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18 priaveras

HANNA GONÇALVES

Desperto contente e me espreguiço em meu leito, hoje eu faço mais uma primavera, completo dezoito anos e estou demasiadamente feliz por isso.

Saio do meu leito e vou ao lavabo, faço minha higiene matinal e me banho, gosto de começar o dia sempre com um banho isso me deixa disposta, retorno ao dormitório e escolho meu vestido preferido, ele é verde água e é de uma seda muito delicada, tem botões de cima a baixo e várias entrelinhas em sua estampa, quem me presenteou com ele foi minha vozinha Kassandra, só de recorda dela meu coração bate forte, eu a amo tanto e é provável que ela venha hoje para uma visita, afinal é meu aniversário.

Vovó Kassandra mora com o vovô Alexandre a umas poucas horas de automóvel daqui, depois que eles perderam tudo passaram a morar aqui por um tempo e foi maravilhoso, o melhores anos na minha vida, meu pai Bento o deu abrigo e o ajudou, logo o vovô conseguiu ficar rico novamente e moram num sítio muito lindo, eu amo ir ter com eles.

Me olho no espelho e aprovo minhas vestes, deixo meus cabelos loiros soltos, minhas duas mãezinhas são loiras, mas eu sou muito mais loira que elas, cabelos delas são de um loiro mais escuro, os meus são muito claros, meus olhos azuis estão parecendo tão brilhantes hoje, certamente é por conta da minha felicidade, borrifo uma colônia de jasmim a minha predileta, ela tem um aroma suave e que fixa o dia todo, minha pele é tão alva que consigo ver as veias arroxeadas por quase todos os lugares da minha pele com um mapa ramificado, após calçar meus sapatos me sinto bonita para um dia especial.

Antes de sair dos aposentos arrumo todo meu leito, gosto de ver tudo no seu devido lugar. Desço as escadas e já sinto um aroma bom na casa, certamente minha mãe Bella deve está fazendo algum desjejum saboroso.

_ ei cabritos onde está todo mudo?

Falo com dois dos meus irmãos que estão assentados no tapete da sala jogando bola de gude, nunca os chamo pelo nome, por culpa do meu pai que desde os nascimento das crianças nunca as chamou pelo nomes, apenas de cabritos e cabritas.

_ papai e mamãe Bella saíram, disseram que tinha algo a resolver e mamãe Aurora está na cozinha.

Então ele baixa o tom de voz e sussurra:

_ ela está a horas na cozinha e estou com medo da comida que ela está a preparar!

Seguro o riso para não dar ousadia a esse cabrito afoito, mas até me surpreendo ao saber que quem está a cozinha é mamãe Aurora e não a Bella, eu até compreendo a fala do meu irmão, a última vez que Aurora foi a cozinha as coisas não saíram nada boa, não que só minha mãe Bella prepare as refeições, meu pai também é bom na cozinha e só mamãe Aurora que não leva muito jeito com as panelas.

_ não deverias falar essas asneiras, certamente a mamãe fará algo muito saboroso.

Ele dá de ombros como se duvidando do que falei e volta a jogar bola de gude me ignorando.

_ garoto audacioso!

Falo sorrindo e sigo para cozinha e quando adentro na cozinha parece que estou em um cenário de guerra, a mesa que onde mamãe está, se encontra completamente branca de farinha, tem sacas de açúcar aberto na mesa e ovos espalhados por todos os lados.

_ mamãe!

Quando eu a chamo ela se ergue para me olhar e acaba tocando em um dos ovos que sai rolando e se espatifa no chão.

_ Filha!

Ela sorrir ao me ver totalmente alheia a cena de destruição que está na cozinha, mamãe larga tudo e vem ao meu encontro.

_ Minha florzinha linda está ficando mais adulta hoje!

Ela volta a me abraçar e fala palavras tão lindas que meu coração bate feliz:

_ Nossa filha, parece que foi ontem que você era só uma florzinha pequenininha que amava se vestir de princesa e desfilar pela casa, filha saiba que eu te amo e sempre vou te amar, você sempre vai ser minha princesinha, feliz aniversário!

Eu fico emocionada, sou muito apegada a minha família, sei que não sou filha de sangue das minhas mães e nem do meu pai, mas nossa relação é além do sangue, é amor!

Sim eu tenho duas mãe e um pai, minha família não é nada tradicional mas é a melhor família que eu poderia ter, quando eu era criança eu achava que era comum e que todos tinham duas mãe, até que na escola eu vim perceber da pior forma possível que isso não era comum, ninguém queria ser meu amigo e nem andar comigo, diziam que eu seria uma perdida igual minhas mãe, me chamavam de nomes feios e por mais que eu fosse excluída eu não me sentia demasiadamente triste, eu recebia tanto amor na minha casa que o mundo não me afetava e cada irmãozinho meu que nascia o amor no meu lar só aumentava, eu tinha o amor dos meus avós, dos meus pais e dos meus irmãos, eu era feliz.

_ Obrigada mamãe, eu também a amo muito!

Nos olhamos sorrindo.

_ E o que a senhora está tentando fazer?

Pergunto olhando para toda bagunça.

_ estou te preparando um bolo de aniversário e tudo está sob controle.

Não falo nada, se ela está dizendo que tudo está sob controle então está.

_ Seu café da manhã está na sala de estar, vai se alimentar meu amor, eu já estou terminado e vou me juntar a você e seus irmãos.

_ tudo bem mamãe.

Falo e sigo para fala de estar, tem uma linda mesa de desjejum montada, vários pães, bolachas, geleia, queijos, uma variedade grande de frutas e duas jarras de refrescos e eu me sento a mesa.

_ Hanna, Hanna, Hanna!

Em segundos meus irmãos surgem e aos poucos vão se sentando.

_ Feliz aniversário irmã!

Uma das minhas irmãs mais nova fala e em seguida todos me felicitam, eu olho para eles e só sinto amor, ajudei a criar e a cuidar de cada um.

_ Obrigada cabritos!

Agradeço e logo estamos comendo, a mesa vira um alvoroço, varias mãos pegando comidas ao mesmo tempo, conversas, risadas, mamãe Aurora surge da cozinha e ela não está mais suja de farinha, ela senta-se a mesa para comer conosco, papai chega com mamãe Bella, eles me abraçam e me felicitam, falam que me amam, me dão carinho e amor.

_ desgraça de dor nas costas, chegamos cadê minha netinha?

_ vovô!

Me vovô Alexandre chega com vovó Kassandra e eu explodo de felicidade, ganho mimos e presentes, colônias, vestidos novos e joias, papai Bento me presenteia com um anel lindo e delicado com uma pedrinha pequena no meio, que ele diz ser de diamantes.

_ o bolo deve estar pronto!

Mamãe Aurora fala e se dirige a cozinha e vovó começa a resmungar.

_ eu não vou comer a desgraça do bolo de Aurora, o menina para cozinhar gororoba!

_ ursinho o que importa é que ela tentou

Vovó reclama com ele e Mamãe surge com um bolo nas mãos.

_ Não está com as melhores das aparências mas tenho certeza que ficou saboroso!

Todos ficam calados, colocam uma vela de aniversário no bolo e cantam parabéns, todos ganham um pedaço de bolo, mas o bolo está salgado e ninguém comem.

_ Como isso foi acontecer? eu segui a receita a risca.

Mamãe fala desolada e vovó a consola.

_ Calma filha isso acontece!

_ Já prevendo algo assim, passei numa doceria e comprei um bolo!

Mamãe Bella fala e meus irmãos comemoram.

_ Eu não vi a Hanna fazer um pedido ao soprar a vela!

Vovó Kassandra fala e eu realmente não fiz, temos o costume de antes de soprar a velinha do bolo fazer um pedido para que ele se realize, a vela é acessa novamente e todos estão me olhando.

_ Vamos filha faça um pedido, aquilo que se coraçãozinho mais deseja!

Olho para todos e eu queria que ele estivesse aqui, sei que muitas coisas ocorreram mas eu sinto falta do meu amigo, mais do que isso, sinto falta daquele que faz meu coração bater mais forte, então peço em meus pensamentos antes de soprar a velinha: eu desejo que meu grande amigo, a pessoa que eu amo volte para minha vida!"

Eu só não sabia que meu pedido estava prestes a se realizar, eu só não contava que meu pedido se tornaria meu pior pesadelo...

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