Capítulo Quatro
Parte 1...
_ Tem mais coisas para guardar? – Alana perguntou.
Aline olhou para a irmã com a cara fechada, parecendo chateada. Desde cedo ela estava assim.
_ Por que parece com raiva de mim?
_ Não sei... Talvez por ter ido ver o pai ou por ver tantas coisas que Igor já lhe deu – fez cara feia — Quem sabe? - deu de ombro.
_ Eu juro que ás vezes você me dá vontade de te bater – fechou a mala.
_ Tente – deu uma risadinha _ Você sempre foi molenga.
_ Estou fazendo o que você me pediu, lembra? Ou melhor, me obrigou. Não posso nem falar a verdade que ainda assim corro o risco de um processo.
_ E está adorando – puxou o cabelo dela — Nem vem com essa. Você já está vendo as vantagens de um homem rico.
_ Ai... Estou é morrendo de medo, isso sim. Não sei como pode ficar calma. Se ele quiser pode colocar a gente na prisão.
_ Simples. Pense no lado bom. - gesticulou — Não perca tempo focando em algo que você não pode mudar.
_ Dinheiro? É isso que você diz que é o bom? - franziu a testa e fez um bico.
_ Isso e mais – sorriu _ Já reparou no Igor? Fala sério... Ele é muito sexy. Quase me arrependo de passar ele pra você. Deve ser muito quente na cama – Aline corou _ Pelo amor de Deus, transa logo e perde esse jeito de menina tonta – gargalhou _ Se fosse eu já teria pulado em cima dele.
_ Acredito nisso – torceu a boca _ Como vou fazer... Quero dizer, ele é um estranho... Não sei se consigo...
_ E daí – pulou na cama _ Sexo sempre é bom. Deixa de ser fresca, Aline. Você não tem que se preocupar com isso. Todo mundo transa, sabia?
_ Mas sem amor? - fez careta.
Alana riu tão alto que a mãe entrou no quarto.
_ Qual foi a piada? Quero rir também.
_ Sua filhinha aqui... Ainda é virgem – ela riu de novo.
_ Mesmo? – segurou o rosto de Aline _ Oh, meu amor... Que bonito. Vai se casar virgem. Espero que ele saiba valorizar isso.
Alana se aborreceu e saiu do quarto reclamando. Achou que a mãe também iria mexer com Aline, mas ela fez foi lhe dar apoio.
_ Não ligue pra ela. Acho que você faz bem em esperar o homem certo. Não tem que ficar apressada só pra ser igual aos outros - sorriu — Cada um tem seu tempo e deve seguir sua cabeça e não a da maioria.
_ Mãe, eu tenho vinte e cinco anos - suspirou.
_ E daí? Cada um sabe seu momento. Não há data para isso - abanou a mão.
_ Valeu mãe – sorriu — Pelo menos não sou tão esquisita assim.
_ Você nunca foi esquisita. Tudo pronto?
_ Sim. Daqui a pouco o motorista dele vem me buscar.
_ Gostaria de vê-la se casar na igreja – arrumou o cabelo dela com os dedos _ Me contento com esse casamento rápido no cartório. Só espero que a felicidade dure muito.
_ Falei com o pai, mas não disse nada sobre o casamento.
_ Eu entendo – suspirou _ Ainda não me sinto bem em encontrar com ele de novo. É até bom - disse com voz baixa — Eu não sei quando vou poder voltar a ver seu pai como alguém em quem posso confiar.
— Eu sei, mãe - a abraçou — Infelizmente eu também me sinto assim.
_ Gente, o motorista está aí embaixo - Alana gritou.
_ E você não vai mesmo ao casamento de sua irmã? – achou ruim.
_ Ah, mãe. Não tenho saco pra isso e já marquei com o Walter - balançou a cabeça fazendo careta — Depois terei tempo para vê-la quando viajar.
_ Tudo bem mãe – de modo algum Alana poderia aparecer — Eu sei que a Alana já tinha planos - sorriu de lado.
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As formalidades no cartório a incomodaram um pouco, mas o modo como Igor apertava sua mão era pior.
Ficou preocupada com o modo como ele a olhou quando chegaram ao cartório. Sua mãe e o motorista serviram como testemunha do casamento que durou pouco mais de trinta minutos. Quando saíram Igor foi muito gentil com sua mãe, apesar dela estar nervosa pela situação repentina.
E Aline estava mais nervosa ainda. Estar se casando era algo que não estava em seus planos e menos ainda em cima de uma mentira que poderia estragar sua vida para sempre.
Porém, diante de tudo o que Alana havia feito, ela não tinha outra alternativa a não ser continuar com isso, mesmo sendo contra muita coisa. E o pior ainda estava por vir, quando tivesse que ser uma esposa de mentira.
_ Oh, meu Deus – sorriu _ Que coisa bonita – Anabel cheirou as flores que Igor lhe deu _ Minha filha se casa e eu ganho flores. Obrigada!
_ Apenas um gesto de agradecimento por entender nossa situação - ele disse inclinando a cabeça — Sei que toda mãe espera um grande casamento para sua filha, mas prometo que Aline terá uma comemoração assim em breve.
_ Bem, isso é verdade - ela respondeu olhando para Aline — Mas eu entendo que hoje em dia as coisas são mais rápidas do que no meu tempo. Espero que a viagem seja ótima – beijou-a _ Quando chegar me avise.
_ Pode deixar, mãe – estava com os olhos marejados.
_ Não se preocupe Anabel. Sua filha manterá contato sempre – ele disse — Eu gosto muito desse contato mais íntimo entre vocês. É um bom exemplo - ele passou o braço pela cintura dela.
Eles ainda falaram um pouco, mas depois Igor informou que já não poderiam se demorar porque teriam que seguir viagem. Ele se despediu de Anabel com um abraço gentil e ela lhe devolveu um beijo no rosto.
Aline engoliu em seco ao ver que agora tudo já estava mudando e não poderia recuar. Respirou fundo quando se despediu da mãe para não chorar. Suas mãos tremiam de nervoso.
Danilo acompanhou-a até o carro e Aline ficou com Igor esperando sua volta. Agora estavam casados e a sensação não era boa como deveria ser.
_ Entre – ele abriu a porta do carro.
_ Qual o problema? – sentou grudada do outro lado. Ele agora parecia mais sério do que durante o casamento.
_ Você não sabe? - questionou com uma cara fechada.
_ Estou perguntando, não estou? – estava com a feição fechada do nada e ela não gostou.
Ele se calou quando o motorista retornou. O carro se movimentou e ela virou o rosto para fora, segurando uma vontade grande de abrir a porta e sair correndo até a mãe. Agora não tinha mais volta.
Pensou na irmã e no que estaria fazendo agora enquanto ela seguia para o aeroporto com seu marido. Seria a primeira vez que voaria em um jato particular. Já que ele não queria falar, ela se concentrou em apreciar as vantagens, como Alana tinha lhe dito.
Todos foram muito atenciosos com ela. Igor falou com os pilotos e logo veio sentar perto dela, mas continuava calado. Após alguns minutos ela aceitou a refeição que a atendente do voo ofereceu e se distraiu comendo enquanto via um filme.
De certa forma era até bom que ele não falasse com ela, o que lhe dava tempo para pensar como agir. De agora em diante ela estaria sozinha com ele, em seu mundo e teria que ter cuidado. Não sabia exatamente como era esse homem.