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Capítulo Três Continua

Parte 3...

Na manhã seguinte o celular a acordou cedo. Mas não era Igor, era seu pai. Estava curioso e queria saber sobre Igor.

— Como tem esse número – esfregou o olho.

— Liguei ontem à noite e sua mãe me deu. Que história é essa de casamento com um homem estranho?

— Vou me casar e pronto. Que tem isso demais? – saiu da cama.

— Quero conhecer esse rapaz.

— Para que? – de modo algum, era só o que faltava.

— Sou seu pai, tenho o direito de saber quem será seu marido.

— Desde que saiu de casa do modo como fez, perdeu esse direito – não poderia deixar o pai falar com Igor. De certeza seria descoberta e a confusão seria enorme — Foi bom o senhor ligar, queria mesmo lhe falar sobre aquela mulher.

— Aline, é sobre você que quero falar.

— Não tem nada para falar, pai. Fale com sua amante para deixar mamãe em paz – disse aborrecida — Não tem a menor consideração por minha mãe? Como deixa que aquela mulher a incomode?

— Tivemos uma conversa sobre isso ontem. Ela vai parar de chatear Anabel - respondeu chateado.

— Acho bom mesmo. É uma total falta de respeito e consideração de sua parte, pai - soltou — Depois de tantos anos de casados e tudo que a mãe fez pelo senhor - disse com mágoa.

— Preciso te ver filha.

— Não quero ver o senhor – respondeu triste.

— Sou seu pai. Sinto sua falta.

— O senhor saiu de casa por vontade própria – rebateu.

— Até quando isso vai durar? – ele suspirou — Só quero te ver um pouco, filha.

Aline pensou um instante. Sentia muita falta do pai. Ficaria afastada por um tempo longo após se casar e seria bom poder ver o pai. Mesmo com mágoa guardada pelos últimos acontecimentos, era seu pai e o amava.

— Eu tenho um tempo antes de viajar.

— Ótimo. Vamos no ver então - disse mais animado.

Marcaram o lugar para se encontrar e Aline foi até lá com o chofer de Igor que seria mais rápido e ele havia deixado à sua disposição. Assim que desceu do carro viu o pai chegando e foi até ele.

Os dois se abraçaram apertado. Desde que Lúcio saíra de casa se falaram apenas por telefone. Ainda existia a mágoa pelo comportamento do pai, mas havia muito amor também.

— Que saudade de você meu amor – disse emocionado e lhe dando um forte abraço — Vamos sentar? – andaram abraçados até uma mesa na calçada — O que vai querer? Um café ou suco?

— Prefiro café. Um capuccino – pediu ao garçom.

— O mesmo para mim.

O garçom saiu e ele observou o rosto dela. Parecia preocupada. Segurou sua mão enquanto falavam.

— Obrigado por vir. Queria muito te ver – cruzou os dedos — É pena que sua irmã não é como você. Ela só grita ou xinga minha esposa.

— Ela só é sua esposa porque foi desleal com mamãe – puxou a mão — Não faça de conta que não entende isso, pai.

— Podemos falar de você? Me explique esse casamento.

Ela contou a mesma versão que contou à mãe, assim não ficaria misturado e evitaria novos problemas. Já não era muito bom com mentiras e mais de uma ficava ainda por. O pai achou estranho, mas sempre que ele falava algo ela rebatia com os problemas criados pela separação dos pais e ele ficava calado.

— Não abandonei você, me separei de sua mãe – afirmou com voz rouca pela emoção.

— Mesmo assim, foi muito difícil ver o sofrimento da mãe – apertou os lábios — E o senhor quis tomar nossa casa – disse magoada — Como pode fazer isso com a gente?

— Se serve de consolo, eu proibi Malena de se envolver em qualquer assunto que diga respeito à voces – se defendeu — Ela não vai se meter mais com sua mãe – pegou a mão dela de novo — Mas ainda tenho problemas a resolver com Anabel e não quero que minhas filhas se envolvam. É coisa nossa.

Aline sentiu vontade de chorar. Tantas coisas acontecendo e ela nem podia falar a verdade para os pais. Ainda teria que ficar afastada por muito tempo e nem sabia o que Alana faria.

— Fico espantado com esse casamento repentino. Se fosse sua irmã eu até acharia normal, mas você?

— Aconteceu...

— Tem algo que quer me dizer e não pode? – apertou sua mão.

“E como tem, mas seria loucura minha contar”.

— Não – mentiu — Só fico triste de me afastar agora. Mamãe ainda está se reerguendo.

— Casamento é assim... Tem de ir onde seu marido está.

— Tenho que ir agora – levantou — Pai... Será que pode evitar mais sofrimento para minha mãe... Por favor?

— Vou tentar resolver sem muito drama - soltou o ar devagar — Só espero conhecer meu genro em breve – abraçou-a de novo — Sabe que eu te amo muito e quero que seja feliz - alisou seu rosto.

— Eu sei pai – ela fungou — Não quero chorar... Eu também amo o senhor. Só estou um pouco sentida por tudo.

Ficaram um instante abraçados apenas sentindo o amor que os ligava. Nenhum deles queria falar e estragar o momento. Fazia tempo que eles não ficavam assim, desde que tudo havia desandado na família.

— Com licença... – Danilo se aproximou — Está na hora de ir.

— Certo – se soltou do pai — Tenho um compromisso agora – não disse que ainda teria que se casar antes de viajar. O pai poderia querer ir.

Autora Ninha Cardoso

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