aquilo que não é seu, tudo aquilo que roubou do papai.
Abro a boca forçando um bocejo, demostrando o quanto não me importo com todo esse falatório da minha irmã Aurora, tudo muito enfadonho.
_ Olha a cara dele Aurora? não adianta falar, nosso irmão não se importa com ninguém além dele, se retire, pois sua presença não é apreciada!
_ não sei o que veio fazer aqui, mas vá embora Alexandre, você não é bem quisto!
_ eu só vim aqui dizer a aberração que vocês são!
Falo querendo ganhar tempo, até meu raio de sol ser retirado da casa.
_ e quem se importa com sua opinião? Enfie sua opinião goela a baixo seu galinho do caralho! ta pensando que pode adentrar na minha residência e cantar de galo? aqui tem macho para te dar uma surra!
O desgraçado do Bento fala e eu só sinto ódio dentro de mim pela pessoa dele, sinto vontade de partir para cima dele e só o largar quando o infeliz estiver morto, mas só me contenho.
_ Imundos, vocês vão arder no inferno!
Digo cuspindo ódio e Bento fala:
_ vamos nos encontrar lá, pois seu destino é queimar ao lado do diabo!
Dou uma risada macabra, do jeito que só eu sei dar e digo:
_ sabe qual a diferença entre nós? Eu não me importo em ir pro inferno, muito pelo contrario, deve ser menos irritante que o céu, quando eu chegar no inferno vou aguardar cada um de vocês chegarem por lá e vou fazer questão de torturar cada um de vocês seus malditos!
_ Alexandre por Deus se retire!
Bella fala parecendo em pânico e o imbecil do Bento se arma para me atacar, ergo as mãos em um falso gesto de rendição.
_ Me rendo!
Falo e vou dando uns passos para trás, me preparando para me retirar desse lugar maldito.
_ e vocês duas!
Falo e aponto para minhas irmãs.
_ esqueçam que tem irmãos, você são duas perdidas!
_ já esquecemos a bastante tempo, você não parece ser filho dá nossa mãe!
Antes que Bento me acerte sou mais ágil e me retiro da casa, se eu não odiasse tanto música, até cantaria uma nesse momento para comemorar o quão bem me sinto quando desestabilizo alguém.
Quando chego perto do automóvel vejo os homens que estão ao meu serviço na frente dele, eles acenam com a cabeça e entendo que tudo saiu como previsto e faço um gesto para que eles se vão e antes que alcance o automóvel eles já se foram.
Pelo vidro do automóvel a vejo sentada no banco de trás, nem sei o que sinto, ela é minha, me pertence, Hanna passará a viver comigo como minha mulher, vai procriar, gerar e cuidar dos meus filhos, os filhos são apenas do pai, a mulher nada mais é que uma parideira, mostrarei a ela que tudo que viveu junto com aquela familia de imundos deve ser esquecido, hoje Hanna começa uma nova vida ao meu lado, e com esses pensamento abro a porta adentrando no automóvel.