CAPÍTULO 5
Assim que entramos pela porta, minha mãe nos recebeu com um sorriso, mas a expressão dela logo mudou ao perceber que havíamos voltado mais cedo do que o esperado.
— Já estão de volta?
Ela perguntou, surpresa, os olhos passando de Daniel para mim com uma leve curiosidade.
— O passeio foi tão rápido assim?
Meu pai também apareceu na sala, e havia uma leve preocupação em seu olhar.
— Aconteceu alguma coisa, Daniel?
Ele questionou, claramente querendo entender por que o passeio terminou tão abruptamente.
Daniel, sempre educado e cortês, apressou-se em responder, tentando dissipar qualquer preocupação.
— Não, senhor, senhora. Ayla mencionou que estava um pouco cansada, então achei melhor voltarmos mais cedo.
Ele sorriu para mim, tentando me tranquilizar.
— Foi um passeio muito agradável, mas acho que o calor do dia acabou nos deixando um pouco exaustos.
Meus pais trocaram um olhar, ainda um pouco desconfiados, mas não pressionaram mais.
— Entendo.
Meu pai disse, finalmente assentindo.
— O importante é que vocês estão bem.
Daniel se voltou para mim, com um sorriso gentil.
— Eu espero que você se sinta melhor, Ayla. Foi um prazer passar esse tempo com você. Nos vemos em breve, sim?
— Sim, obrigada, Daniel.
Respondi, tentando soar o mais natural possível, mas meu coração ainda estava acelerado, a mente ainda presa na imagem de Azrael.
Ele se despediu dos meus pais e saiu, deixando a casa em um silêncio incômodo. Eu sabia que meus pais ainda tinham perguntas, mas antes que pudessem dizer qualquer coisa, me adiantei.
— Acho que vou para o meu quarto, estou realmente cansada.
Disse rapidamente, subindo as escadas antes que pudessem me chamar de volta.
Quando entrei no meu quarto e fechei a porta, senti o peso do dia desabar sobre mim. Mas antes que eu pudesse sequer tentar processar o que havia acontecido, senti uma presença.
Levantei os olhos e meu coração disparou ao ver Azrael ali, parado no centro do quarto, me encarando com uma intensidade que fazia o ar parecer mais pesado.
As asas dele estavam parcialmente abertas, e seus olhos brilhavam com uma possessividade que me deixou sem fôlego. Era como se ele estivesse marcando território, me avisando que eu não podia escapar dele.
— O que você está fazendo aqui?
Consegui perguntar, minha voz saindo mais firme do que eu esperava.
Azrael deu um passo à frente, a distância entre nós diminuindo enquanto seus olhos continuavam a me prender.
— Eu vim para te lembrar, Ayla.
Ele começou, a voz baixa e carregada de um tom perigoso...
— Que você é minha. Não quero te ver com ninguém. Nunca.
Senti um arrepio percorrer minha espinha, mas me forcei a não recuar, a não deixar que ele visse o medo que tentava tomar conta de mim.
— Você não é meu dono, Azrael.
Disse, erguendo o queixo em desafio.
— Eu não sou propriedade de ninguém, muito menos sua.
Ele parou, os olhos estreitando-se enquanto me observava, uma chama de fúria e algo mais perigoso brilhando neles.
— Ah, Ayla, você ainda não entendeu?
A voz dele era um sussurro venenoso, e ele deu mais um passo em minha direção, seu rosto agora a poucos centímetros do meu. — Eu posso não ser seu dono, mas tenho poder sobre você que nenhum outro homem jamais terá. Você pode lutar contra isso, contra mim, mas no fundo, você sabe que é inútil.
A proximidade dele, o calor que emanava de seu corpo, me deixava atordoada, e eu lutei para manter a clareza de pensamento.
— Eu não vou ceder a você, Azrael.
Minha voz saiu trêmula, mas determinada. — Você não vai conseguir me controlar.
Ele sorriu, um sorriso que não trouxe conforto, mas sim um aviso.
— Veremos, Ayla. Veremos até onde sua resistência vai. Mas eu te aviso: Nenhum homem poderá chegar perto de você sem que eu saiba, sem que eu sinta. E nenhum deles poderá te satisfazer como eu posso.
Eu me senti dividida entre o medo e a indignação, mas também sabia que havia uma parte de mim, aquela parte que ele havia despertado na noite anterior, que ainda reagia ao que ele dizia.
Antes que eu pudesse responder, ele se afastou, com seus olhos ainda fixos nos meus.
— Eu vou garantir que ninguém toque em você além de mim.
Com essas palavras, ele desapareceu, me deixando sozinha no quarto, o único som existente naquele momento, eram os das batidas do meu coração que estavam descontroladas.
Logo após a saída abrupta de Azrael, meu quarto ficou envolto em um silêncio pesado. Meu coração ainda batia forte, e eu tentava desesperadamente recompor meus pensamentos. Foi então que ouvi uma leve batida na porta, seguido pela voz preocupada da minha mãe.
— Ayla, posso entrar?
Antes que eu pudesse responder, a porta se abriu lentamente e meus pais entraram, seus rostos carregando expressões de preocupação.
Eles olharam ao redor do quarto, como se estivessem procurando por algo ou alguém.
— Com quem você estava falando, filha? Minha mãe perguntou, a voz suave, mas com uma pontada de desconfiança.
Eu sabia que precisava pensar rápido. Não podia contar a verdade sobre Azrael, nem mesmo insinuar o que estava realmente acontecendo. Respirei fundo, tentando manter a calma.
— Eu estava rezando, mãe.
Respondi, minha voz baixa, mas firme. Desde que voltei do passeio, estou me sentindo estranha, um pouco assustada, e decidi rezar para tentar me acalmar.
Meus pais se entre olharam, ainda um pouco desconfiados, mas a explicação pareceu fazer sentido para eles. Minha mãe se aproximou, tocando meu ombro com carinho.
— Eu entendo, querida. Às vezes, quando estamos confusos ou com medo, a oração é a melhor maneira de buscar conforto.
Ela sorriu suavemente, embora ainda houvesse uma leve preocupação em seus olhos.
Meu pai assentiu, parecendo mais convencido com a justificativa.
— Você sabe que pode contar conosco para o que precisar, não é, Ayla? Se algo estiver te incomodando, estamos aqui para te ajudar.
Assenti, tentando não deixar transparecer a tempestade de emoções que ainda fervilhava dentro de mim.
— Eu sei, pai. Obrigada. Eu só... preciso de um pouco de tempo sozinha agora, para colocar meus pensamentos em ordem.
Eles pareceram entender e, após mais algumas palavras de conforto, minha mãe deu um beijo em minha testa, e ambos se dirigiram à porta.
— Vamos deixar você descansar, então. Disse minha mãe antes de sair, fechando a porta suavemente atrás de si.
Assim que fiquei sozinha novamente, soltei o ar que nem percebi que estava prendendo.
— Isso está cada vez mais difícil.
Admiti pra mim mesma.