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Capítulo 2 Cenas de conflito

Eu olhava para Vanessa, que antes tinha um rosto tão belo e delicado, agora distorcido como o de um demônio. Seus olhos brilhavam de excitação, e seus lábios pintados de vermelho pareciam estar prontos para me devorar.

“Não... não deveria ser assim.” Sacudi a cabeça, tentando clarear a mente e voltar a minha sanidade para poder explicar.

Assim que abri a boca, antes mesmo de ter a chance de falar, outro tapa de Vanessa veio rápido e certeiro. O número de pessoas ao meu redor aumentava a cada segundo. Elas me cercavam, apontavam o dedo e cochichavam me julgando, e alguns até me beliscavam e apertavam.

— Tão jovem e já sabe ser vagabunda, seduzindo homens casados? Você acha que não vamos te ensinar uma lição?

— Usando uma beca? Você não merece! Coloca uma melancia na cabeça, que combina mais com você!

No meio de toda essa confusão, o corredor do dormitório que já era estreito estava cheio de gente. Mais e mais curiosos se juntavam para assistir à cena. Os meus colegas de classe também começaram a cochichar e a me julgar.

— Srta. Vanessa, acho que você está cometendo um erro. Eu não sou a pessoa que você está acusando, e a minha família não é algo que você pode difamar dessa forma. — Eu disse, depois de cuspir um pouco de sangue e encarar Vanessa.

Afinal, ela era única parceira que meu pai teve em todos esses anos, eu não queria que toda a situação deixasse a nossa relação desconfortável.

Vanessa não esperava que eu tivesse a audácia de me defendesse. Seus olhos se arregalaram e, furiosa, ela me deu outro tapa. Eu estava presa entre as pessoas e não consegui desviar, então levei o golpe direto.

Uma outra estudante que estava assistindo disse que ela não deveria agir assim sem antes ter provas.

Ao ouvir isso, Vanessa levantou o celular e se aproximou de colega havia falado.

— Não acredito que até uma vadiazinha dessas tem apoiadores! Olhem bem para o rosto dela, tomem atenção e vejam se o marido de vocês também não tem uma amante dessas! — disse Vanessa, furiosa.

A colega que tinha falado em minha defesa, indignada e com raiva, saiu dali sem dizer mais nada. Enquanto isso, as pessoas que acompanhavam Vanessa abriram a minha mala, e espalharam as minhas roupas e bolsas pelo chão.

— Vejam só, vejam só! Todas essas marcas de luxo. Como amante você pediu para que o meu marido comprasse para você? Como uma simples estudante universitária poderia pagar por isso? Você deve ter ganho muito dinheiro nesses quatro anos de faculdade, não é? — Vanessa disse apontando para os meus pertences.

Ela pisou com o salto afiado da sua bota na minha bolsa da Chanel, a bolsa que eu estava segurando na foto que tirei com meu pai, esmagando-o com força.

— Você ousa dizer que essa foto não é sua? — Ela me forçou o desbloquear o meu celular para abrir a minha última postagem, a foto em que eu estava de braços dados com meu pai, com a legenda: “Não importa o que o futuro nos espera, seremos sempre o maior amor um do outro.”

Minha cabeça parecia que ia explodir. Aparentemente eu havia me tornado a amante do meu próprio pai?

— Você não sabe que o seu marido tem uma filha que está na universidade? — Uma onda de fúria tomou conta de mim, e eu gritei.

Vanessa parecia ter perdido completamente a cabeça, incapaz de entender o que eu dizia.

— Eu sei que ele tem uma filha que está na universidade, mas atualmente está no exterior. Quem é você para se meter nisso, sua impostora? — Ela apertou meu rosto com suas unhas longas.

Senti a minha pele deformas com as pontas afiadas a penetrarem e o sangue escorrer lentamente pelos seus dedos.

— Então você já sabia que ele tem idade para ser seu pai, e ainda assim faz algo tão vergonhoso! Vagabunda, é o que você é desde o momento que nasceu! — disse ela.

Eu me debati para me soltar, mas continuei encarando-a friamente.

— Se não acredita em mim, pergunte ao meu pai. Vocês estão juntos há quatro, cinco anos, certo? A minha casa está cheia de fotos minhas. Como você nunca as viu? — Eu disse com um tom frio.

Por um breve momento, vi uma faísca de confusão e pânico nos olhos de Vanessa.

— Quais fotos? Você está tentando me enganar? Jamais vai conseguir. O meu marido me disse que a filha dele não gosta de tirar fotos! — Logo a loucura tomou conta dela novamente.

Quando ouvi isso, não pude conter uma gargalhada.

— Hahaha! Você continua chamando ele de "meu marido", mas a verdade é que nunca esteve na nossa casa, não é? — A minha atitude debochada a deixou ainda mais furiosa.

Enquanto me xingava ela ordenou aos seguranças que me arrastassem para o lado de fora. Ela queria que mais gente visse as consequências de ser uma amante.

Eu não tinha como me soltar dos dois homens que me seguravam. No meio de todo o tumulto, o meu celular havia desaparecido, e fui jogada no palco montado para a cerimônia de formatura.

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