CAPÍTULO DOIS
SEGUNDA FEIRA, dia da semana mais temido pra alguns, pra mim, o dia mais produtivo, dia de entregas, dia de começar de novo. Estou com a bateria recarregada, dormi ontem à tarde toda, estou ótima e bem descansada, fazia tempo que não sabia o que era descansar nos finais de semana, mas agora, que a Jane está me ajudando, deixo pra fazer tudo aqui no horário comercial.
Cheguei no escritório junto com as meninas, porque moramos no mesmo prédio, mas em apartamentos diferentes, cada uma de nós, quando voltamos da faculdade ganhamos do papai um apartamento, muito chique por sinal, mas um de frente para o outro. Eu amo morar a uma porta de distância das minha irmãs. Mas mesmo morando no mesmo prédio, não viemos juntas, porque usamos muito o nosso carro, temos que estar sempre atendendo um ou outro cliente na rua, assim já viemos preparadas.
Já entramos e fomos cumprimentando todos, as minhas irmãs, diferente de mim, nunca quiseram começar fazendo estágio, ou de baixo, elas já queriam estar onde estão, claro, que falei pra elas, o mesmo que me disseram, e elas mais que depressa vieram aqui pro andar de cima. Papai ficou nas nuvens, agora as três meninas dele, estão trabalhando ao lado dele.
E como dizem por aí, sim, somos mais do papai do que da mamãe... Amamos os dois igualmente, mas somos mais puxa saco do nosso pai. Ou não sei, talvez ele seja mais legal, brincalhão e muito amigo. Por isso somos tão dele. Já a mamãe, pode ser mansa e meiga, mas é muito teimosa, e ela tem a terrível mania de não poder ver a gente parada, e isso irrita pra caramba. Mas amamos a nossa rainha.
- Bom dia papai... – digo ao bater na sala dele com um toque e ele deixar eu entrar.
- Bom dia princesa, como passou o final de semana? – ele pergunta porque nesse find ele a mamãe foram viajar para casa do vovó e a vovó, eles moram lá em Ohio, e não nos vimos desde sexta.
- Bem paizinho, ei... preciso daquele corte o senhor conseguiu terminar? – corte é uma representação gráfica do trecho de uma obra.
- Sim filhota, eu fiz, mas corrige lá pro papai, sabe que estou ficando meio caduco.
E as vistas não estão mais ajudando... - ele diz rindo.
- Que isso pai, o senhor só tem quarenta e sete, é jovem ainda...
- Que nada princesa, jovem é a senhorita, escuta filha, as suas irmãs estão aonde?
- Na sala da mamãe.
- Ata, depois pede pra elas entrar aqui.
- Ok... Pai, as plantas do restaurante daquele chefe chique, sabe pra quando é o prazo?
- Não sei filha, mas o quanto mais rápido melhor. Não podemos dar chance pra concorrência.
- Entendi pai. Vou começar agora, tenha um bom dia...
- Você também princesa.
- Obrigada...
Passei na sala da mamãe, e avisei as meninas, que o papai queria vê-las, beijei a mamãe e fui para o meu escritório, hoje o dia seria mais um daqueles. E ainda tenho uma visita ao canteiro de obras à tarde. Acho que temos umas trinta ou mais construções em andamento que precisamos monitorar, fora as que ainda estamos começando, e ao que tudo indica, vem mais trabalho. E acredito que vamos ter que contratar engenheiros, pois não estamos dando conta.
Fiquei na minha sala sem interrupções até agora... E adiantei o projeto do restaurante, Esse era um dos que tínhamos mais urgência por enquanto.
- Mana?
- Oi Jane, entra...
- Não, só queria saber se quer almoçar comigo e a Marie?
- Onde? Nossa, já está na hora? – espantei ao notar que não havia olhado o relógio a manhã toda.
- Aqui do lado, no Félix. Hoje tenho uma reunião com cliente às treze horas, por isso não posso me afastar muito.
- Ah não mana, podem ir... Não sou muito fã da comida dali.
- Deixa ele saber disso... – ela diz rindo.
- Só vai saber se você falar! – pisco pra ela...
- Tá bem, mas quer algo?
- Hum, quero terminar isso aqui comendo um salmão com fritas e salada porque estou de dieta... – dei uma gargalhada e ela também, afinal nunca fazemos dieta, só cuidamos da alimentação, mas a nossa genética é tão boa, que nem se eu quisesse, conseguiria ficar gorda ou acima do peso, eu como igual um leão, e não incha nem o estômago.
- Vou pedir pra você e mandar entregar... – ela pega o celular e começa a procurar pelo aplicativo de comida.
- Sabe que te amo né? – digo rindo, mas feliz por ter ela na minha vida. Se ela não tivesse vindo aqui, talvez eu até esqueceria de comer, mas elas estão sempre cuidando de mim.
- Sei, e por isso que te mimo... Do Alberto’s né?
- Sim, obrigada, bom almoço!
- Pra você também.
Ela fecha a porta e continuo o meu trabalho.
Amo fazer o que faço, projetar, desenhar, calcular e começar uma construção me deixa muito feliz...
Meia hora se passou e a nossa secretária interfona avisando que meu almoço chegou. Ela traz pra mim, e começo a comer enquanto ainda está quente.
Depois de satisfeita, escovo meus dentes, estico as pernas um pouco, faço minhas necessidades e começo novamente...
Fiquei a tarde toda envolvida com o projeto do restaurante. E só me atentei ao relógio, quando a secretária me ligou avisando que era quinze e trinta... Então fui retocar a minha maquiagem e precisava me arrumar pra ir ao canteiro de obras do Edifício Hope, um prédio mega luxuoso, que será uma clínica de reabilitação das drogas. Ali só vai entrar gente que tem muito dinheiro. E estamos projetando o melhor. Onde terá até golfe para os pacientes. E um Haras imenso, tudo será pensado pra ajudar o paciente a ter uma rotina saudável com várias atividades ao ar livre.
Dois toques na minha porta e autorizo a entrada, enquanto ainda estou me arrumando. Achando que poderia ser a Marie, porque ela vai comigo lá no terreno que está sendo construído a clinica.
- Oi, Gwen? – escuto uma voz bonita, grossa e masculina... Ué? Saí do meu banheiro e avistei o homem mais lindo que já vi na minha vida...