Capítulo 12 Um bastardo ingrato
Hollie levantou a mão para acariciar a bochecha de Martha com um sorriso malicioso. - De agora em diante, Stefan pensará que você me curou. Não vou deixar que ele se sinta culpado por você. Portanto, você deve morrer na mesa de cirurgia hoje.
Martha não esperava que Hollie quisesse matá-la.
Olhando para Hollie, ela fez um esforço desesperado para escapar, com o rosto vermelho.
Hollie retirou sua mão. Parecendo se lembrar de algo, ela perguntou:
- Martha, você sempre achou que eu sou uma ingrata?
Sua pergunta deixou Martha intrigada.
Hollie olhou para ela com frieza. - Você acha que eu deveria apreciar sua mãe e você, pois ela salvou minha vida naquela época?
Vendo a expressão dela ficar mais sinistra, Martha franziu a testa.
Naquela época, quando Hollie quase se afogou, a mãe de Martha salvou a vida de Hollie, mas a mãe de Martha foi levada por outra onda. Martha testemunhou todo o acidente.
A cena do desaparecimento de sua mãe no mar se tornou um pesadelo para ela durante anos.
Toda vez que Martha se lembrava disso, sentia a dor apertar seu coração. Ela se culpava por não ter aprendido a nadar quando era jovem. Se tivesse aprendido, poderia ter ajudado sua mãe. Ela também se culpava por não ter verificado o anel de natação com antecedência.
Eles nunca deveriam ter ido para a cidade litorânea naquelas férias.
Se elas não estivessem lá, nada teria acontecido.
A lembrança fez Martha arfar e seus olhos ficaram vermelhos.
Hollie podia ler o arrependimento em seus olhos. Ela se inclinou com uma bufada e disse ao ouvido de Martha:
- Martha, sabe de uma coisa? Não foi um acidente.
Instantaneamente, o cérebro de Martha zumbiu.
'Não foi um acidente? Há algo mais do que isso?
Ela olhou atentamente para Hollie, tentando captar todas as expressões no rosto de Hollie.
Hollie se levantou, ergueu as sobrancelhas e acrescentou:
- Eu quebrei seu anel de natação naquela época. Você deveria ter morrido naquela ocasião, mas confundi seu anel de natação com o meu. Felizmente, aquela mulher me salvou. Humph! Sua mãe morreu por você. Entendeu?
Martha se enrijeceu, com os olhos cheios de choque.
'Hollie quebrou meu anel de natação? Minha mãe foi assassinada por ela!
Martha ficou assustada. Naquele ano, Hollie tinha apenas 10 anos, mas já estava tramando.
Martha respirou ofegante e sentiu o gosto de sangue na garganta. Ela tentou levantar a mão para bater em Hollie, mas não conseguia mover um dedo por causa do tranquilizante.
Portanto, ela só conseguia olhar para Hollie com ódio e raiva.
Martha odiava a si mesma. A assassina que havia matado sua mãe estava bem diante dela, mas ela não conseguia nem dar um tapa em Hollie em nome de sua mãe.
O sorriso no rosto de Hollie foi se alargando aos poucos. Logo, ela deu uma risadinha e riu com força.
- É uma sensação maravilhosa contar tudo. Eu planejei isso por tantos anos, Martha. Agora você pode ir encontrar sua mãe em paz.
- Como ela ousa mencionar minha mãe novamente?
- Se não fosse por ter salvado Hollie, minha mãe não teria morrido.
Se eu morrer hoje, vou assombrar a Hollie como um fantasma!
Logo, o cirurgião ao lado de Martha inseriu uma agulha em seu osso ilíaco e retirou habilmente as células-tronco hematopoiéticas de sua medula óssea.
A agulha causou uma dor aguda. Martha mordeu o lábio com força e o suor escorreu de sua testa e pingou em seus cabelos.
Segurando o telefone, Hollie ficou parada e gravou a cena em que a medula óssea de Martha foi retirada. Ela se sentia estranhamente animada e triunfante.
As unhas de Martha cravaram-se em suas palmas, e o sangue escorreu.
Ela lutou por um longo tempo, mas não conseguiu fazer nada, sentindo a medula óssea ser gradualmente retirada de seu corpo.
Martha percebeu que havia chegado a esse ponto apenas por ter sido tão tola.
Ela pensou que poderia conquistar o coração de Stefan por meio da espera persistente e da doação silenciosa. Ela pensou que Hollie poderia se tornar boa, desde que ela a tratasse bem.
Martha olhou para Hollie com relutância, achando que ela merecia a provação.
Se ela tivesse tido outra chance, nunca teria se casado com Stefan e teria feito Hollie pagar.
As lágrimas escorriam por suas bochechas. Gradualmente, seus olhos perderam o foco.
Do lado de fora da sala de cirurgia, Stefan esperava solenemente.
Ele não achava que a doação de medula óssea prejudicaria a saúde de Martha. Ele a compensaria quando ela saísse.
No entanto, o olhar de desespero de Martha antes de ser levada para a sala de emergência lhe era recorrente.
Por que ela é tão avessa à doação?
Hollie cresceu junto com ela, como sua irmã mais nova. Será que Martha tinha coragem de ver Hollie morrer de câncer sem ajudá-la?
Stefan apertou os lábios para controlar suas emoções misturadas, lembrando-se de não pensar no olhar de Martha antes.
Três horas se passaram rapidamente.
No entanto, elas pareciam um ano para Stefan.
A luz vermelha acima da porta da sala de cirurgia ficou verde. A porta estava aberta.
Stefan verificou Hollie, que fechou os olhos com o rosto pálido. O sangue ainda escorria do curativo em seu pulso.
Sua máscara de oxigênio estava levemente embaçada. Todos os sinais diziam a Stefan o quanto a vida dela estivera em perigo nas últimas três horas.
Stefan a encarou com o cenho franzido e sentiu pena dela.
Hollie estava fraca e vulnerável. Após a cirurgia, ele se perguntou quanto tempo levaria para ela se recuperar.
Mais tarde, o Dr. Dudley saiu da sala de cirurgia com um olhar cansado.
Stefan se aproximou e olhou para ele com uma expressão de profunda tristeza.
- Como foi a operação, doutor?
O Dr. Dudley esfregou as têmporas fracamente para aliviar o cansaço.
- Foi bem-sucedida. Mas se ela vai acordar depende de sua força de vontade e de seu estado de saúde.
- O que você quer dizer com isso?
Stefan olhou preocupado para Hollie.
- Precisamos observá-la na UTI por três dias. Se ela não acordar em três dias, ela se tornará um vegetal - disse o médico solenemente.
Em seguida, ele disse a Stefan que precisava escrever o relatório da operação e saiu rapidamente.
- Por que é tão grave?
Stefan seguiu as enfermeiras até a UTI e esqueceu completamente que Martha ainda estava na sala de cirurgia.
...
A sala de cirurgia.
Martha estava deitada na mesa de operação, perdendo gradualmente a consciência.
A dor lancinante se espalhou por seu corpo a partir da coluna vertebral, estimulando seu cérebro e mantendo-a vagamente consciente.
Aos poucos, ela parou de sentir a dor, mas ficou com frio. O frio se acumulou e penetrou em seus ossos.
Ela se sentiu como se estivesse flutuando no ar.
Em um transe, viu sua mãe acenando para ela.
'Mamãe, está doendo... Está doendo muito... Por favor, me leve com você. Sinto sua falta, mãe...
Martha estendeu a mão para a mãe.
...
Rupert, quando terminou seu trabalho, estava prestes a examinar Martha em sua enfermaria, para ver se ela havia melhorado hoje.
Enquanto caminhava pelo posto de enfermagem, ouviu algumas enfermeiras conversando sobre o transplante de medula óssea.
Rupert acelerou os passos, correndo para a ala de Martha.
No entanto, ele não viu ninguém lá.
Seu coração batia forte. Seu mau pressentimento o fez correr loucamente em direção ao balcão de registro.
Parado em frente ao balcão, ele ofegou enquanto escaneava rapidamente os registros de pacientes de uma enfermeira.
Ele viu o nome de Hollie e que sua operação havia começado há três horas.
Rupert percebeu que a operação estava concluída.
Suas pupilas se contraíram. Ele então correu imediatamente para a sala de cirurgia.
A porta ainda estava aberta.
Rupert empurrou a porta. A sala de cirurgia estava em um silêncio mortal. Só se ouviam os sons do dispositivo cirúrgico e dos ventiladores.
Depois de passar pela sala de esterilização, Rupert viu um cirurgião injetando algo no paciente na mesa de operação.
- O que está fazendo? - ele perguntou friamente, e o cirurgião ficou chocado.
Apressadamente, ele guardou a seringa e desviou o olhar para evitar o olhar de Rupert.
- Olá, Dr. Turner - ele cumprimentou Rupert respeitosamente, pois Rupert era o diretor do departamento de cirurgia.
Rupert franziu a testa para Martha e viu que seu rosto estava branco como um lençol. Seu coração ficou apertado. - Saia daqui!
O Dr. Dudley se sentiu culpado, por isso não teve coragem de contestar. Ele se virou, escapando da sala de cirurgia.
- Martha? Martha? Está me ouvindo? - Rupert se aproximou de Martha e a chamou pelo nome.
Embora os olhos de Martha estivessem abertos, ele não via o foco neles, como se a alma dela tivesse sido extraída.
O monitor cardíaco emitia bipes irregulares, irritando Rupert.
Ele chamou o nome de Martha várias vezes, mas ela não respondeu.
- Bip... Bip...
De repente, o monitor cardíaco disparou o alarme.
Rupert verificou apressadamente o dispositivo, apenas para descobrir que a frequência cardíaca de Martha havia caído para quase zero.
Os olhos de Martha foram se apagando aos poucos.
O pânico tomou conta de Rupert. Ele agarrou as mãos de Martha e rosnou ansiosamente:
- Martha! Martha! Aguente firme!
Infelizmente, Martha não conseguia ouvir nada naquele momento.
Rupert cambaleou para buscar um marca-passo cardíaco e fez a RCP.
Não funcionou.
Momentos depois, o monitor cardíaco emitiu um bipe repentino, lembrando-o de que a vida de Martha havia acabado.
Rupert olhou para ela com consternação e se enrijeceu.
Atordoado, ele segurou a mão de Martha e se perguntou por que ela estava tão fria.
Parte de seu mundo desmoronou naquele momento.